NBA volta à Band após 19 anos com comentarista que vendeu casa para ver o Warriors

A história da NBA na Band vem de longe. De 1988 até o ano 2000 a emissora era figurinha fácil quando as câmeras das transmissões norte-americanas exibiam a área da imprensa internacional e encontrávamos os rostos de Luciano do Valle e Álvaro José. De Michael Jordan a Kobe Bryant, a emissora trouxe momentos memoráveis da modalidade ao Brasil, viveu um hiato, mas retorna em 2019 a exibir o melhor basquete do mundo a partir dessa quinta-feira, 22h, data do jogo 1 da final entre Toronto Raptors e Golden State Warriors, no Canadá.

E com um elenco de respeito. Remanescente daquela época saudosa e maravilhosa, o comentarista Álvaro José permanece no time: "Voltar a comentar NBA é um prazer imenso pra mim. De 1988 a 2000 ou comentei ou narrei todas as finais da liga na Band. Retornar para esta decisão é incrível e estou pronto para vivenciar uma grande final", disse Álvaro, que agora conta com a narração de Ivan Bruno e as análises do ex-jogador Danilo Castro e de Eduardo Barão.

Âncora da Rádio BandNews e apresentador da BandNews TV, Barão acompanha a NBA desde a década de 90, já apareceu no blog com um texto pra lá de especial em 2017 e entende muito do jogo. Torcedor declarado do Golden State Warriors, o jornalista conversou com o blog para viver uma experiência diferente em sua carreira – comentar um jogo do melhor basquete do mundo, e justamente em uma decisão.

BALA NA CESTA: Como você recebeu o convite para comentar as finais da NBA? Quando aconteceu, como você recebeu a notícia e como tem sido a sua preparação para entrar no ar na quinta-feira?
EDUARDO BARÃO: Eu recebi o convite do José Emilio Ambrósio, que é o nosso diretor de esportes aqui na TV, um pouco antes da Band fechar essa parceria com a NBA para as finais. Um detalhe legal é que foi o José Renato Ambrósio, repórter da ESPN e filho do Zé Emílio, que lembrou ao pai que entendia do negócio. Encontrei com o Zé Renato nas 3 finais que eu fui. Aí o próprio pessoal aqui da Band confirmou ao Zé. Ele me falou que estava sendo negociado, e o pessoal sabe que eu gosto, que acompanho e se tinha interesse em participar. Disse, obviamente, que sim. Quando finalmente houve a confirmação que a Band voltaria a exibir a NBA, pra alegria de todo mundo que gosta de basquete, foi sensacional. Vou participar da transmissão das finais e foi muito legal. Sobre preparação, o Golden State digamos que conheço um pouquinho da história (risos). Então fiquei acompanhando os playoffs, vi todos os jogos, já tinha visto a temporada regular e fiquei ainda mais atento às finais do Oeste. Do outro lado confesso que imaginei que o Bucks fosse ganhar o Leste, mas aí o Kawhi Leonard arrebentou e deu Toronto. A torcida do Raptors sempre foi muito calorosa, então estou numa expectativa danada pra ver essa decisão inédita pros canadenses e pela quinta vez pro Warriors.

BNC: Muita gente sabe, mas acho que vale relembrar. Você é reconhecidamente torcedor fanático do Warriors, e foi inclusive às finais recentes como torcedor. Quão emocionante será para um cara que ama tanto a NBA e a um time comentar jogos tão importantes como estes?
BARÃO: Sou torcedor fanático mesmo do Warriors. Fui a três finais seguidas (2015, 2016 e 2017). Fui em Oakland em 2015, em 2016 fui a Cleveland ver o jogo e a vitória do time. Em 2017, eu vi o jogo final da série no dia que o Warriors foi campeão e completei 40 anos. Vi 5 jogos in loco e ganhou todos. Inclusive um em 1997 contra o Charlotte do pai do Curry, o Dell. Ano passado não fui porque estava na Copa do Mundo. Pra mim é absolutamente especial. Eu era criança quando via o Luciano do Valle narrando aquelas equipes fantásticas do Lakers, do Chicago, do Celtics. Pra mim é um sonho sendo realizado agora ao comentar a NBA na Band. Imagina, cara. Eu moro de aluguel hoje em dia. O dinheiro da venda da minha casa antiga eu usei boa parte para realizar meu sonho de ver o Golden State ao vivo em um ginásio. Você se lembra nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, quando comentei basquete pras Rádios do Grupo Bandeirantes, naquela época eu já tinha comentado o esporte. Não irei torcer pra nenhum dos dois lados, obviamente. Já faço transmissões esportivas pra BandNews, sou são-paulino, não vou privilegiar nada nos meus comentários.

BNC: A transmissão da Band terá, além de você, uma lenda no Alvaro José. Imagino que você tenha visto muito a NBA na Band com ele comentando e Luciano do Valle narrando. Já pensou que a criança Eduardo Barão, em, sei lá, 20, 30 anos, agora está ao lado do comentarista Alvaro José?
BARÃO: Ele é uma lenda do esporte. Uma figura especial, gente finíssima, assim como o Danilo e o Ivan Bruno. São caras que entendem muito e vai ser muito legal. Faz muito tempo que um canal de TV Aberta não transmite NBA. Então você vai oferecer um produto sensacional para um público que hoje em dia não consegue acompanhar a liga na TV por assinatura. Isso te abre um leque absurdo.

BNC: O que podemos esperar das transmissões da Band? A emissora tem investido cada vez mais em esporte e tem uma veia bem conhecida no basquete (exibe o NBB há 2 temporadas).
BARÃO: Você expande um pouco mais dessa transmissão, então acho que é necessário ter um pouco mais de cuidado, ser mais didático porque falaremos com pessoas que não necessariamente têm contato com a modalidade de forma usual. Detalhes que em transmissões de ESPN e Sportv, fechados e específicos, podem, sim, ser dados em uma transmissão aberta, mas com um pouco mais de explicação, cuidado. Terá muita informação e emoção, marcas da Band desde sempre. A Band já está investindo pesado no NBB com a transmissão dos jogos, e agora com a NBA vai ser uma experiência legal. Tomara que tenhamos uma audiência legal, para que na próxima temporada tenhamos exibição da temporada inteira. Vai fazer bem pra todo mundo.

BNC: Racionalmente falando, o que você espera da final? Tem palpite?
BARÃO: Acho que vai ser duro, muito duro, mas o Golden State leva. Você mesmo escreveu uma matéria mostrando que quando estava no San Antonio Spurs o Kawhi Leonard quase ganhou sozinho do Warriors antes do lance com o Zaza Pachulia, um lance polêmico. Até aquele lance ele estava destruindo o Golden State. Ele é um cara raro, extraordinário no ataque e na da defesa. Venceu o Sixers com um lance histórico, jogou muito contra o Bucks. Se ele repetir isso tudo vai ser muito difícil. Ninguém sabe do Kevin Durant ainda. Imagino, então, que o Andre Iguodala será o marcador do Kawhi. O Toronto tem uma característica que o Warriors não gosta muito: jogadores que pontuam perto da cesta. O Warriors tem o Draymond Green, mas não muitos jogadores de confronto físico. O Raptors tem o Paskal Siakam, o Serge Ibaka e o Marc Gasol, caras que podem incomodar bastante perto da cesta. Pra te dar um placar, acho que o Warriors leva por 4-2, mas depende muito das bolas de três do Steph Curry e do Klay Thompson, além da defesa do Green. Vamos ver se DeMarcus Cousins e Kevin Durant voltam, mas não dá pra descartar a empolgação da torcida do Toronto, o mando de quadra dos canadenses e o talento do Kawhi.