Sub-18 não jogará o Mundial em 2015 - até quando teremos vexames assim?
Fábio Balassiano
23/06/2014 00h55
Vi os três jogos pelo site da FIBA Américas, mas não há análise tática ou técnica que possa ser feita quando um time perde todas as suas partidas (Canadá por 42 pontos, Porto Rico por cinco e República Dominicana por três) e tem mais desperdícios de bola (66) do que bolas de dois pontos convertidas (52). Esta mesma equipe foi disputar a Euroliga Junior e só levou surra (veja mais aqui). Seria leviano e injusto de minha parte, porém, apontar o dedo apenas para os treinadores e atletas. É preciso ampliar o olhar.
É um acinte, um disparate, uma seleção Sub-18, a última antes da categoria adulta, viajar para uma competição internacional com 12 dias de treino nas costas. É um absurdo, é um atestado concreto de incompetência. É uma prova contumaz contra a falta de competência dos dirigentes que deveria ser muito cobrada por quem de direito (Ministério do Esporte e COB), mas sabemos como as coisas funcionam – ou não funcionam, né…
Acho, também, que o sistema de treinamento dos clubes deve ser repensado, discutido, minimamente dialogado para que se chegue a uma conclusão se o que se faz aqui é bom ou defasado desde as categorias de base. Mas, por ora, a luz deve ser lançada mesmo na Confederação Brasileira, que deve (ou deveria) organizar e fomentar o basquete no país. E nem isso ela tem conseguido, obviamente. Seria ela, inclusive, que deveria ter uma área dentro de sua inchada estrutura para verificar a quantas anda o ensino da modalidade no país. Mas acho que isso, até pelo que é exposto neste espaço há anos, seria pedir demais…
Mas como sabemos que na entidade máxima NADA vai acontecer continuaremos na mesma. E nada vai acontecer porque os dirigentes da entidade máxima acham que está tudo bem, que está tudo ótimo, que as derrotas vieram "nos detalhes", que o "time estava evoluindo", que os "adversários tiveram sorte". Ou melhor. Vai acontecer, sim. O Ministério do Esporte, através da pasta de Alto Rendimento, vai despejar uma bolada na Confederação Brasileira que não consegue estruturar a modalidade há 15, 20 anos. A questão central é: vai despejar esta bolada toda na mão de Nunes e companhia mesmo? O meu dinheiro, o seu dinheiro, vai parar na conta da CBB para que ELA invista no basquete da maneira medíocre que ela vem fazendo há 15, 20 anos? É sério isso? Chega a ser irônico, ou trágico, que em um mundo cada vez mais profissional a Confederação consiga ser cada vez mais… amadora, inflada com recursos públicos e com dívidas cada vez mais crescentes.
O cenário é o mesmo há 15, 20 anos. Não mudou até hoje por uma razão bem simples: é a mesma "turminha" que comanda o esporte que a gente tanto ama há 15, 20 anos. E repetindo a pergunta de sempre: se faz-se sempre igual, como esperar resultados diferentes?
Não subestimemos a falta de qualidade desta "turminha", pois as competições internacionais continuam e novos tombos certamente (e infelizmente) virão. Pela proa está o Mundial Feminino Sub-17. E as meninas viajarão para a República Tcheca tendo treinado por apenas 14 dias. Quais as chances de essas meninas conseguirem uma colocação boa? Por mais que a gente torça (e eu vou torcer pelo sucesso delas), a preparação naturalmente não foi bem feita, não foi duradoura, não foi recheada de amistosos como deve ser. A lamentar, apenas, que quase ninguém da imprensa esteja olhando para o trágico momento do basquete – momento de 15, 20 anos, diga-se de passagem…
A marcha fúnebre nem é a música mais apropriada para fechar este texto. Simplesmente não é porque ninguém agüentaria ouvir a mesma, e triste, canção pelos 15 anos que o basquete brasileiro tem sido vitimado por gestões tão rasas, tacanhas, recheadas de pessoas sem a menor experiência administrativa, corporativa, nada. São pessoas que, desculpe dizer isso, não acrescentam em nada ao esporte.
Fiquemos com o silêncio então. É assim que os dirigentes estão acostumados a (não) responder nos casos (freqüentes) de insucessos recentes, não é mesmo?
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