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Bala na Cesta

Candidato da oposição rechaça intervenção da FIBA na CBB: 'Não concordo. É ilegal e golpe'

Fábio Balassiano

22/11/2016 06h10

amarildo2Está longe de ser de concordância absoluta entre todos os personagens do basquete o processo de intervenção pelo qual a Confederação Brasileira de Basketball (CBB) poderá vir a sofrer da Federação Internacional nos próximos dias (como antecipou o Lance!).

A ideia da FIBA é, em comum acordo com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), intervir no esporte do país, mas há uma voz contra isso. Amarildo Rosa, Presidente da Federação do Paraná e candidato da oposição para o pleito que será (seria?) realizado em abril de 2017:

amarildo3"Foi positiva essa chamada que levou a CBB. Isso é um fato e mostra que está tudo errado com a gestão Carlos Nunes. A FIBA desmascarou aquilo que ele (Nunes) sempre dizia estar correto perante às Federações, que eram os pagamentos ao órgão máximo do basquete. Nós, como presidentes de Federação, também ficamos vendidos nessa. A Federação Internacional mostrou a todos quão nociva a administração desta CBB tem sido para o esporte brasileiro. Eles mostraram a caixa-preta da Confederação Brasileira. Por outro lado, sou contra o que está acontecendo. Reitero que entendo a urgência, concordo com tudo o que a FIBA colocou, mas o que eles estão propondo é ilegal e um claro golpe no estatuto de uma entidade que elege seu presidente a cada quatro anos. Carlos Nunes tem problemas de gestão, fez dois mandatos muito ruins, mas é preciso respeitar o processo legal e normal que reza o estatuto. Queremos mudança, queremos novas atitudes, queremos o basquete forte e por isso temos um plano para tirar a modalidade do lugar em que se encontra. Respeitamos a FIBA pela instituição que é, mas peço que eles colaborem conosco nessa virada do esporte no país. Uma intervenção pode representar algo muito ruim para nós", disse ontem à noite Amarildo Rosa ao blog.

mapa1Na verdade, não é só a voz de Amarildo que está sendo ouvida como contrária a intervenção da FIBA. São 16 vozes. Em documento obtido pelo blog na tarde de ontem é possível ver que no dia 17 de novembro, três dias após a suspensão da FIBA à CBB, 15 Federações Estaduais (Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins) e a Associação de Atletas se colocam à disposição da FIBA para tentar mudar o panorama do basquete do país:

amarildo2"Diante da inconformidade em relação ao rumo que a modalidade tem tomado nos últimos anos, iniciamos em 2016 a formação de um grupo de presidentes de Federações e realizamos reuniões em todas as regiões (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul) para discutir e conhecer os desafios, necessidades e expectativas regionais e nacionais com o objetivo de fundamentar o planejamento e a organização das ações que o grupo pretende concretizar a partir de 2017, cujo fruto foi a redação de um Plano de Reestruturação para o Basquete Brasileiro (2017-2021). Por esta razão nos apresentamos à FIBA como um grupo que tem trabalhado para melhorar o futuro da modalidade no país através de planejamento, estreitando relacionamentos na esfera governamental e em busca de possíveis patrocinadores para poder executar este plano na próxima gestão", diz a carta, que logo em seguida completa: "Contamos com o entendimento da FIBA para que este grupo de Federações possa dar continuidade a concretização deste Plano de Reestruturação. Convidamos, portanto, um membro do Comitê Executivo da FIBA para estar presente no dia 29 de novembro na sede da CBB no Rio de Janeiro, em que este grupo estará reunido para oficializar o registro da chapa "Bola na Cesta, Brasil!". Nesta oportunidade nos colocamos a disposição do Comitê Executivo para o que for necessário", diz trecho da carta.

amarildo1Amarildo reconhece falhas no próprio processo de aprovação de contas da CBB (ele mesmo não reprovou as endividadas finanças de Nunes de 2015), na própria reeleição de Carlos Nunes em 2013, mas faz uma ressalva.

"Você conhece meu histórico e sabe que já reprovei contas do presidente Carlos Nunes também. Em 2016 de fato não aprovei porque era ano olímpico e todos estávamos preocupados em não atrapalhar e em não sermos apontados como culpados pelos eventuais resultados ruins que poderiam acontecer. Confiamos na palavra do Carlos Nunes e todos nos demos mal. Este foi o erro. Confiar. Mas aprendemos e queremos mudar. Temos um plano de trabalho, que se chama "Bola na Cesta, Brasil", e estou certo de que com competência administrativa, menos política, mais verdade, retomaremos o caminho do crescimento", finaliza.

Como se vê, há muita coisa para acontecer neste processo pós-suspensão da CBB. Estamos falando ao mesmo tempo em intervenção, eleição de 2017 e entrada e saída de novos personagens deste jogo de xadrez que se transformou a política do basquete brasileiro.

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