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Sem a garantia da vaga olímpica, mais um mico da Confederação

Fábio Balassiano

18/03/2015 08h00

Quando, na semana passada, divulguei aqui a acertada decisão de Rubén Magnano a respeito da convocação da seleção masculina para o Pré-Olímpico fiquei com várias pulgas atrás da orelha. Por que diabos a FIBA ainda não teria concedido a vaga olímpica ao Brasil? Esta era a pergunta principal que me martelava.

Fábio Aleixo e eu fomos atrás do assunto e saímos com a matéria que está na capa de esportes do UOL neste momento. O motivo de as seleções nacionais ainda não terem sido confirmadas nos Jogos Olímpicos de 2016 está claro para quem quiser ler: como não pagou pelo convite da Copa do Mundo da Espanha de 2014 até agora a Federação Internacional decidiu retardar ao máximo a entrada do Brasil como país-sede nas Olimpíadas de 2016.

O recado, em português claro, é: "Ah, você não pagou o que nos deve até agora? E quer jogar a Olimpíada porque é o dono da casa? Vamos pensar no seu caso com muito carinho. Enquanto isso você pode jogar o Pré-Olímpico e garantir a vaga em quadra".

Que fique claro: este não é o primeiro caso de falta de pagamento da entidade máxima do basquete brasileiro a FIBA ou FIBA Américas. Duas fontes diretamente envolvidas com o caso informaram que o montante (da Copa do Mundo) é imenso e assusta por isso (fala-se em mais de US$ 300 mil pela segunda parcela que não foi paga em fevereiro deste ano), mas inacreditavelmente ainda há outras dívidas da CBB com as organizações que lideram a modalidade.

Não que eu concorde com o que está acontecendo, mas está claro que se trata de uma guerra política causada prioritariamente por causa de uma falha (na origem da questão) da Confederação Brasileira, que não pagou até agora o convite da Copa do Mundo masculina de 2014. E sabe-se lá quando (ou se) irá pagar pois a dívida da entidade presidida por Carlos Nunes, já imensa no final de 2013, deve ter crescido horrores no ano passado em função do convite (a primeira parcela foi paga), da falta de outro patrocinador forte e de novas formas de gerar receita.

Perdem o basquete brasileiro como um todo (notadamente as duas Ligas Nacionais – NBB e LBF -, que têm tentado fazer esporte sério por aqui) e aqueles que mais lutam para evoluir o esporte no país, os atletas (estes ainda calados e inertes, o que é um absurdo…). E perdem única e exclusivamente devido a falta de organização e planejamento da Confederação Brasileira. Ter aceitado pagar aquele valor absurdo pelo convite (quase R$ 3 milhões) obviamente traria efeitos colaterais imensos nas contas da CBB. Qualquer lunático veria isso. Qualquer lunático previa isso. A entidade máxima, porém, preferiu bancar a sua ideia e jogar a Copa do Mundo. Só esqueceu de pagar pelo que prometera.

Não pagou (o que não surpreende), deixa a Federação Internacional furiosa e será pressionada até a última ponta do cabelo pela entidade máxima da modalidade no planeta (a vaga olímpica por ser o país-sede é como uma grande moeda de troca). Triste, triste mesmo, é ver como o basquete brasileiro está sendo gerenciado neste governor Nunes desde 2009. E quem acompanha este blog sabe como são tocadas as coisas pela turma que habita o 16º andar do Edifício Bokel (Rio de Janeiro).

Totalmente fora de controle financeiro, sem nenhuma ideia nova para popularizar a modalidade e pagando um mico atrás do outro na relação com a FIBA. É assim que Carlos Nunes preside a entidade desde que assumiu. A situação é tão bizarra, é tão insustentável, é tão fundo do poço em termos de gestão, que uma reunião envolvendo COB (Nuzman), Ministério do Esporte, CBB e Federação Internacional já está marcada. E obviamente o tema não será ameno, tranquilo, calmo.

E aí eu volto com uma frase que já falo há anos por aqui: "Infelizmente não é possível analisar o basquete brasileiro apenas pelo que se passa dentro da quadra simplesmente pelo fato de a gestão influenciar diretamente no que vemos quando 12, 15 meninos e meninas saem à quadra para representar o país". A bola não entra por acaso, já disse certa vez algum bom entendedor do esporte por aqui. A máxima vale como nunca neste momento do basquete brasileiro.

Acho, sinceramente, que as chances de o Brasil ficar de fora das Olimpíadas são mínimas – e talvez seja com isso que Carlos Nunes esteja "jogando". Não creio que Horacio Muratore, novo presidente da FIBA, vá brigar até o final nesta questão com um parceiro importante no cenário mundial (e um parceiro que tem crescido bastante através principalmente do NBB, que fez os últimos três campeões da América e o mais recente campeão mundial).

Enquanto o prazo final para a definição da vaga ao país-sede não vem (ali em junho), no entanto, a FIBA irá pressionar com todas as suas forças (e armas) a CBB para receber o que a Confederação lhe deve.

Que cenário desolador, né?

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