A consolidação de Lucas Dias, cada vez mais pronto para o jogo adulto
Em abril de 2012 Lucas Dias entrou no radar do planeta basquete ao, de forma surpreendente, conquistar o troféu de MVP do Jordan Classic, evento que reúne a nata dos jovens de todo planeta (teve 18 pontos, 8/12 nos chutes, 12 rebotes e quatro tocos). Foi aos Estados Unidos, treinou pouco contra os melhores da sua idade, não titubeou e voltou com o troféu pra casa (a foto é com o tênis da época). Então com 16 anos, o ala do Pinheiros, entrevistado por mim meses depois (outra vez aqui em 2013), chamava a atenção pela boa técnica e sobretudo pelo potencial físico de alguém que tem 2,07m e que joga com tranquilidade nas posições três e quatro (ala-pivô). Era um começo animador.
Só que os passos seguintes geraram mais dúvidas do que certeza sobre a sua carreira. Cobrado por boa parte da imprensa para ter mais espaço no time adulto do Pinheiros, Lucas Dias brilhava nos jogos da Liga de Desenvolvimento, mas amargava boa parte das temporadas 2012/2013, 2013/2014 e 2014/2015 no banco de reservas mesmo (seus minutos variaram de 11 a 14 minutos). Suas passagens pelas seleções brasileiras de base tampouco foram animadoras. Foram, então, colocados vários pontos de interrogação sobre o que aconteceria com ele, não resta a menor dúvida. Quando Bruno Caboclo, seu companheiro de time, foi escolhido no Draft de 2014, aliás, muita gente chegou a dizer que Lucas não mais brilharia no time adulto.
O tempo passou rápido, o ala não desanimou e (o ainda tímido) Lucas está melhor do que nunca (que ótimo!). Ele fez 24 pontos, apanhou 10 rebotes, foi eleito ontem o MVP da LDB e guiou o seu Pinheiros ao inédito título da competição. Isso é bacana, mas não o mais legal dessa história.
Aos 20 anos e tendo passado por muita coisa desde que brilhou no Jordan Classic ele parece cada vez mais pronto para o jogo adulto e principalmente para ser protagonista das partidas pinheirenses no NBB. Terceiro que mais atua na equipe de César Guidetti, técnico que acompanha seu desenvolvimento há anos, registra 14 pontos, 6,3 rebotes, 2,2 assistências, 33% nas bolas longas e 54% nos tiros de dois pontos. Números expressivos e que o colocam entre os 15 mais eficientes da temporada 2015/2016.
Seu talento, obviamente, é descomunal e merece ser acompanhado pelos profissionais da seleção brasileira de perto (chamá-lo para treinar com a equipe adulta me parece o mínimo aliás). Seu potencial físico é incrível e ainda em crescimento (ele está mais forte para esta temporada). Vê-lo jogar bem tem sido uma alegria este ano.
Apesar disso tudo, seu jogo carece de melhorias fundamentais para que os próximos passos sejam dados como ele merece. Pode parecer duro, mas ler apenas elogios não é algo que eu faça e muito menos algo que Lucas gostaria de ler (sei bem que ele se cobra muito). Como exemplos de pontos a desenvolver eu cito seu controle de bola ainda é muito "longo" (a bola fica muito distante do corpo, facilitando que o adversário consiga a roubada), seu arremesso de três pontos, que pode ser ainda melhor, sua leitura de jogo para tomada de decisão no ataque (ele NÃO pode basear seu jogo apenas nas bolas longas) e uma maior agressividade para defender seus rivais. O saldo, que isso fique claro, é bem positivo para alguém de 20 anos e que só agora joga a primeira temporada no adulto de forma efetiva chamando a responsabilidade cada vez mais.
Foi ótimo ver o Pinheiros, clube tão importante na formação dos novos valores do basquete brasileiro, vencer a LDB como forma de coroar o trabalho feito pelo clube (disse isso no texto anterior). Tão bom quanto foi notar que aquele garoto que ganhou o MVP do Jordan Classic lá atrás, três anos atrás, não desistiu, não baixou a guarda, não se abateu com todos os problemas que surgiram.
Seu caminho é longo para que ele alcance tudo aquilo que deseja, mas aparentemente a espiral de situações negativas deu lugar a um animador ciclo virtuoso de grandes atuações, tempo de quadra, evolução constante e liderança. Continue voando, Lucas Dias!
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