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Com o amadorismo da CBB, o risco real do Brasil ficar fora da Olimpíada

Fábio Balassiano

01/07/2015 08h40

Todo mundo sabe que a Confederação Brasileira tem uma dívida imensa para pagar à FIBA (Federação Internacional de Basquete) ainda em relação ao famigerado convite da Copa do Mundo masculina de 2014. Está em atraso de aproximadamente US$ 700 mil e levou (mais) um pito público da entidade máxima do basquete do planeta. A matéria completa do UOL Esporte conta isso em detalhes (leia aqui ).

A novidade da declaração da FIBA ao UOL é que a entidade NÃO aceitou a proposta de parcelamento do pagamento da dívida proposta pela CBB. Talvez escaldada pelos calotes anteriores, ciente que a dívida da Confederação superou os R$ 13 milhões ao final de 2014 e que não há a menor perspectiva de melhora no curto prazo (seja com a entrada de patrocinadores, novos investimento ou mudança de gestão), a Federação Internacional não aceitou prolongar o problema até 2019 (2019!!!), bateu o martelo, disse que aguarda solução até 31 de julho e ameaçou, até, suspender as seleções de competições futuras. Isso tudo com Comitê Olímpico Brasileiro (COB) envolvido, hein. Vejam o tamanho da vergonha que o basquete brasileiro alcançou de tempos pra cá.

Notem: suspender países (Confederações) não é algo novo para a FIBA, que já fez o isso com Panamá em 2013 e Japão em 2014 (Japão que, não custa lembrar, será a sede das Olimpíadas de 2020, a próxima depois do Rio-2016). Nos dois casos (estes são os dois mais recentes, mas já houve mais – Filipinas, Líbano etc.) a Federação Internacional pede mudança de gestão e cita problemas não solucionados entre as duas partes (financeiros, muito provavelmente). Não é um cenário muito diferente do que acontece entre ela, FIBA, e CBB, portanto e acho bem prudente a Confederação Brasileira colocar todas as suas barbas de molho.

Creio, ainda, que haverá uma solução positiva para as seleções brasileiras até a próxima assembleia da FIBA (começo de agosto). Não que a CBB mereça, mas pelo simples fato que a Federação Internacional não querer se indispor ao ponto máximo com Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Comitê Organizador local e até Ministério do Esporte (o grande patrocinador do basquete brasileiro – 57% das receitas da Confederação vieram do governo em 2014).

Parece-me uma clara forma da FIBA escancarar para a opinião pública de todo mundo a deprimente gestão de Carlos Nunes à frente da Confederação Brasileira e uma pressão até o último fio de cabelo dos dirigentes brasileiros para pagarem o que devem à Federação Internacional (e aí fica até a lícita dúvida se não há mais o que pagar além do convite da Copa do Mundo de 2014 pois sabemos que a situação financeira da CBB é terrível).

Além disso, não custa lembrar que com este panorama desenhado a FIBA acaba forçando o técnico Rubén Magnano, da seleção masculina, a levar seu time completo para o Pré-Olímpico masculino (até que provem o contrário a vaga estará sendo disputada mesmo nas quadras mexicanas), algo que valoriza o evento de uma de suas afiliadas (FIBA Américas) e causa um enorme desconforto na relação da Confederação Brasileira e seus principais jogadores. O ano de 2015 fora programado para que atletas de NBA e Europa descansassem, chegando firmes e fortes para a preparação dos Jogos Olímpicos de 2016. Sem a vaga sacramentada, não há outra opção para Magnano que não convocar todas as suas peças (que situação ficou o técnico, hein…). Resta saber como eles irão reagir não a lista do treinador, mas a mais uma tenebrosa situação a que são submetidos devido a mais esta falha de gestão.

Falta quase um mês para os Pré-Olímpicos e ninguém sabe se o Brasil terá que jogar a vida por uma vaga no México (masculino) e no Canadá (feminino). Falta quase um mês para a Olimpíada e ninguém tem ideia se as duas seleções estarão na quadra para representar o país no Rio de Janeiro. O amadorismo dos dirigentes da CBB, desta CBB comandada por Carlos Nunes desde 2009, deixa tudo ainda no terreno da incerteza. E o pior é o seguinte: sem ser pressionado por opinião pública, atletas, presidentes de federação e clubes, não há a menor possibilidade de Nunes pedir para sair. Pobre basquete brasileiro.

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