Quando Phil Jackson assumiu o Knicks em março de 2014 estava claro que o time nova-iorquino teria que passar por uma reconstrução. Ninguém na Big Apple gostaria de ver o que viu, mas era, sim, necessário. O time tinha salários inchados, o elenco era completamente desbalanceado, nem mesmo a tradição da franquia e a beleza da cidade conseguiam atrair mais os agentes-livres, as escolhas de Draft estavam comprometidas, a comissão técnica não empolgava e nos últimos 14 anos a equipe só vencera uma série de playoff. O Mestre Zen teria muito trabalho.
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No primeiro ano, era hora de cortar na carne, limpar a folha salarial e garantir alguns picks de Draft para o futuro. O que era possível fazer, Phil Jackson fez. Os 17-65 eram muito mais reflexo do solo mal plantado de antes do que resultado de sua competência. Em 2015/2016, houve evolução, mas não muita (30-52). Saiu o técnico Derek Fisher, e de positivo, positivo mesmo apenas a chegada da surpresa da Letônia chamada Kristaps Porzingis, autor de 14,4 pontos em sua temporada de estreia na NBA. Mas paciência tem limite até mesmo para o Mestre Zen e era hora de tentar o próximo passo.
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E ele foi dado. Phil Jackson bateu na porta do Chicago, ofereceu quase nada (Robin Lopez, o expirante de José Calderon e Jerian Grant) e conseguiu Derrick Rose. Foi uma manobra arriscada devido ao histórico de lesões do agora ex-armador do Bulls, mas como escrevi aqui em junho para o Knicks valeu muito a pena. O contrato de Rose também está entrando em seu último ano, o atleta precisava de um choque de realidade e pode ser que a vontade de voltar a ser estrela de NBA faça com que ele jogue a temporada 2016/2017 ligado na tomada. Mudar de ares muitas vezes é a melhor solução para reencontrar a melhor forma. Pode acontecer com o número 25 do New York Knicks.
Também do Bulls veio Joakim Noah. Às turras com o técnico Fred Hoiberg, todo mundo sabia que ele não ficaria em Chicago. Surpreendeu-me demais, porém, ver Noah pouco cortejado no mercado de agentes-livres logo nas primeiras horas de conversas com as franquias. O que fez Phil Jackson? Pegou o telefone, organizou o encontro e fechou a contratação em menos de dois dias. Contrato de 4 anos, valor final de US$ 19 milhões no último e nos padrões da NBA atual isso é uma senhora barganha por um jogador excepcional de defesa, dono de um comportamento profissional acima da média e emotivo na medida certa. Noah nasceu na cidade, tem apenas 31 anos e, caso se mantenha saudável, pode ser uma presença importante não só no garrafão, mas sobretudo para dar um pouco de organização ao vestiário. Das aquisições nova-iorquinas, foi a que eu mais gostei.
Além deles chegaram o armador Brandon Jennings, o também armador Justin Holiday, o ótimo ala lituano Mindaugas Kuzminskas e ala-pivô senegalês Maurice Ndour, que jogou a temporada passada no Real Madrid, e o pivô espanhol Guillermo Hernangomez, também ex-merengue. Para o torcedor vivia reclamando da qualidade do elenco, é uma baita evolução e uma prova que até mesmo o tradicional New York está aberto às novidades gringas (são seis jogadores não nascidos nos EUA no elenco). Se ainda não é um oásis de talento, os Knicks possuem opções heterogêneas que podem dar ao técnico estreante Jeff Hornacek variações importantes para o começo de trabalho.
O time titular deve formar com Rose, Courtney Lee, outro recém-chegado, Carmelo Anthony, que segue sendo a principal estrela da companhia (com a diferença que agora ele está cercado de outras ótimas peças experientes), Porzingis e Noah, cenário bem mais animador do que o que se via na franquia em outros anos. Minha única dúvida é se Hornacek é o melhor nome para colocar o Knicks de novo em posição de vencer com frequência. Querendo ou não, trata-se de um técnico inexperiente (duas temporadas e meia de experiência no Phoenix apenas) e eu gostaria muito mais de ver um nome como Frank Vogel, que estava disponível no mercado após a saída absurda do Indiana Pacers, do que Jeff em si.
De todo modo, por menos brilhante que Jeff Hornacek possa vir a ser está muito claro que o Knicks desta temporada tem tudo para ser muito, mas muito forte mesmo. É um elenco com inúmeras opções (talvez falte um pouco mais de jogo interno, perto da cesta mesmo), com um jogador que precisa começar a ganhar de forma mais constante para subir de patamar na história da liga (Carmelo Anthony) e com outro punhado que precisa ou voltar a se provar ou se confirmar na NBA (Porzingis, Rose, Noah, Jennings etc.). A combinação disso tudo, em minha opinião, fará com que os nova-iorquinos retornem aos playoffs já na temporada 2016/2017, concretizando uma das maiores variações de vitória entre o campeonato passado e este. Começar bem, para trazer a confiança de volta ao vestiário e também à torcida, é mais do que fundamental
Campanha em 2015/2016: 32-50
Projeção para 2016/2017: Nos Playoffs (entre 42 e 47 vitórias).
Olho em: Derrick Rose