'Dívida da CBB chega a mais de R$ 40 milhões', afirma Guy Peixoto, presidente da entidade
Eleito presidente da Confederação Brasileira de Basketball há pouco mais de um ano (venceu o pleito em 10 de março de 2017), Guy Peixoto abriu o jogo sobre o atual estágio da CBB. E foi bem sincero ao analisar a dívida da entidade, que até o final da gestão Carlos Nunes era uma verdadeira caixa-preta:
"Assumimos com uma situação extremamente complicada: caixa zero, salários atrasados por 3 meses, impostos atrasados por 18 meses, sem certidões fiscais, condomínio da sede atrasado por 2 anos, sem condições legais de receber repasses do Comitê Olímpico do Brasil, com diversas prestações de contas atrasadas com o Ministério do Esporte, sem crédito nos bancos e com inúmeros processos cíveis e alguns trabalhistas, além da suspensão da Federação Internacional. Nossas ações imediatas foram voltadas para regularizar a situação da CBB com a FIBA para ter como gerenciar. Reduzimos despesas, com quadro de pessoal em 50%, folha de pagamento em mais de 60%. Devolvemos salas adicionais alugadas, o apartamento alugado para o Sr. Carlos Nunes e recolhemos os celulares corporativos. Pagamos, com recursos próprios, salários atrasados, obtivemos a CND – Certidão Negativa de Débito, solucionamos as pendências legais e financeiras com o COB e demos início à negociação com a FIBA para a retirada da suspensão. Não temos ainda o valor final (da dívida) que está sendo levantado pela auditoria contratada, mas chega, com certeza, a mais de R$ 40 milhões", afirmou Guy em entrevista ao Estadão.
É chocante, sem dúvida alguma, mas pra quem acompanha este espaço não dá pra dizer que é surpreendente. Desde o começo da gestão Nunes o blog, talvez o único espaço a fazer isso anualmente, se dedica a analisar as contas da CBB (mais aqui), e no último ano o professor Jorge Eduardo Scarpin já alertava para um aparente problema que Guy Peixoto e seu time poderiam enfrentar: "O ano de 2016 (o último da gestão Carlos Nunes) foi atípico para a CBB. Houve uma queda em todos os números, tanto para o lado bom (dívidas) quanto para o lado ruim (dinheiro, bens, captação de projetos etc.). Isso gerou uma sensação de que houve, em 2016, uma paralisia financeira na entidade, o que pode trazer problemas para a nova gestão no ano de 2017. No ano de 2016, a auditoria voltou a fazer uma ênfase quanto a situação econômica da entidade. A falta de caixa foi produzida, basicamente, pela antecipação de receitas de cotas de televisão e patrocínio no valor de R$ 5,2 milhões em 2015".
Dito e feito. Por mais que, aparentemente, a dívida tenha caído de R$ 17 (em 2015) para R$ 11 milhões (em 2016) na letra fria do Balanço Financeiro, o estrago de Carlos Nunes (presidente de 2009 a 2017) já estava feito e plantado para o futuro conforme demonstram agora as análises que a auditoria contratada pela nova CBB está fazendo nas contas da entidade. E isso é assustador.
Mais assustador, mais assustador mesmo, é que nem Ministério Público, Ministério do Esporte ou Comitê Olímpico tenham, lá atrás, investigado isso a fundo para tomar providências sobre, claramente, o que estava acontecendo na CBB (se eu, na minha humilde posse apenas dos balanços financeiros via o rombo se transformando em uma cratera cada vez maior, imagina o poder público pedindo todas as documentações…).
A gente sabia que o buraco na CBB era grande, mas sinceramente acho que ninguém imaginava que era tão gigantesco quanto este. Dá pra ter noção, agora, do trabalho que Guy Peixoto e seu time estão tendo, e ainda terão, para reconstruir a entidade máxima do basquete brasileiro. Algumas mudanças já começaram a ser vistas, como uma Assembleia maior e mais recheada de atletas, clubes e técnicos (excelente!), e também um ginásio lotado em Goiânia para jogos da seleção, mas com o poço cavado por Nunes está muito claro que o caminho para a reconstrução é gigantesco.
Dá pra terminar esse texto dando os parabéns para Carlos Nunes, que em oito anos de mandato como presidente eleito e reeleito da Confederação Brasileira conseguiu pegar uma CBB sem dívida alguma para entregá-la ao seu sucessor com um rombo surreal de mais de R$ 40 milhões. É preciso de uma competência gigantesca para isso.
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