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Os 30 da NBA: Com Mike D'Antoni, Rockets muda, arrisca tudo e busca sucesso

Fábio Balassiano

02/10/2016 01h00

Então o time termina a temporada 2015/2016 levando 106,4 pontos por jogo, uma catástrofe defensiva, e a diretoria opta por uma mudança de treinador. O que fez o Houston Rockets então? Trouxe, de forma surpreendente, Mike D'Antoni, um cara pouco afeito a marcações de primeira linha, para ser o técnico da franquia pelos próximos três anos. Como entender isso?

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Mais surpreendente que a tacada de Daryl Morey, gerente-geral do Houston tão amigo dos números (e por isso mesmo a contratação de alguém, digamos, tão "old school" é uma contradição em si mesma) e certamente esperando que a sua franquia se torne o Golden State Warriors do Texas (chutando muito, correndo muito, atacando muito, anotando muitos pontos…), só mesmo a ausência do bigode de Mike D'Antoni, que tem feito a pré-temporada com o Houston Rockets na China já deixando o seu recado aos atletas. É para correr, atacar a cesta muito rapidamente e iniciar a fase regular V-O-A-N-D-O. Ah, e com uma ressalva: se no campeonato 2015/2016 James Harden já era praticamente o armador oficial do time, com Mike ele foi 200% efetivado na função, cabendo a ele levar a bola e decidir as jogadas de ataque.

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Sei que na prática muda muito pouco, como disse acima. A questão é que dando esse poder logo de cara Mike D'Antoni ganha o coração e a mente do Barba, mas não resolve o problema maior do Rockets na temporada passada no sistema ofensivo – a falta de um jogo mais altruísta. Desde que chegou ao Texas Harden faz algo pouco recomendável, que é segurar demais a bola, jogar muito em um-contra-um – apesar de suas 7,5 assistências/jogo em 15/16, ele poderia buscar ainda mais seus companheiros. Como manda-chuva da posição 1, será que isso não será potencializado?

Sabemos, no entanto, que de ataque Mike D'Antoni é muito bom e com as chegadas do ala-armador Eric Gordon, do ala-pivô Ryan Anderson e do pivô brasileiro Nenê o Houston poderá evoluir neste sentido. É muito provável que D'Antoni jogue com nenhum ou com um pivô (Nenê, Capela, Anderson), e que espace bem a quadra com os alas do elenco, deixando o quinteto que estiver em quadra bem mais rápido, leve e preparado para pontuar do que o que vimos ano passado. D'Antoni é muito pouco ortodoxo (mais até que Steve Kerr no decantado Golden State) e não será raro vermos formações baixinhas durante boa parte dos duelos.

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Também é bem possível que vejamos uma subida imensa de produção de Trevor Ariza. Raja Bell e Shawn Marion eram os cadeados defensivos daquele Phoenix Suns que fez de Mike D'Antoni um dos melhores técnicos da NBA (há uma década, bom que se diga). Ariza tem potencial físico para marcar de armadores a alas-pivôs rivais, ótima leitura de quadra e inteligência suficiente para não só marcar por si mas ajudar seus companheiros. Se tem alguém que deve crescer com a chegada do novo treinador é o camisa 1, que até jogou bem em 2015/2016 (12,7 pontos de média).

Para alegria de Ariza, Nenê deve figurar no time titular para ajudá-lo a marcar. O brasileiro de 34 anos foi elogiado por Mike D'Antoni e traz além do comportamento profissional exemplar uma veia defensiva que de fato o Houston não tinha na temporada passada (mesmo que Dwight Howard estivesse no elenco…). O camisa 42 disse que está parecendo uma criança em seu primeiro dia de escola de tão feliz que está no Texas e vê-lo animado assim de novo depois de ter passado um campeonato subutilizado pelo técnico Randy Wittman no Washington é muito bom.

Para azar da torcida, as boas notícias param por aí. Os reforços que chegaram não são tão de peso assim, os picks de Draft foram apenas de segunda rodada e ninguém sabe o que será da carreira de Sam Dekker, escolhido ano passado mas que até agora não se firmou na ala.

A conclusão óbvia é que o Houston Rockets foi pro famoso "All-In" do Poker. O tudo ou nada. Saiu de um técnico que jogou muito bem mas que até certo ponto não era tão experiente na função (Kevin McHale) para outro jovem que nunca atuou profissionalmente e tampouco era experiente como treinador (J.B. Bickerstaff ). Ambos não encaixaram. A cartada de Morey foi dar a chave do carro para Mike D'Antoni, que não costuma andar em terceira marcha. Com ele a regra é sempre pisar fundo, acelerar o veículo e somar o número máximo de pontos. Se conseguir marcar alguma coisa, o Houston terá chance de animar a sua torcida. Caso contrário, o desespero que é acompanhar a partida de uma equipe que não defende a ninguém vai continuar.

Campanha em 2015/2016: 41-41
Projeção para 2016/2017: Briga por Playoff (entre 42 e 47 vitórias).
Olho em: James Harden

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