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Sobre a convocação final da seleção brasileira para a Copa do Mundo

Fábio Balassiano

19/06/2014 08h55

Coloquei aqui ontem um texto sobre a convocação de Rubén Magnano (foto à direita) para a Copa do Mundo que será realizada na Espanha. Li atentamente os comentários de vocês. Lá no Facebook, onde a discussão também foi acalorada, também (aqui). Vamos ao que penso disso tudo.

1) Em primeiro lugar, é IMPOSSÍVEL dissociar a convocação de Rubén Magnano (10 nomes) para a Copa do Mundo da do Sul-Americano (16 nomes) de semana passada. Já havia falado isso na semana retrasada, vejam aqui. É uma lista de 26 nomes, portanto, com 10 praticamente garantidos no mundial da Espanha e outros 16 brigando por duas vagas. Só se houver lesões ou uma mudança muito grande de rota é que os 10 chamados ontem não atuarão em solo espanhol.

2) O Luis Araujo ouviu o Magnano, que disse que Lucas Bebê PEDIU para não ser convocado. O pivô do Estudiantes (Espanha) vai fazer a sua migração Europa-NBA."Ele nos ligou para informar que queria se apresentar ao período de treinos da NBA com o Atlanta Hawks (que adquiriu os direitos do pivô no Draft de 2013). Foi por esse motivo que ele foi tirado da lista", Magnano. Não acho errado o que Bebê fez, não. É um momento importante de sua carreira e é preciso respeitar a decisão do atleta e de seus agentes. De todo modo, é importante ele colocar em perspectiva o seguinte: ele tampouco jogou na seleção em 2013, ano que foi escolhido pela franquia da Geórgia. E em dois anos teremos Olimpíada no Rio de Janeiro, sua cidade. Sobre Vitor Faverani, o pivô do Celtics está machucado e não poderá defender a equipe nacional.

3) Eu sinceramente fico sem entender como em um grupo de 26 atletas (a nata do basquete brasileiro para a comissão técnica da CBB, portanto) não figuram os nomes de Lucas Cipolini (foto à esquerda), Paulão, Murilo (pode ser que este pela paternidade recente, mas não sei bem pois ele quase nunca é lembrado), Marcus Toledo e Caio Torres (convocado para a Olimpíada de 2012, é bom lembrar). Podem não ser fenômenos do basquete mundial (e não são mesmo, em minha opinião), mas em um grupo de quase 30, em um país cuja mão de obra qualificada na modalidade é tão escassa, eles deveriam estar, sim, em minha opinião.

4) Muita gente critica a alta faixa de idade dos dez convocados por Rubén Magnano ontem (32 anos de média). Mas depois de 12 anos sem ir a uma Olimpíada, micos imensos em mundiais e a recente tragédia na Copa América de 2013 (favor lembrar que o Brasil irá jogar a Copa do Mundo após ter PAGO um convite), é natural, lícito e até óbvio que a seleção brasileira não queira correr risco de absolutamente nada. Quanto mais "tiro certo" for, melhor. E para o técnico da seleção brasileira adulta, pensar no momento (e não no futuro) não me parece totalmente equivocado (embora uma coisinha aqui e outra ali poderiam ser mexidas). Jovens erram mesmo, é natural. E na atual fase do basquete brasileiro quanto menos errar melhor. Faz parte do buraco em que a modalidade se meteu nas últimas décadas e da tentativa (sem planejamento ou fundamentação alguma, é verdade) que a CBB tem feito (ou mal feito) para tentar recuperar a (desgastada) imagem do basquete interna e externamente.

5) Vejo muita gente reclamando da convocação de Marcelinho Machado (foto à direita). Aos 39 anos, ele anunciou que se despedira da seleção há dois anos, não jogou a Copa América de 2013 e muita gente realmente já o colocava como carta fora do baralho magnaniano. Mas ele disse que voltaria, e Magnano optou por convocá-lo para a Copa do Mundo. Olha, de verdade mesmo, eu não chamaria Marcelinho (não pela idade, mas porque seu jogo já provou não ser efetivo nas competições Classe A – Olimpíadas e Mundiais), mas não acho um equívoco absurdo que ele esteja lá, não. Ele foi campeão do NBB e da Liga das Américas pelo Flamengo recentemente, e tendo um papel MUITO efetivo na rotação de José Neto (17,3 pontos e 38% nas bolas de três pontos na competição nacional). Você pode pensar em renovação (embora seja importante levar o ponto 4 aqui de cima em consideração), mas não dá pra dizer que é injusto ou coisa do gênero, não. Não foi pedindo, mas em quadra que o jogador rubro-negro fez por onde ser chamado. Insisto. Se eu chamaria? Não. Se é absurdo ele ter sido convocado? Tampouco.

6) Está claro que há um hiato muito grande entre uma geração que tem 30 ou mais (Huertas, Nenê, Anderson, Splitter etc.) e a outra de 20 e pouquinhos que está surgindo agora (Caboclo, Humberto, Lucas Dias, Deryk, Gegê, Ricardo Fischer etc.). Onde estão os rapazes de 25/26 anos que já deveriam estar consolidados no mercado internacional ou interno? Não há, né. Pensem no número de alas, pivôs e armadores BONS que surgiram nos últimos anos e que simplesmente "pararam" de evoluir, crescer. Pensem no altíssimo número de atletas que eram considerados promessas e que simplesmente não conseguiram dar o passo seguinte. Você, de casa, consegue pensar em, brincando, 10, 15 nomes, não? E isso fala MUITO sobre o péssimo trabalho de base e de acompanhamento destas revelações que é feito pela Confederação Brasileira, e também sobre o problema de desenvolvimento de talentos que há nos clubes brasileiros também. Não é coincidência que os melhores jogadores brasileiros da atualidade (Tiago Splitter, Nenê, Varejão, Huertas e Leandrinho – a ordem foi aleatória, ok) tenham saído do país para treinar no exterior (Europa ou NBA) antes de completarem 22 anos de idade (Splitter, na verdade, foi para a Espanha com 15…). Olhem Marcelinho Machado aos 39 anos em uma quadra de NBB sendo efetivo e vejam se não há algo errado. Não com ele, mas com o trabalho de formação que deveria colocar meninos em melhores condições de pleitear uma vaga diante na equipe nacional APÓS (e não antes) terem ido bem em competições em solo brasileiro (ou no exterior).

7) Há um ponto grave na convocação dos 26 atletas – e que venho falando desde o ano passado na Copa América da Venezuela. Não há alas altos que possam marcar no perímetro na lista. Alex Garcia surge como a única confiável, e boa, opção de marcação fora do garrafão. Mas Alex tem 1,90m apenas. E o Brasil sofreu horrores com isso na competição de 2013. É uma imperfeição que pode gerar alguns problemas em uma competição como é a Copa do Mundo, com alas altíssimos e ao mesmo tempo rápidos. Por isso o nome de Marcus Toledo (foto à direita), em minha cabeça, fazia sentido (ao menos para ver como ele se sairia nos treinamentos). Em uma competição de tiro curto, porém com muitas variações de uma partida para a outra, ter uma arma diferente vindo do banco (sem ser aquelas que só pensam no lado ofensivo) para mim seria fundamental. Do grupo de 10 com Magnano, não há atleta com esta característica. Do que estará com Neto no Sul-Americano, Jhonatan, de Franca, é o único (ele tem 1,98m) tem condição para tal.

Ufa. É isso tudo mesmo o que penso. Concorda comigo? Faltou algum ponto? Comente aí!

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