Balanço Financeiro da CBB: Dívida chega a incríveis R$ 17 milhões em 2015
Nos últimos anos você tem acompanhado neste espaço (e praticamente só neste espaço em toda basquetosfera Brasil afora) a quantas anda a situação financeira da Confederação Brasileira. É um trabalhão danado que dá a mim e ao professor Jorge Eduardo Scarpin, craque que analisa a fundo os Balanços Financeiros, mas creio ser necessário para avaliar com mais qualidade (e menos achismo) como está sendo feito o trabalho da Confederação.
Comecei em 2010 (na antiga casa) e todos os anos repito aqui no UOL o mesmísismo expediente de fuçar os números, compreendê-los e trazê-los para vocês (no site da CBB está disponível o de 2015 aliás). Vamos lá então:
1) Antes de entrar nos números em si, vale dizer que o Balanço Financeiro de 2015 foi aprovado quase que por aclamação em abril deste ano. Apenas três Federações não aprovaram as contas de Carlos Nunes (Maranhão, Goiânia e Pará). A Associação de Jogadores, que também tem direito a voto, esteve presente, representada pelo Guilherme Giovannoni (Presidente que se posiciona muito pouco – ou quando se posiciona se posiciona mal…) e também aprovou as contas (tal qual fez nos últimos anos aliás). Guilherme Giovannoni, atualmente treinando com a seleção olímpica do Brasil, é visto como o arauto da ética por boa parte da imprensa (ou amigos), como um senhor de alto nível intelectual, mas que demonstra pouco (ou nenhum) senso crítico e/ou pensamento coletivo para elevar o nível da discussão de alto seríssimo. Nem tudo que reluz é ouro e quase sempre as "análises" aqui no país se curvam para o que lhe é mais amistoso (no sentido de amizade, de conivência ou de interesse), sabemos bem.
2) O resultado do exercício (2015) melhorou um pouco, mas longe de ser motivo para comemoração. Houve manutenção das receitas (potencializadas por mais um aporte de mais de R$ 10mi do Ministério do Esporte na época dirigido por George Hilton para as seleções masculina e feminina se prepararem para a Olimpíada), fazendo com que a CBB recebesse em 2015 R$ 24,2 milhões. Para quem reclama de dinheiro quase sempre, como o presidente Carlos Nunes, não é pouca coisa. Apesar da redução das despesas para R$ 24,1 milhões (ótimo indicativo), a dívida cresceu de novo (mais R$ 4,2 mi, ou 32%), chegando a surreais R$ 17,2 milhões ao final de 2015. As contas da entidade fecharam assim:
3) A pergunta básica é: se a entidade manteve as receitas, reduziu as despesas, como a dívida cresceu mais de R$ 4 milhões? A resposta é bem simples: por conta dos juros que a entidade paga devido aos seus quase infinitos empréstimos bancários contraídos ao longo dos últimos anos. Não deixa de ser irônico que a entidade máxima do basquete brasileiro tenha, entre seus patrocinadores, um… banco (o Bradesco). Em 2009, a despesa com juros somou R$ 29.286. Em 2010, R$ 833.234. Em 2011, R$ 1.272.059. Em 2012 recuou para R$ 717.950. Em 2013 aumentou para R$ 2.524.094. Em 2014 recuou para R$ 829.524. E em 2015 subiu de novo para R$ 1.915.453, o segundo maior da série histórica.
4) Não é só isso. A dívida cresceu também por adiantamento de cotas de televisão e de patrocínio. Passou de R$ 1,1 milhão em 2014 para R$ 5,2 milhões em 2015. Isso significa que nos próximos anos pode haver menor entrada de recursos por conta disto. Infelizmente a nota explicativa sobre o assunto nada explica, ao dizer, laconicamente, "referem-se ao adiantamento de cotas televisivas e de patrocínio da temporada 2016".
5) Carlos Nunes chegou à CBB em 2009. Com dinheiro em caixa. Fechou o seu primeiro ano com dívida de R$ 800 mil. Não seria ruim se fosse por causa de um (necessário) investimento em basquete. Não foi. Foi falta de competência administrativa mesmo. Entre 2009 e 2015, a dívida saltou de R$ 800 mil para R$ 17,2 milhões (ou seja, crescimento de 2.050%). Nem no pior cenário financeiro do mundo seria possível imaginar que alguém conseguisse chegar a isso, né?
Assustador, não? Amanhã eu volto com a minha análise e as palavras do Professor Jorge Eduardo Scarpin também.
Para acessar análises mais antigas, links abaixo:
a) Análise do Balanço Financeiro de 2010 (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui)
b) Análise do Balanço Financeiro de 2011 (aqui , aqui e aqui)
c) Análise do Balanço Financeiro de 2012 (aqui, aqui , aqui e aqui)
d) Análise do Balanço Financeiro de 2013 (aqui , aqui , aqui , aqui , aqui , aqui e aqui )
e) Análise do Balanço Financeiro de 2014 ( aqui , aqui , aqui , aqui e aqui )
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