O dia em que este blogueiro teve seu credenciamento negado pela Confederação Brasileira
No começo da temporada passada do NBB mandei um email para a diretoria de Comunicação da Liga Nacional falando do inovador projeto dos Correspondentes Bala na Cesta, em que jovens amantes do basquete acompanhariam os times de suas cidades fazendo reportagens pro blog. Troquei idéias, e de imediato a LNB aceitou a empreitada, falando apenas que eu seria o responsável por tudo o que acontecesse com os rapazes. Beleza, projeto aceito e bem executado até o final (veja mais aqui).
Seis meses se passaram, e na semana passada recebi um email do Jackson Alves, correspondente de Brasília (da melhor qualidade), falando de seu interesse em cobrir o Super 4 da seleção masculina em Anápolis que acontece este fim de semana (sem que este blog sequer toque no assunto – vocês entenderão mais adiante). Disse que era uma sandice, pois era distante de sua casa (Brasília) e em outra cidade, mas ele estava disposto não só a cobrir o evento, mas também em levar um fotógrafo para ter uma reportagem mais completa.
Acabei aceitando, e enviamos email de Credenciamento para a Confederação Brasileira há dez dias. Fiquei surpreso com o fato de não receber a confirmação rapidamente, pois normalmente essas coisas não demoram. Liguei na quarta-feira para o assessor da entidade máxima, o Sr Luiz Carlos Pinto, a quem tinha algum respeito (era um dos poucos da CBB que ainda respeitava), e a resposta dele antes de desligar o telefone na minha cara foi: "Não sei se liberaremos credencial para blogs". E caiu a chamada, com uma falta de educação com a qual sinceramente não estou acostumado.
Na mesma hora liguei para Vagner Vargas, amigo e blogueiro do ótimo Blog 3 Pontos, e ele me disse que sua credencial foi aceita imediatamente. Ontem, recebi um email seco da Confederação: " Seu pedido de credenciamento para o Torneio Super 4 de Anápolis não foi efetivado. Att,, Assessoria de Imprensa da CBB". Perguntei o motivo, mas obviamente não obtive resposta.
Fiquei surpreso, mas estava claro o que estava acontecendo. A Confederação mentiu pra mim (nenhuma novidade para quem liga pra lá semanalmente e, por "coincidência", as ligações sempre caem…) simplesmente por causa do posicionamento independente, crítico e isento deste blog. Fui, Jackson e eu, absurdamente impedido de exercer meu trabalho de informar aos leitores que me acompanham (parece censura, não?) por uma entidade que usa e abusa do dinheiro público – e que terminou 2012 com uma dívida de mais de R$ 8 milhões apenas por causa de incapacidade administrativa. E nem vou citar aqui o processo do Banco Itaú, tá).
No final do dia o Secretário do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser, ainda colocou no Twitter: "Já falei com a CBB . Eles devem corrigir a falha. Não há justificativa para não credenciar". Mas o erro já estava feito e não há nada que possa ser feito para corrigir imperfeições censoras da entidade máxima – e sinceramente encaro a recusa como um grande prêmio pelo trabalho realizado aqui.
Se um jornalista, como é o Sr Luiz Carlos Pinto, age assim com um companheiro seu de profissão eu só posso lamentar (embora não fique nem um pouco surpreso, pois sei bem como são as coisas na entidade máxima) e imaginar como ele se sentiria do outro lado. E a todos que acompanham este espaço, inclusive aos rapazes da Av. Rio Branco, eu só posso avisar o seguinte: jornalismo é a arte de fiscalizar, é ser oposição sempre (como dizia o ídolo Millor Fernandes, "jornalismo é oposição; o resto é armazém de Secos e Molhados"). E fiscalizar a CBB é muito fácil, porque os caras são muito fracos em termos éticos e administrativos.
Se vocês me perguntarem qual o meu sentimento quando escrevo este post eu digo: é muito mais de tristeza do que de revolta – e tristeza por não poder proporcionar a um cara apaixonado por basquete, como é o Jackson, a chance de ele cobrir uma de suas grandes paixões, a seleção brasileira de basquete. É muito mais do que desânimo, pois sei que não vai mudar nada na Confederação, administrada em quase todas as esferas com um modelo de gestão (e de pensamento) retrógrado, torpe, antiquado, pequeno e cujo planejamento é trágico para os próximos anos da modalidade que a gente ainda ama.
Este é mais um exemplo de como é gerenciado o basquete brasileiro. Triste, não?
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