Sem verba, CBB não leva Sub-15 ao Sul-Americano; presidente Nunes se explica
Fábio Balassiano
21/10/2016 00h01
Vocês sabem o que isso significa? Que a seleção brasileira não só não jogará o Sul-Americano Sub-15, mas consequentemente a Copa América Sub-16 do próximo ano e tampouco o Mundial Sub-17 de 2018. É uma geração que para os padrões internacionais já nasce "morta", com o perdão da expressão. Hoje um garoto de 15 anos não sabe quando poderá fazer o seu primeiro jogo internacional pela seleção brasileira. Que maravilha, não? Aqui do lado a Argentina treinou CINCO vezes antes de chegar para a competição deste ano no Paraguai. Mais de 35 garotos foram vistos, testados e analisados.
Acham que acabou? Não, não. No final da noite de ontem consegui uma entrevista com o presidente da CBB. Carlos Nunes está em Porto Rico em reunião da FIBA Américas e me atendeu por cerca de 15 minutos. O papo, completo, está abaixo. É uma mistura de surrealismo com choque total.
CARLOS NUNES: Sim, não temos condição financeira para arcar com os custos deste time. Tentamos de tudo, mas não conseguimos.
BNC: Por que a CBB não comunica em seu site a ausência no Sul-Americano Sub-15? Não falta transparência?
NUNES: Mas é que ficamos sabendo apenas na semana passada que não iríamos.
NUNES: Mas depois tentamos outra coisa e não conseguimos de novo atender o prazo de inscrição. Infelizmente.
BNC: Sim, mas já sabem que não jogarão a competição há mais de uma semana. Não dava pra divulgar? E outra coisa: vocês perderam duas vezes o prazo em menos de 45 dias? É isso mesmo?
NUNES: Sim, infelizmente não conseguimos. Tentamos, mas não conseguimos realmente.
NUNES: Por que diz isso?
BNC: Porque estando fora do Sul-Americano Sub-15 não se joga a Copa América Sub-16 em 2017 e consequentemente o Mundial Sub-17 em 2018. Uma geração que ficará sem torneios internacionais.
NUNES: Ah, mas vamos tentar reverter isso depois, guri.
NUNES: Podemos tentar algo depois, vamos ver. Vamos ver.
BNC: Carlinhos, deixe-me perguntar uma coisa importante: o Brasil já está fora do Sul-Americano Masculino, e entre 16 e 20 de novembro há o feminino no Equador. O Brasil jogará a competição ou vai se ausentar também?
NUNES: Deve ir, deve jogar sim.
NUNES: Vai, vai jogar.
BNC: Isso é 100% de certeza? O prazo de inscrição se encerra na segunda-feira…
NUNES: Só te dou 100% de certeza quando enviarmos a confirmação à FIBA Américas. E faremos isso na segunda-feira.
BNC: Mas, Nunes, já estamos na quinta-feira. Faltam portanto 4 dias para o prazo final. A CBB ainda não sabe se irá jogar o torneio?
NUNES: Devemos jogar, devemos jogar.
NUNES: Não, não. Vamos treinar.
BNC: A partir de quando? Falta um mês pro torneio…
NUNES: A partir de semana que vem.
NUNES: Ainda não sei. Isso é com o departamento técnico.
BNC: E quem será o treinador dessa equipe?
NUNES: Ainda não sei.
BNC: Que situação, presidente. Sinceramente, vou lhe fazer uma pergunta com todo respeito que o senhor merece. Não me leve a mal. Vamos lá: você não tem vergonha da situação em que a sua gestão está deixando o basquete? Consegue dormir tranquilo todas as noites?
NUNES: Eu fico tranquilo porque sei que o problema não foi comigo. Fiz o que pude. Enfrentei condições adversas. Fugiu ao meu controle, fugiu da vontade nossa. Se eu tivesse feito alguma coisa errada, ok, aí não ficaria tranquilo. Mas não fiz, entende? Aliás, não sei pra quem eu tenho que dar satisfação…
NUNES: Sim, é por isso que estou lhe atendendo e conversando. Mesmo sabendo que você só malha a CBB.
NUNES: A situação está controlada para o resto.
NUNES: Teremos Campeonatos Brasileiros de Base em 2017.
BNC: Peraí, Carlos Nunes. Vamos por partes. Não teremos nenhum Brasileiro de Base em 2016, correto?
NUNES: Ainda estamos tentando reverter, mas acho difícil.
BNC: Sejamos realistas, Carlinhos. Faltam 60 dias para acabar o ano e não saiu nenhum Torneio ainda. Não vamos ter, né?
NUNES: Acho que não.
NUNES: É a minha expectativa. Deixar tudo organizado para isso. Estamos trabalhando muito neste sentido.
BNC: E quando chega o espanhol José Luiz Saez para a intervenção que o senhor chama de força-tarefa na CBB?
NUNES: Chega na última semana de outubro, pelo que me falaram. Mas ainda não recebi a confirmação 100%, não.
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