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Diretor do IBOPE/Repucom aponta crescimento e deixa 'dever de casa' para o NBB

Fábio Balassiano

28/09/2016 00h40

Dando prosseguimento à seção "Negócios do Basquete", que estreou aqui na semana passada com entrevista de Álvaro Cotta, Gerente de Marketing da Liga Nacional de Basquete (LNB), o blog hoje traz bate-papo exclusivo com José Colagrossi, Diretor Executivo do IBOPE / Repucom.

Colagrossi palestrou no NBB Marketing Summit em São Paulo na última terça-feira, mostrou números importantes sobre o crescimento do NBB, como por exemplo, a base de fãs (38%) e superfãs (15% dos famosos viciados), e deixou um dever de casa para os times em particular e para a Liga Nacional de maneira geral que é conseguir trazer os fãs da NBA para acompanhar o NBB mais de perto. Confira a entrevista que fiz com ele.

BALA NA CESTA: Não consigo resumir a sua palestra porque foram dados e mais dados incríveis, mas algumas coisas chamaram a atenção. Primeiro a questão do renascimento do basquete com a criação do NBB. Queria que você dissesse como o IBOPE / Recpucom explica isso.
JOSÉ COLAGROSSI: O basquete vive um momento de renascimento. Não que a paixão pelo basquete tenha morrido. Não, de jeito nenhum. Mas o basquete organizado passou por um período quase que de inexistência no Brasil. O renascimento é na forma da competição, é na forma da Liga Nacional fazer as coisas, é no interesse da televisão em ter mais e mais jogos disponíveis, é no patrocínio. Como esporte organizado, de 2007, 2008 pra cá, o basquete vem crescendo. Na audiência, nos jogos, no número de times, no número de competições, nos patrocinadores, na entrega do que a Liga consegue entregar aos seus patrocinadores e sobretudo no interesse crescente do público que não era chegado ao basquete. O renascimento também acontece de uma forma muito forte na população mais jovem.

BNC: Exato. Este é o outro ponto interessante. Dentro dos fãs e superfãs de basquete há dois nichos bem claros, não? Uma galera mais velha e a outra que está chegando agora para acompanhar o esporte.
COLAGROSSI: É isso. Há o pessoal de 40 anos ou mais que viveu os anos 80 e cresceu vendo Oscar, Paula, Hortência e tantos outros grandes jogadores. Essas pessoas nunca esqueceram do basquete, mas se distanciaram e retornaram agora. E tem, no outro lado, a turma da geração Y, de 16 a 29 anos, que consome o basquete no Brasil por causa da NBA. Então você tem dois públicos completamente diferentes consumindo o mesmo produto. Em idade, background, renda, em educação, interesse, mas os dois, por razões diferentes, consomem o esporte muito fortemente. Isso é parte do renascimento que eu mencionei.

BNC: Você falou muito também muito sobre a questão de blogueiros e influenciadores. De acordo com o IBOPE / Repucom, 7 dos 10 maiores influenciadores do esporte brasileiro hoje são blogueiros e não ex-jogadores ou jornalistas renomados. E você disse outra coisa que era a questão da rebeldia dos jovens, que cada vez menos aceitam argumentos fáceis, pré-estabelecidos. Juntando essas duas coisas hoje eu questiono: o jovem, hoje, confia menos no, digamos, institucional e mais em quem fala diretamente a língua dele e por isso os influenciadores fazem tanto sucesso?
COLAGROSSI: A principal característica do jovem hoje, dessa geração Y de 16 a 29 anos, é que ele não quer que ninguém dite como deve ser o seu comportamento. E não é no Brasil, não, mas no mundo todo. Por isso eu usei o termo rebeldia. Isso no esporte se manifesta da seguinte maneira: eles querem consumir o esporte que quiserem, da maneira que quiserem, na hora que desejarem, na plataforma que preferirem e como quiserem. A rebeldia vem de seguir o que eles quiserem seguir, não de ser como seus pais foram. É basicamente dizer: 'Eu vou fazer o que estiver disposto a fazer'. Só que hoje é possível isso. Estamos em 2016, Século XXI, é possível. Quando eu tinha 20 anos de idade a única maneira que eu tinha de consumir o esporte era na televisão ou no estádio. Só. Não tinha outra alternativa. Então eu poderia até ser rebelde, mas não tinha opções de fazer diferente. Hoje você pode consumir o esporte de cinco maneiras diferentes, ao vivo ou em video on demand, ou seja, você pode consumir inteiro ou em partes. E principalmente: você pode interagir com seus amigos, com as ligas, com os atletas, e isso cria um mundo onde o fã deixou de ser um mero recipiente passivo de informação para se tornar um fã que está no meio do ecossistema. É um cara que está no meio disso tudo e gera opinião, gera informação, que influencia todo mundo e um cara cuja opinião é relevante. E ele, esse jovem, sabe disso.

BNC: No seu último slide você deixou alguns pontos como desafios para o NBB daqui pra frente. O principal deles é atrair os fãs da NBA que há aos montes no Brasil para as partidas da Liga Nacional, correto?
COLAGROSSI: Quando você olha a performance do NBB e da Liga Nacional é uma história de sucesso. O basquete hoje está entre os três esportes mais consumidos do país, como disse aqui no encontro. Mas tem uma tarefa que eles não conseguiram fazer muito bem até o momento, que é essa que você cita. A base de fãs do esporte basquete ainda é muito maior do que a base de fãs do NBB. Então tem muita gente transitando pelo basquete que não consome NBB. Não torce para nenhum time, não vê jogo, não lê nada. O NBB precisa se aproximar, atrair esse cara para que ele consuma o basquete nacional da mesma maneira que ele consome a NBA. Esse é um desafio. E se tem alguma coisa que a Liga Nacional ainda não fez intensamente em relação a marketing / comunicação, eu posso te citar isso. E este é o grande desafio para os próximos anos.

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