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Após 20 jogos, como está o novo Thunder na NBA?

Fábio Balassiano

10/12/2015 01h01

Billy Donovan foi anunciado como novo técnico do Oklahoma City Thunder em maio. Chegou cercado de expectativa em substituição a Scott Brooks e de cara com uma baita missão: mostrar a Kevin Durant que o craque não precisa dali para ser campeão na próxima janela de mercado (falei disso antes da temporada).

A julgar pelos primeiros 20 jogos, o novo comandante está indo muito bem. O Thunder tem 13-8, tendo vencido 7 das últimas 10 (hoje enfrenta o Atlanta em casa). Os resultados, porém, não falam tudo sobre o "novo" OKC.

Ciente de que suas maiores estrelas são mesmo Russell Westbrook e Kevin Durant, e que tirar a liberdade deles seria perder aquilo que há de melhor na franquia (sem falar em uma eventual/provável perda de vestiário logo de cara, o que ninguém quer por lá), Donovan começou a organizar a equipe pelas beiradas, devagar, elogiando o trabalho do antigo treinador e tocando alterações aparentemente imperceptíveis mas que têm dado bastante resultado (muito embora a dupla responda por 37 dos 86 arremessos da equipe por jogo, é bom lembrar).

Westbrook (26,4 pontos, 9,9 assistências e 7,4 rebotes – há quem não goste do cara que está entre os 10 melhores na pontuação e nos passes, hein…) continua tendo liberdade total para atacar a cesta (e nem poderia ser diferente), mas por vezes o trabalho de condução de bola e de armação das jogadas é dividido com DJ Augustin (ambos juntos na quadra). Foi a maneira sutil do novo treinador tirar um pouco da pelota da mão do camisa 0, que desperdiça mais de 5 bolas por noite, um número alto (a equipe tem 16,1 erros/jogo, terceiro pior índice da NBA – atrás apenas do Sixers e do Rockets). Com Durant (27,9 pontos e 7,4 rebotes), a alternativa tem sido isolá-lo em muitas vezes nas pontas, esperando as infiltrações de West os picks deste com Ibaka. Menos um-contra-um, isolação ou post-up (jogo de costas pra cesta) e mais corner-shots e chutes sem tanta pressão. O resultado? O camisa 35 tem 52% de conversão nos arremessos e 46% nas bolas de três pontos (os melhores números de sua carreira). Golaço de Donovan sem dúvida.

Outra mexida interessante foi colocar no quinteto titular o jovem Andre Roberson (foto). Ele é um desastre no ataque (26,3% nas bolas de três – quase todas sem marcação) e não consegue aproveitar os espaços que Westbrook e Durant, quando dobrados, lhe dão, mas o camisa 21 tem a missão de desacelerar a partida e marcar, muitas vezes, o principal pontuador adversário, descansando um pouco as principais estrelas da sua equipe. Além dele, completam o elenco de apoio Steven Adams (cada vez mais efetivo como pivô titular – excepcional na defesa, ainda evoluindo no ataque) e o bom Serge Ibaka, a terceira arma ofensiva mais utilizada por Donovan (12,1 chutes/jogo).

A formação envolvendo Westbrook, Roberson, Durant, Ibaka e Adams é, aliás, a mais utilizada pelo treinador (a com melhor índice de eficiência inclusive), mas nem sempre é a que termina as partidas. Por vezes é possível ver Enes Kanter no lugar de Adams. Embora um terror na marcação, o turco é uma ameaça aos adversários no garrafão ofensivo, fazendo com que os rivais tenham que fazer ajustes para defendê-lo. Outro que em algumas ocasiões termina as pelejas é Dion Waiters, reserva mais utilizado do grupo. Para Waiters, o que pega é que ele AMA ter o controle da bola para chutar de qualquer lugar, e sabemos bem que nos finais dos duelos quem tem essa função no OKC não é ele.

Na defesa a gente podia esperar muitas marcações por zona, né? Vindo do basquete universitário, nada mais natural que Donovan adotasse isso. E é o que ele vem tentando. Em muitas oportunidades é possível notar Steven Adams ou Enes Kanter (menos este e mais aquele) no centro do garrafão, com os quatro outros companheiros espalhados ao redor da linha de três pontos (em uma espécie de quadrado móvel). É algo bacana de ver, principalmente pelo fato de ser algo praticamente novo no Thunder (eram poucas as ocasiões que Scott Brooks, o antigo comandante, trocava o um-contra-um habitual da NBA).

Outra boa novidade é, em alguns (poucos) momentos o time ser formado por três alas altos (Waiters, Durant e Anthony Morrow), com Westbrook na armação e Serge Ibaka no pivô. É um time muito leve, com cinco boas opções ofensivas e com potencial físico para defender (só não funciona tanto contra as equipes pesadas). Não é para usar sempre, até porque Durant está voltando de contusão e ninguém quer sacrificar o corpo do rapaz contra "animais" como Blake Griffin ou Tristan Thompson, mas está claro que a nova comissão técnica vai testar (e tentar) tudo o que puder.

Ainda é cedo para dizer que tipo de Oklahoma veremos no playoff (atualmente eles estão em terceiro no Oeste) ou tentar qualquer prognóstico mais apurado, mas está claro que temos um time diferente daquele que víamos com Scott Brooks. O ritmo é basicamente o mesmo (acelerado e com poucos passes por jogo – 271 por partida, índice idêntico ao das últimas duas temporadas), mas a equipe me parece mais preparada para usar variações que não víamos nos anos anteriores.

Nenhum time que tem Kevin Durant e Russell Westbrook pode ser desprezado (o ataque sempre será perigoso, obviamente). A vantagem do Oklahoma na temporada 2015/2016 da NBA é que desta vez o repertório da equipe parece MUITO variado e menos previsível, tornando, assim, a equipe muito mais perigosa. E isso pode pesar bastante em uma pós-temporada. Concorda comigo?

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