A consolidação do técnico José Neto, campeão da América com o Flamengo
Vocês leram (aqui), viram (aqui) e ouviram (aqui) um pouco sobre como foi a conquista da Liga das Américas por parte do Flamengo no Maracanzinho. Foi um espetáculo o que proporcionou a torcida rubro-negra, mas é impossível não falar do entrevistado desta segunda-feira, 24 de março, também (aqui). José Neto, técnico do time, merece todo destaque.
Sabemos que no esporte os jogadores acabam levando os louros da vitória, sendo mais reconhecidos, mais lembrados, e isso é até natural pela natureza do tema. Mas é impossível não valorizar o trabalho que Neto tem feito no Flamengo desde que no clube chegou na temporada 2012/2013. Não falo apenas dos títulos que ele e seu elenco conquistaram (NBB5 e Liga das Américas com maior destaque), mas por alguns fatores que por vezes passam despercebidos.
Em primeiro lugar é importante falar da parte tática aplicada por ele neste time do Flamengo. Neto foi contratado para mudar um panorama (sombrio) que era aplicado no rubro-negro em temporadas anteriores. Tiros de três em profusão, defesas frouxas e dificuldade em entender o senso coletivo do jogo. Não sei se o estágio como auxiliar-técnico do ótimo Rubén Magnano (sim, Magnano é um grande treinador e não podemos negar isso) lhe ajudou tanto assim neste sentido, mas é visível a sua preocupação, tal qual a do cordobês, com a marcação, seu zelo para que as jogadas de ataque sejam as mais em conjunto que puderem ser e a intenção em ver a bola rodando com facilidade. Tudo isso transformou o Flamengo de um time previsível para uma das forças do continente. Hoje, devido também a qualidade do elenco (isso é óbvio), é impossível marcar os rubro-negros com facilidade pois há muitas armas e o trabalho ofensivo não é focado em um ou dois atletas. Estrelas atuando de forma coletiva sempre brilharão mais do que grandes jogadores atuando individualmente. É a lei do jogo. Por isso brilham Marcelinho Machado, Marquinhos, Olivinha, Laprovittola etc.
Em segundo é fundamental lembrar um aspecto de fora de quadra. Dois, mas que acabam sendo um só. O primeiro foi a administração de elenco perfeita que tem sido feita por parte de Neto desde que ao Flamengo chegou. Conseguiu colocar veteranos e jovens "na mesma página", alinhou expectativas, tirou os egos do vestiário e construiu uma sólida identidade para a equipe. Não houve um só momento em que o treinador tenha perdido o respeito e a confiança do grupo – e isso é bem visível.
Outro ponto essencial foi a parte da crise financeira que o clube passou até pouco tempo atrás. Mesmo sendo campeão do NBB, a agremiação da Gávea não via a cor do dinheiro. E não parava de treinar, de lutar, de tentar ganhar tudo o que viesse pela frente. Se não era o melhor dos mundos (e não era mesmo), o foco jamais saiu dos aspectos esportivos. Fazer com que seus jogadores pensassem apenas em basquete, e não no bolso vazio, não é das coisas mais fáceis para um gestor (não sei se muita gente conseguiria…), mas Neto foi hábil o suficiente para manter o foco de seus atletas apenas nas partidas, nas competições.
Sinto José Neto bem maduro, bem preparado para alçar voos ainda maiores em sua carreira (que estava estagnada e voltou a decolar – lembre aqui e aqui). Sua capacidade de administrar elencos está consolidada, sua experiência em grandes competições começa a ser posta a prova (e ele tem se saído muito bem) e sua bagagem tática é boa para os padrões brasileiros.
É óbvio que pode evoluir (principalmente no aspecto de ficar reclamando com a arbitragem o tempo inteiro, algo chatíssimo), até o próprio treinador reconhece isso, mas José Neto é, hoje, o melhor treinador de basquete do país. E ninguém pode ousar contestar isso. Pelos resultados, pela gestão de crise (financeira) que passou o clube e pela administração de egos em um elenco recheado de estrelas. O título é do clube, o mérito é dos jogadores, mas o comandante não pode ser esquecido de modo algum.
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