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Bala na Cesta

Na NBA, Phoenix Suns tem começo surpreendente

Fábio Balassiano

15/12/2013 01h57

jeff1O Phoenix começou esta temporada da NBA como um dos grandes favoritos a ser número 1 no Draft de 2014. Com um técnico novato (Jeff Hornacek, ex-jogador e assistente do Utah Jazz), três calouros e outros oito com cinco ou menos anos de experiência na liga, era difícil prever qualquer coisa do Suns que não um punhado de derrotas. A franquia estava seguindo certinho o manual do famoso rebuild (reconstrução). Folha salarial baixa (US$ 53 milhões, a segunda menor da liga), elenco jovem, técnico estreante disposto a ensinar e a aprender, trocas por contratos expirantes (caso de Emeka Okafor), algumas apostas (Miles Plumlee e os irmãos Morris, por exemplo) e escolhas asseguradas para os próximos Drafts nestas negociações.

Aí o campeonato vem, Hornacek com sua calma de sempre parece não ligar para prognóstico algum e com mais de 1/4 da fase regular jogada emplaca 13-9 e finca pé na sexta posição do selvagem Oeste (o time, que enfrenta hoje o Golden State em casa, venceu as últimas quatro e 8 das últimas 11). Surpreendente é pouco.

E com um elenco absolutamente homogêneo (sem grandes estrelas), a estratégia de Hornacek foi tão óbvia quanto acertada: dar tempo de quadra a todos, correr muito e rodar a bola o máximo possível. O time tem 10 jogadores atuando por 11 ou mais minutos, o oitavo banco de reserva que mais pontua (35,8 por jogo), anota 20 de seus 102,4 pontos em contra-ataques (18,3% das posses de bola do Phoenix vêm em transição, com 56,3% de conversão nos arremessos e 1,17 pontos por posse neste quesito – quarto melhor índice da NBA), possui seis jogadores anotando em dígitos duplos (Miles Plumlee, com 9,7, e P.J. Tucker, com 9,5, estão quase lá também), registra 18,9 assistências por jogo e vê 16,4% de seus ataques terminarem em arremessos sem marcação do rival (1,06 pontos por posse, quarto melhor marca geral).

dragic1Tudo bem que o senso coletivo é o que mais chama a atenção na turma de Phoenix, mas há dois jogadores atuando acima da média. Os armadores Goran Dragic e Eric Bledsoe, atuando juntos como não manda o figurino da NBA, registram 38,2 e 12,5 assistências por jogo, 38% e 66% do total da equipe.

Sempre gostei muito de Dragic (foto à direita). Desde que começou na NBA, cinco anos atrás no próprio Phoenix, já demonstrava qualidade, mas quase sempre esbarrava em problemas físicos e/ou em concorrências fortes (de Steve Nash, por exemplo). Neste começo de temporada 2013/2014, porém, ele tem jogado de forma espetacular. São 19 pontos, 34 minutos, 13,3 arremessos por jogo e o aproveitamento de 49,4% – todos os números ao lado são os melhores de sua carreira. Mais liberado para criar seus chutes, já que Bledsoe tem alternado a condução das jogadas, o camisa 1 usa e abusa do pick-and-roll (36,8% de suas jogadas são assim, com 0,91 ponto por posse de bola – décima-segunda melhor marca de toda NBA) e das definições em transição 24,7% de suas definições, com 1,37 ponto por posse) para se destacar como nunca. Mas não é só no ataque que ele mostra personalidade, não. Dragic tem evoluído também na defesa, uma de suas antigas deficiências. Roda bem marcando os picks adversários e é o décimo-terceiro da liga em marcação de jogada de um-contra-um (seus adversários tentaram isso 28 vezes contra ele, e o aproveitamento é de ridículos 23,8% de aproveitamento).

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Ao seu lado, com a camisa 2, está Eric Bledsoe (foto à esquerda). Contratado junto ao Los Angeles Clippers, foi a grande aposta do Phoenix para uma temporada que ninguém esperava nada. Reserva de Chris Paul em Los Angeles, muita gente dizia que o cara precisaria apenas de tempo de quadra para mostrar seu talento. A julgar pelos primeiros 20 jogos da temporada a análise estava correta. O armador tem 19,2 pontos, 6,3 assistências, 49,3% nos chutes e 34,2 minutos por partida. Melhores marcas da carreira, obviamente. E a receita de sucesso de Bledsoe para pontuar é bem parecida com a de Dragic: contra-ataques (22,4% de suas posses, com 1,26 ponto por posse) e pick-and-roll (39,6% de suas posses de bola, com 0,83 ponto por posse). Mas há um dado que chama a atenção. Bledsoe finaliza 13,3% de seus ataques em jogada de isolação (um-contra-um), com 1,32 ponto por posse (melhor índice de toda NBA). Para um armador que não tem nem 1,90m é uma estatística sensacional e seu futuro, com mais rodagem e experiência, é bem promissor.

coach1O Suns ainda falha muito nas rotações defensivas, ninguém tem segurança alguma para dizer se irá chegar ou não aos playoffs, mas que o começo deles é muito bom, isso é. Méritos para a dupla de armadores citada acima e sobretudo para o estreante Jeff Hornacek. O técnico pegou um time montado de forma não tão planejada, dá tempo de quadra para quase todo mundo, aposta em um jogo fluído e com liberdade para seus atletas e vai colhendo resultados.

Jerry Sloan, com quem Hornacek tanto aprendeu em Utah, deve estar mais do que orgulhoso. Seu pupilo é, desde já, um forte candidato ao prêmio de melhor técnico da temporada.

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