Quarto lugar na Copa América Sub18 expõe fase ruim do basquete feminino
Fábio Balassiano
11/08/2014 01h03
Consegui ver todos os jogos do time do técnico Guilherme Vos (foto), que conseguiu em menos de um mês de treinos ao menos alcançar o objetivo final que era a vaga no Mundial (aqui mais do que escrevi a respeito). Mas de verdade não dá pra ficar feliz, não. Uma catástrofe maior só não foi vista, aliás, porque o triunfo na segunda rodada contra as hermanas argentinas veio naquele sufocante 61-56 graças aos 19-8 no último período. Do contrário, o trauma seria ainda maior (e pior). A campanha, de duas vitórias (Argentina e Chile) e três derrotas (Argentina, Porto Rico e Canadá) diz muita coisa. Mas não tudo.
O Brasil tem um time com estatura baixíssima, fundamentos abaixo da crítica e pouca mão de obra para pensar que o futuro pode ser bom. Dono de hegemonia continental (Estados Unidos fora disso obviamente) nos últimos anos, já é possível ver times femininos sendo derrotados por Canadá e Argentina (e nesta Copa América até Porto Rico tirou uma lasca, o que é uma tragédia). E os motivos são claros, óbvios e todos conhecem. São pouquíssimos clubes que ainda fazem basquete feminino no país. São menos ainda aqueles que fazem basquete feminino de base. São exceções aqueles que fazem basquete feminino de base com qualidade. E aí, obviamente, não dá para esperar nada diferente nem dos campeonatos continentais/mundiais de base e nem dos principais torneios adultos que temos visto nos últimos anos.
Aí você fica pensando: o que será que a Confederação Brasileira de Basketball está pensando em relação a isso? O que será que a turma da Avenida Rio Branco achou da Copa América Sub-18? Quais os planos para melhorar o nível técnico dos times de base? Qual a estratégia para fazer mais meninas jogarem basquete? Qual é a ideia para atrair mais clubes para a modalidade?
Algumas coisas deveriam ser feitas de forma urgente. A CBB poderia fazer uma parceria com duas cidades e colocar dois times de base (um Sub-21 e outro Sub-19, que irá jogar o Mundial em 2015) para jogar a próxima Liga de Basquete Feminino para as jovens ganharem experiência. Trazer algumas figuras importantes da modalidade para ajudar na formação de novos técnicos/técnicas é imperativo. Que tal ligar para Maria Helena Cardoso e ao menos ouvir o que ela tem a dizer? Garimpar talentos (e talentos altos preferencialmente) por este Brasil me parece urgente para minimamente aumentar a mão de obra do país. Que tal colocar alguém com boa visão para rodar o país procurando estas meninas que certamente há por aqui? Onde estão os grandes ídolos do país na modalidade? Será que Janeth e Paula (principalmente) não têm nada a contribuir em nada neste momento tão difícil? Por que a Confederação Brasileira não chama elas para uma conversa?
O basquete Feminino, só lembrando, é o responsável pelas últimas glórias do país em âmbito internacional. Pelo visto o passado de glórias continuará sendo apenas o passado. Com o presente estagnado, o futuro é muito sombrio para o basquete feminino. E isso é uma lástima.
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