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Ainda assimilando a troca, Tiago Splitter fala sobre ida para o Hawks

Fábio Balassiano

03/07/2015 02h45

O dia 1º de julho de 2015 já está marcado na vida de Tiago Splitter. Aos 30 anos, foi a primeira vez em sua vida que ele foi trocado por um time. A negociação desta quarta-feira fez com que o San Antonio Spurs, time que ele jogou as suas primeiras cinco temporadas da NBA, o enviasse para o Atlanta Hawks logo na abertura da janela de transferências da liga norte-americana.

Splitter viveu sentimentos distintos com a notícia desta quarta-feira, mas quer virar a página no reencontro com Mike Budenholzer, hoje técnico do Hawks e antes assistente dele no Spurs, viver momentos felizes na Geórgia. O brasileiro embarca nesta própria sexta-feira para Atlanta, onde tem exames médicos e conversas já marcadas com Budenholzer e a comissão técnica de sua nova equipe. Conversei com ele ao telefone sobre tudo isso na tarde de ontem.

BALA NA CESTA: Como você recebeu a notícia da sua troca? Quem te ligou, quem lhe contou?
TIAGO SPLITTER: Foi na quarta-feira pela manhã mesmo que fiquei sabendo. Recebi uma ligação do técnico Gregg Popovich me passando a notícia. Ele me disse o time para o qual seria trocado (o Atlanta Hawks), agradeceu bastante o meu trabalho e outras coisas mais também. Sendo bem sincero eu realmente esperava alguma coisa em relação a negociação, alguma mudança. Vivi sentimentos distintos, mas estou feliz que vou pra um time que conheço o técnico (Mike Budenholzer), o assistente Neven Spahija, que foi meu técnico na Espanha quando jogava no Baskonia (temporada 2007/2008), e outros profissionais que trabalharam no Spurs. Além da comissão técnica, há atletas que respeito muito. É um grupo que conheço e que me sinto bem em fazer parte. Foi a final do Leste na temporada passada e quer atingir patamar ainda maior. Isso é bom.

BNC: Você saiu do Brasil muito cedo (16 anos), ficou muito tempo no Baskonia (mais de uma década) e imagino que gostaria de permanecer mais em San Antonio. É um sentimento diferente de tudo o que já havia vivido na carreira, este de ser negociado pelo time?
SPLITTER: Com certeza é um sentimento diferente. É a primeira vez na minha vida que isso acontece. De ser, digamos, cortado, trocado de um time. É diferente. Todos os jogadores, do Tim Duncan aos mais jovens, me mandaram mensagem, me ligaram, vieram falar comigo. Era um ambiente gostoso. O San Antonio Spurs era o clube que eu queria estar, mas o mercado da NBA, você sabe bem, é assim, profissional, e a gente tem que aceitar. Por um lado é triste sair. Mas estou muito feliz que estou indo para Atlanta, lugar bacana e um ótimo time. Gostei da cidade em todas as vezes que fui lá. E o time é excelente. Todo mundo chama o Hawks de Spurs do Leste, né? É bem por aí mesmo.

BNC: Você tem um filho muito pequeno (Benjamin, de três anos). Como será para a sua família essa mudança de San Antonio para Atlanta, na Geórgia?
SPLITTER: Minha família gostou. Eles sabiam que iria acontecer alguma coisa comigo. Era algo que sabíamos que poderia ocorrer. Além da cidade (Atlanta), que é maravilhosa, todos estão muito felizes pelo time que caí. No final da temporada passada os dirigentes do Spurs nos falaram que aconteceriam mudanças e assim foi feito. Mesmo assim agradeço bastante o que eles fizeram por mim. Ganhei um anel de campeão da NBA com o time em 2014. Serei eternamente grato por isso. É o momento que guardarei para sempre na minha memória, principalmente pela maneira que aconteceu. Perdemos de uma maneira traumática no ano anterior e conseguimos, contra o mesmo adversário (Miami), vencer o tão sonhado título.

BNC: Falando um pouco do Atlanta. Você já chegou a conversar com o técnico Mike Budenholzer? Ele já chegou a falar um pouco de suas novas funções no Hawks?
SPLITTER: Ele me ligou, sim. Conversamos algumas coisas, mas ainda está muito cedo. Ele estava muito feliz de me ter por perto novamente e nesta sexta-feira viajo para encontrá-lo. A negociação só se torna oficial no dia 9. Farei exames médicos e falarei com ele até lá.

BNC: O Atlanta renovou om o Paul Millsap e, em teoria, você chega para ser reserva dele e do Al Horford no garrafão. Ser reserva é algo que lhe incomoda neste ponto da sua carreira?
SPLITTER: Vou ter tempo de conversar com o Mike (técnico) sobre tudo isso e ver os objetivos que ele tem para mim, mas de cara digo que ser reserva não é problema. Quero jogar, quero brigar pela posição, quero ajudar a equipe a alcançar bons resultados. O Kyle Korver mesmo, ala da equipe, já me mandou mensagem desejando as boas-vindas. Até neste ponto, das bolas de três, o Atlanta parece com o Spurs. É um time que sempre busca a bola de três, e o Korver em especial. É algo que eles fazem bem rodando a bola e encontrando o jogador livre para arremessar. Acho que encaixa bem no meu estilo também.

BNC: Cheguei a escrever que no Atlanta você pode ter mais liberdade ofensiva em relação ao que estava tendo no Spurs. É algo que você já chegou a pensar?
SPLITTER: Sim, é algo que já pensei, mas ainda é cedo para definir qualquer tipo de meta ou sistema de jogo. Vamos ver como tudo vai se encaixar no treinamento, na pré-temporada. Sei que há uma ansiedade, uma perspectiva para o que irá acontecer comigo, mas já aprendi que este tipo de coisa ocorre normalmente. Você vê a necessidade do time e durante a temporada ajusta para que a equipe tenha mais possibilidade de ganhar jogos. É assim que deve funcionar no Atlanta. Antes quero me treinar bastante na Espanha, onde irei fazer minha preparação individual, para chegar bem na pré-temporada da equipe.

BNC: Pra fechar: conte um pouco como foi esta excursão que você fez pelo Sul do país. Você viajou em uma Kombi, passou por algumas cidades fazendo clínicas e estando com a molecada. Foi um momento especial para você, né?
SPLITTER: Ano passado fiz o meu camp em Blumenau e recebi muitos e-mails pra fazer a mesma coisa em outras cidades. Então resolvi fazer, e fazer forma seguida. Ou seja: um dia em cada cidade (Curitiba, Blumenau, Florianópolis, Porto Alegre e Joinville). Resolvi fazer algo diferente, viajando exatamente da mesma maneira que eu jogava – de Kombi. A ideia foi acompanhada pela TV Globo e será divulgada antes das Olimpíadas de 2016. O mais interessante foi ver nos olhos das crianças os mesmos sonhos que eu tinha na idade deles. Isso é o mais bacana de tudo. Hoje posso estar neste posição de ídolo e creio que posso deixar algumas mensagens bonitas para a molecada. Gostaria que, antes, quando eu era jovem, tivessem feito a mesma coisa comigo. Mostro vários exemplos, como as derrotas que tive e a forma como você pode usar isso como superação para atingir as vitórias na carreira.

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