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Bala na Cesta

Sobre a volta de Leandrinho ao Phoenix Suns

Fábio Balassiano

06/01/2014 15h45

ZUMA Sports ArchiveBom, neste momento de sua tarde de segunda-feira você já deve saber que Leandrinho voltará a vestir a camisa que ilustra este texto (a do Phoenix Suns que ele utilizou de 2003 a 2010), conforme divulguei ontem aqui. O ala-armador, que estava jogando o NBB pelo Pinheiros (20 pontos, 3 rebotes e 3 assistências de média nos 8 jogos que disputou), pegou um voo na manhã de hoje rumo a Chicago, onde ele se encontrará com o Phoenix no final do dia para exame médico e assinatura do seu contrato de 10 dias. Caso tudo ocorra dentro do previsto ele estará apto a atuar a partir de amanhã, terça-feira, diante dos Bulls.

A grande questão que muita gente está se perguntando é: vale a pena o cara sair assim bruscamente para um módico contrato de 10 dias? A primeira vista a resposta é "Não", mas olhar assim tão rapidamente não é uma boa, não.

Em primeiro lugar, é bom dizer o seguinte: no começo da temporada 2013/2014 Leandrinho estava em recuperação de grave cirurgia no joelho, veio para o Brasil terminar o tratamento e estava sendo monitorado pelas franquias da NBA desde então. Voltar pra lá não é uma questão financeira (contratos de 10 dias não são tão rentáveis assim), mas principalmente uma forma de dizer pros caras um "Ó, estou bom de novo, podem contar comigo para o que precisarem". Tirar este aspecto enviesa qualquer tipo de análise no meu modo de ver.

LB2Em segundo lugar: contratos de 10 dias podem ser renovados uma vez e, também (ou depois disso), se tornarem contratos estendidos até o final da temporada. Logo: assinar um primeiro contrato de 10 dias, principalmente para alguém que teve uma lesão no joelho e precisa ser visto de perto pela franquia da NBA, está longe de ser um demérito absurdo.

Em terceiro lugar, o Phoenix Suns, com 20-12 na temporada, abandonou de vez o projeto de ficar entre os primeiros do Draft de 2014 simplesmente porque o rendimento do time superou todas as expectativas possíveis. No entanto, mesmo jogando o fino da bola o time tem a quinta pior média de público na NBA (14.300 pessoas/jogo), e sabe que a partir de agora precisará encher seus ginásios (é negócio, dinheiro, não nos esqueçamos). Ter um time forte, que continue ganhando para empolgar o torcedor a frequentar a US Airways Center passa, portanto, a entrar na ordem do dia. E com o armador Eric Bledsoe lesionado (joelho) a opção por um jogador com mesmo estilo de jogo (infiltração forte, arremesso bom – veja mais aqui), com conhecimento da franquia e ídolo local faz muito sentido (ele foi eleito o melhor sexto homem da liga em 2007).

Leandro BarbosaEm quarto lugar: ninguém em sã consciência recusa uma proposta da NBA.

Ele tem uma semana para mostrar seu trabalho contra Bulls, Wolves (ESPN exibe), Grizzlies, Pistons e Knicks (tudo fora de casa) para, aí sim, avaliar de fato as suas chances. Chances que serão muito melhores jogando lá, com todo mundo olhando pra ele, conversando com ele, falando sobre ele do que atuando no NBB (com todo respeito que a competição nacional merece).

Pode ser que ele assine um novo contrato de 10 dias com o Phoenix ou outra franquia. Pode ser que um time ainda mais desesperado para brigar por título e sem mão-de-obra devido às lesões (o Clippers de Doc Rivers, seu ex-técnico em Boston?) olhe pra ele e coloque um contrato até o final desta temporada na mesa. Ninguém sabe o que será do futuro de Leandrinho nesta temporada (de gato-mestre eu já estou bem cheio, sério mesmo). Nem ele mesmo sabe.

O que ele e nós sabemos, por enquanto, é que ele jogará em uma equipe pela qual tem uma história bem linda (pena que neste primeiro contrato de 10 dias não tenha um jogo sequer no Arizona, onde seria aplaudido demais) e que seu sonho de regressar à melhor liga de basquete do mundo se tornou realidade. Se não der certo, ele pega sua mala e volta para o Brasil sem problema algum (acho que o Pinheiros o receberia de braços abertos). Já está de ótimo tamanho, não?

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