Presidente da Federação do Paraná esclarece saída do Conselho da CBB e rechaça reconciliação
Fábio Balassiano
23/07/2013 13h25
BALA NA CESTA: Do que, efetivamente, o senhor reclama no e-mail que eu publiquei aqui? O que foi pedido e não cumprido pela entidade? Que medidas foram solicitadas pelo Conselho Consultivo e não cumpridas pela CBB?
AMARILDO ROSA: Em se tratando de uma entidade como a CBB, que logicamente deve ter sua administração pautada em princípios administrativos aplicáveis em qualquer Empresa que busque sucesso em seu meio de atuação, sempre clamamos, juntamente com outros membros do Conselho, por ações no meio administrativo, como por exemplo, pelo "enxugamento" da entidade com a extinção de cargos improdutivos e também por substituições nos setores que não apresentaram bons resultados nesses últimos 4 anos. No entanto, o que houve foi justamente o contrário, com manutenção no cargo de pessoas que notoriamente não desenvolveram suas funções adequadamente em mandatos anteriores, além um maior número de contratações e remanejamento de setores daqueles que lá permaneciam. Em uma empresa existem ações simples de serem realizadas, é matemático, e isso não foi feito. Outro tipo de cobrança realizada pelo conselho e não atendida pelo Senhor Carlos Nunes é relativa a informações que deveriam ser repassadas e, no entanto eram omitidas. Muitos dos assuntos relevantes da administração, como por exemplo a dívida com o banco Itaú, ou até mesmo a dívida com o condomínio da Entidade, que chega a R$ 200 mil, somente eram levadas a nosso conhecimento através dos meios de comunicação como jornais e seu próprio blog. Considero isso um desrespeito. Isso sem falar em várias outras ações que eram reivindicadas e que haviam promessas de serem ouvidas pelo Conselho e que simplesmente foram ignoradas.
AR: Fábio, foi uma questão de "Mais um voto de Confiança". É claro que é uma decisão vista por alguns como uma atitude de protesto, mas não é. Se for pesquisado a fundo, todos podem ver que minha atitude foi a mesma no mandato do presidente que antecedeu Carlos Nunes, e o Paraná pagou um preço por isso. Isso pode ser visto por qualquer pessoa se observado quantos atletas Paranaenses foram convocados para as seleções de Base, ou quantos Árbitros do Paraná atuavam em nível Nacional. Fui cobrado pelos clubes filiados pela atitude da época e nem por isso mudei de decisão. Segui meus princípios e isso me deu maturidade. Sei muito bem o que estou fazendo. Se aguardasse calado diriam que sou omisso. Se eu aguardasse e só depois de um tempo me manifestasse diriam que foi uma atitude política. Preferi aguardar alguns meses e acreditar em uma mudança, até mesmo porque não votaria no outro candidato e também não considero uma atitude correta me omitir na eleição. Estou me retirando agora, por acreditar que é o momento correto. Antes da última eleição tivemos uma reunião em Brasília, onde estiveram presentes não só os presidentes do Conselho como também os 21 presidentes que apoiavam Carlos Nunes.
AR: Dificilmente. Porque na verdade quem rompeu comigo foi Carlos Nunes. Tudo começou quando logo após a eleição ele tomou algumas decisões sem o conselho ter sequer conhecimento, sendo que tinha prometido reunir o conselho para ouvir nossa opinião a respeito e não o fez. Enviei e-mail aos presidentes do Conselho com cópia para o presidente Carlos Nunes, cobrando que deveríamos nos reunir e que precisávamos decidir juntos algumas situações, algumas ações da CBB. Foi aí que o presidente Carlos Nunes não gostou, me isolou, não entrando mais em contato comigo, nem por telefone e nem respondendo meus e-mails. Percebi que por não concordar com ele estava sendo, de certa forma, colocado de lado como presidente, amigo e membro do Conselho. Foi aí que não acreditava mais que ele cumprisse as promessas de Campanha e que esse segundo mandato apesar de poucos meses, para mim deu claramente a ideia de que iria continuar da mesma forma e que não iríamos ver as mudanças que tanto esperávamos. Quando finalmente aconteceu a reunião com o conselho neste dia 9 de julho próximo passado, então questionei vários assuntos e principalmente a parte financeira. Como recebemos as mesmas respostas de sempre, resolvi definitivamente sair do conselho por todos os motivos já expostos. E sei que por conta da minha decisão vai haver retaliação, mas tenho a plena certeza que não devo recuar, pois alguém tinha que iniciar este processo e creio que não vai demorar muito tempo pra maioria dos presidentes de Federações igualmente se manifestarem. Afirmo que quase todos os presidente de Federação de Basketaball estão insatisfeitos com a situação das últimas notícias sobre a CBB.
AR: Cheguei então no fim da rua , não tenho como seguir por ela. Ocupo um cargo público na minha cidade e sinceramente não posso colocar o meu nome, minha vida profissional, em risco por estar ligado a um escândalo futuro dessa natureza ou estar ligado a algo que nem mesmo sei ao certo, porque nunca sabemos de fato o que está acontecendo, quais são os gastos ou dívida da CBB.
BNC: Tendo em vista todas as denúncias amplamente veiculadas pelos mais diversos meios de comunicação, por que os Presidentes aprovaram as contas da CBB antes desta eleição? Por que aprovam anualmente mesmo com as dívidas e o custo administrativo aumentando gradativamente há anos?
AR: Aprovamos porque foi apresentado um valor a ser pago pela a Eletrobrás que seria em torno de R$ 5 milhões. Mas não sei se podemos mais acreditar que isso vai ser pago ou até mesmo se isto é real.
BNC: Os balanços financeiros apresentados aos Presidentes não traduzem a real situação? Os Presidentes examinam as contas? Quando examinam, por que não tomam atitudes no ato?
AR: As prestações de contas são apresentadas apenas no dia da Assembleia sem muitas condições de serem analisadas. São números técnicos que têm que ser analisados por um contador com experiência e conhecimento para saber verificar na íntegra esses números. O que questionamos foram os valores das dívidas que, mesmo aprovando, fizemos a solicitação dessas mudanças para diminuir (a dívida). Queríamos era resolver a situação e não criar uma confusão no dia da eleição.
AR: Sabíamos que não foi uma ótima gestão do Carlos Nunes, mas acreditávamos que poderíamos ter as mudanças, pois o Carlos Nunes, nas reuniões, reconhecia as falhas da sua gestão e com isso acreditamos no seu segundo mandato e não gostaríamos de maneira nenhuma a volta do ex-presidente Grego. Como falei anteriormente, foi mais um voto de confiança.
BNC: O que mudou quatro meses após a eleição?
AR: Na minha visão nada mudou. Creio que só piorou. Agravou-se ainda mais a situação da CBB com a diminuição do valor patrocinado pela Eletrobrás e a falta de outro patrocinador.
AR: Não, de maneira nenhuma, até porque como presidente de Federação ajudei e muito a Confederação através das sedes de Campeonatos de Base no Paraná (dois por ano) quando a CBB ainda não tinha o projeto incentivado pelo Ministério do Esporte e à cidade sede da competição era atribuída a responsabilidade de custear TUDO. Por várias vezes consegui trazer os Campeonatos para o Paraná. (2009 e 2010). Posso citar ainda os dois eventos para a seleção Brasileira Adulta (2010 e 2012 ), que vinha a Foz do Iguaçu treinar com a despesa toda paga (hotel, alimentação e transporte interno).
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