Em ação inédita no basquete brasileiro, a Confederação Brasileira sofrerá intervenção nos próximos dias. Encurralada após a Federação Internacional (FIBA) suspendê-la até 28 de janeiro de 2017, restou à CBB aceitar a intervenção. Caso não topasse poderia ver a modalidade suspensa por tempo indeterminado ou desfiliada da FIBA, causando impacto em seleções e clubes, que não poderiam participar de competições internacionais.
Sendo assim, assumem o basquete até 2020 o Comitê Olímpico Brasileiro, que se reuniu na semana passada com a FIBA em Doha (Catar), o Ministério do Esporte e a própria FIBA em uma força-tarefa que terá inicialmente duração de quatro anos. Até 2020, portanto, não haverá eleição na entidade e o pleito previsto para abril de 2017 está cancelado. Com os trâmites jurídicos já em andamento, o anúncio deverá ser feito nos próximos dias. O mesmo procedimento (intervenção) foi realizado pelo COB na Confederação de Vela em 2007, também atolada em dívidas à época. De acordo com uma fonte do alto escalão do esporte ouvida pelo blog há instantes, "a força-tarefa destes três poderes somará forças para trabalhar para o basquete brasileiro voltar a ter destaque de forma positiva no cenário internacional".
A dúvida maior neste momento é se Nunes, presidente da entidade máxima do basquete brasileiro, renunciará ao cargo ou se sofrerá o impedimento formal por parte do Comitê. Seja como for o blog apurou que a intervenção do COB colocará em prática alguns dos principais desejos da Federação Internacional: a mudança no estatuto da CBB, fazendo com que mais eleitores sejam parte integrante do processo de votação (atualmente apenas os Presidentes de Federação elegem o mandatário da Confederação) e um planejamento de longo prazo para o esporte nacional.
Neste novo modelo de gestão haverá quatro integrantes como os responsáveis pela nova fase do basquete brasileiro. De acordo com apuração do blog dois destes já foram selecionados: Paulinho Villas-Boas, ex-jogador da seleção masculina de basquete e que trabalhou recentemente no Comitê Olímpico Brasileiro e no Rio-2016, e José Luiz Saez, ex-presidente da Federação Espanhola e o interventor designado pela FIBA para apurar a situação da CBB recentemente. Saez já viria ao Brasil na próxima semana. O grupo já possui inclusive um plano estratégico em suas mãos chamado de "Brasil 2020" (logomarca ao lado).
O Comitê Olímpico Brasileiro foi procurado na tarde de ontem e disse que não daria posicionamento formal em relação a situação da Confederação Brasileira. A CBB, por sua vez, informou na sexta-feira que não falaria com a imprensa.
Resta ao COB escolher como finalizar o processo da melhor maneira possível. E explico: em outubro de 2013, pouco antes do Mundial Interclubes envolvendo Pinheiros e Olympiacos em Barueri (São Paulo), houve um acordo semelhante para que Carlos Nunes se afastasse do cargo e abrisse espaço para uma força-tarefa tentar salvar a entidade. Só que Nunes não cumpriu com o prometido em uma reunião a portas fechadas em um hotel e optou por se manter como presidente da Confederação Brasileira, gerando o descontentamento da FIBA. Caso novamente haja mudança de rumo e resistência por parte do mandatário da CBB as partes (FIBA e Comitê Olímpico Brasileiro) irão se reunir novamente para tratar do caso e encontrar a melhor solução.
No final das contas, a informação é esta: Carlos Nunes não chegará ao final de seu mandato, previsto inicialmente para cessar em março de 2017. Ele deixará para a força-tarefa liderada pelo COB uma entidade com R$ 17 milhões de dívida, sem nenhuma credibilidade junto ao órgão máximo da modalidade (FIBA), com os dois clubes do país ausentes da Liga das Américas devido a suspensão (Flamengo e Bauru) e com as suas duas seleções mais novas (as Sub-15) fora de campeonatos internacionais no mínimo até 2018 (Copa América em 2017 e Mundial no ano seguinte).