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O balanço financeiro da Confederação Brasileira - o trágico ano de 2012 e o que vem por aí

Fábio Balassiano

24/06/2013 01h40

Como venho fazendo há algum tempo aqui no blog, começarei a publicar essa semana uma análise completa sobre o balanço financeiro da CBB (ano base 2012). Seguiremos a seguinte dinâmica:

24/06 – Apresentação dos números e alguns pontos interessantes
25/06 – Minha análise do balanço
26/06 – Análise do brilhante Professor Jorge Eduardo Scarpin, doutor em Contabilidade pela USP e docente do mestrado de contabilidade da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
27/06 – Perguntas sobre o balanço para a CBB

Então vamos lá. No dia 12 de março deste ano, o presidente Carlos Nunes (foto à direita), reeleito para mais um mandato na entidade máxima, deu entrevista ao site da Confederação (único veículo que ele dá entrevistas longas, diga-se de passagem e sem surpresa alguma). Lá ele disse o seguinte: "As contas apresentadas na Assembleia foram, de uma maneira geral, muito positivas, pois conseguimos diminuir o déficit de 2012. Fizemos uma contenção de gastos acentuada, com o objetivo de equilibrar os valores. O motivo do déficit foi uma defasagem no patrocínio da Eletrobras. Alguns itens foram glosados, pois o contrato não previa. E por força burocrática, o patrocinador teve que glosar. Essa mudança acarretou em uma perda substancial de quase R$ 4 milhões e resultou em uma dívida do mesmo valor. Mas isso está sendo resolvido".

Na verdade, Nunes não começa muito bem sua análise (e fico muito chocado que os membros da Assembleia tenham aprovado um absurdo que foi este balanço financeiro). O ano de 2011 terminou com uma dívida de R$ 7 milhões, um aumento de 39% em relação a 2010. O de 2012 fechou com R$ 8,8 milhões de dívidas, um crescimento de R$ 1,8mi em relação ao ano anterior, ou 25,7%. Como Nunes pode dizer que "As contas apresentadas na Assembleia foram, de uma maneira geral, muito positivas, pois conseguimos diminuir o déficit de 2012" eu sinceramente não consigo entender. Isso, claro, sem eu falar nos empréstimos bancários, outro absurdo de proporções grandes (possui cerca de R$ 4 milhões em empréstimos bancários, quase o mesmo montante de 2011).

A Confederação, cujo castelo é erguido basicamente com dinheiro público (é sempre fundamental lembrar disso!), alega que teve um problema de receita, mas não é bem assim. Em 2011, teve R$ 25,2 milhões pra gastar. Em 2012, andou de lado, com R$ 25,7 milhões. Para uma entidade que estava em péssimo momento financeiro, era o momento de pisar no freio nas despesas, não? A resposta da CBB foi não. Gastou um pouco mais do que arrecadou, terminou com déficit anual de R$ 31 mil e não reduziu em nada suas despesas administrativas, um de seus principais problemas (subiu de R$ 9mi em 2011 para R$ 9,4mi em 2012). Em 2013, como o próprio Nunes fala em sua entrevista ao portal oficial, a Eletrobrás não vai despejar tanta verba, vale ficar atento a isso (futuro ainda mais nebuloso).

Esta é a entidade que irá receber, em 2013, mais de R$ 14,8 milhões do Ministério do Esporte (se não fosse este montante, certamente a modalidade estaria ainda mais quebrada, não é equivocado dizer). É uma entidade que não consegue fazer um ano financeiro decente, e tampouco investe no esporte de maneira planejada, coordenada, correta (leia mais aqui e aqui). Só lembrar que as preparações das seleções de base foram uma tragédia e os Campeonatos de Base quase não aconteceram. É inacreditável que, depois de tudo o que Nunes e seus gestores fizeram nos últimos dois, três anos o Ministério ainda os agracie com mais de R$ 14mi neste ano, sinceramente (leia mais aqui).

Escárnio, não? Continua amanhã. E continua pior, posso garantir.

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