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Uma semana após a eliminação, só bravatas por parte da CBB

Fábio Balassiano

18/09/2014 07h08

Ontem completou-se uma semana da eliminação da seleção brasileira masculina do Mundial da Espanha. Dois dias depois, o presidente da Confederação, Carlos Nunes, afirmou que pensa em fazer do Brasil a sede da Copa de 2019. Na terça-feira, fiz um texto aqui sobre mais uma falha de gestão na entidade máxima. No final do mesmo dia, ela "respondeu" em seu site (clique aqui).

Agradeço, sinceramente, à Confederação pela leitura deste espaço e nem vou entrar no mérito do que ela escreveu porque o título já diz tudo ("CBB marca presença nos Jogos Escolares"). "Marcar presença", para usar o termo que a entidade máxima aplicou, é algo bem simples. Você pega um avião, assiste à competição e… "marca presença".

Não há, portanto, nada programado para os próximos meses para as crianças de 11, 12, 13 anos que foram observadas pelo Coordenador Administrativo da Escola Nacional de Técnicos (ENTB). Victor Mansure (foto à direita), profissional a quem respeito, tem tentado fazer o máximo. O problema é que sua empregadora entende que o mínimo é o suficiente. E não é assim que funciona no mundo real. O que será feito para os 50 atletas 'cadastrados' (para usar uma expressão que está na matéria)? Até agora, nada concreto. Daqui a seis meses, um ano, 18 meses, este menino/menina terá 14, 15 anos e obviamente será muito diferente – com grande parte de seu desenvolvimento tendo sido perdido por absoluta falta de acompanhamento, monitoramento, treinamento apropriado.

O que continua faltando à CBB, portanto, é um projeto de basquete para o Brasil, algo que foi prometido por Carlos Nunes quando de sua primeira eleição em maio de 2009 (é só lembrar do PPT horroroso do Brunoro). Palavras, como diz a Cássia Eller, ao vento. Sobram bravatas, sobram matérias no site, sobram muitas coisas. Falta o básico – um projeto razoavelmente decente para a modalidade voltar a crescer.

Espanta-me, uma semana após a boa campanha do time de Rubén Magnano na Copa do Mundo da Espanha, que o basquete brasileiro continue enterrado em seu Mito da Caverna do Século XXI. Ninguém na Avenida Rio Branco reconhece o estado deplorável em que se encontra a modalidade. Ninguém, por lá, admite que o que se faz por aqui é o que há de mais atrasado em concepção esportiva, em gestão de empresa, em capacidade gerencial. E sabemos. O primeiro passo para você evoluir, em qualquer esfera de sua vida, é reconhecer que há um problema. O segundo é criar um plano de ação. A CBB não consegue dar o primeiro passo.

Não há, e já faz bastante tempo que escrevo (praticamente sozinho) sobre isso, nenhuma ideia da CBB para a base, para popularizar a modalidade, para captar jovens "altinhos" de 12, 13 anos, para fomentar os clubes que hoje estão totalmente quebrados, para capacitar de forma razoável os professores deste país. Não há, portanto, nenhum projeto concreto para a mudança. A palavra-chave é, mesmo, 'concreto' pois de ideias brilhantes a entidade máxima parece estar cheia como reforça a matéria oficial. Mas como disse uma vez um grande pensador, mais vale uma única boa ideia sair do papel do que ter 45 excepcionais que não conseguem sair dele.

Atônita, a "comunidade do basquete" assiste a tudo de forma calada, passiva, inerte, praticamente permissiva. Quase ninguém (clubes, federações, técnicos, atletas, imprensa, Ministério, COB, ligas etc.) levanta a voz contra os absurdos que há nesta gestão absolutamente bizarra de Carlos Nunes à frente da Confederação.

Assim sendo, a CBB, por sua vez, acha que está tudo bem, que está tudo ótimo, que o "basquete brasileiro está no caminho certo", como costuma dizer o seu presidente. Que caminho, Carlos Nunes? Que caminho é este? A modalidade aguarda esta resposta há anos. Mais precisamente desde o dia 4 de maio de 2009, quando você foi eleito.

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