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Bala na Cesta

Após Mundial e jogos na NBA, a hora de Ricardo Fischer dar o próximo passo

Fábio Balassiano

13/10/2015 00h49

fischer3Terminou a turnê de Bauru pela NBA. O time fez, mesmo com falhas grandes (no ataque com as bolas de três pontos e a todo momento e na defesa ao não marcar tanto assim), um papel digno ao jogar dentro das suas características contra Knicks e Wizards (derrotas na quarta-feira e neste domingo) e conseguiu fazer com que sua equipe se preparasse de forma muito boa para NBB e Liga das Américas que se aproximam. E individualmente ninguém se destacou mais que Ricardo Fischer.

Ricardo_FischerArmador de 24 anos, Fischer surgiu no cenário nacional na temporada 2010/2011 quando foi ser reserva de Fúlvio em São José (no mesmo ano ele foi o líder do Barueri campeão paulista juvenil, chamando a atenção de todos). Em solo joseense foram dois anos aprendendo com um dos melhores armadores passadores do país antes de se transferir para Bauru em 2012/2013. A lógica "dizia" que ele seria reserva de Larry Taylor, mas seu desenvolvimento acelerado no NBB e na LDB (onde foi campeão comandando o time com Gui Deodato em 2013) fez com que o técnico Guerrinha mudasse os planos, colocando o camisa 5 como titular e condutor da equipe que passaria a disputar títulos desde a sua chegada, de Alex, Day, Murilo, Jefferson, Hettsheimeir, entre outros (só fera experiente que precisa de bola, algo difícil pra armador jovem administrar).

fischerAcompanho bem de perto seus passos desde 2010 (aqui do lado há uma série de textos e entrevistas com ele para quem quiser buscar) e a coisa que mais me impressionou em sua curta carreira é que em TODOS os anos sempre houve evolução por parte do agora camisa 5 do Dragão. Não houve uma temporada sequer que Fischer tivesse terminado igual ou pior do que começou e isso mostra bem seu ótimo inconformismo. E isso dá pra sentir em todos os aspectos do jogo – na parte técnica, tática, física, de leitura de jogo, de confiança, de liderança, de saber escutar um time inteiro lhe pedindo bola (como é este de Bauru), de troca de ideias com outro "tarado" por basquete como seu técnico Guerrinha etc. . Abaixo suas médias no NBB.

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ricardo1Se ainda não dá pra dizer que ele tem o pacote completo de armador (ele só tem 24 anos, não custa lembrar), ao menos é realista dizer que Ricardo Fischer já é um excelente jogador. Destacou-se contra o Real Madrid no Mundial Interclubes, foi razoavelmente bem em sua primeira temporada com a seleção brasileira (Copa América e Pan-Americano) e termina a série de amistosos na NBA com um triplo-duplo no Madison Square Garden contra o Knicks, um bom jogo contra o Wizards (11 pontos, 7 rebotes e 3 assistências) e ótimos duelos contra bambas da posição como Sergio Llull, Sergio Rodriguez, José Calderón e John Wall. Não é pouca coisa, obviamente. Sua média nestes quatro difíceis embates ficou em 15 pontos, 7,8 rebotes e 5 assistências (veja quadro abaixo).

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fischer1E por que diabos eu digo isso tudo? Bem, vamos lá. É óbvio que adoraria ver Fischer jogando no NBB até o final de sua carreira, pois é ótimo para quem fica por aqui, mas está muito claro que o armador precisa – e está preparado para – dar o próximo passo em sua jornada profissional. Se é jogar na Europa ou tentar um vôo para a NBA é difícil dizer (muito mais para o primeiro passo, claro), mas parece-me cristalino que para que seu desenvolvimento exploda de vez atuar fora do Brasil é mais do que necessário – principalmente para jogar com mais frequência contra atletas melhores ou do mesmo nível que o dele.

ricardo2Sei que o camisa 5 de Bauru pensa nisso constantemente, mas é preciso, agora e credenciado por boas atuações contra Real Madrid e na NBA, colocar isso em prática com seus agentes e familiares. Seu nome entrou de vez no radar internacional e é bom não perder a chance de fazer uma rápida migração para um campeonato melhor do que é atualmente o NBB.

Como crescimento sempre fez parte de sua carreira, chegou a hora de planejar o maior deles – jogar fora do país para evoluir fortemente como ele sempre fez. Será bom para ele e para a seleção brasileira, onde ele deve ser figura frequente a partir de agora e certamente uma das peças-chave após os Jogos de 2016.

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