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Bala na Cesta

Crônica da troca anunciada: o que a provável saída de Kawhi Leonard representa pro Spurs e NBA?

Fábio Balassiano

18/06/2018 06h10

O mundo da NBA não está nem aí pra Copa do Mundo (ainda mais com os EUA fora). Na semana passada, o assunto que tomou conta das redes sociais foi a notícia divulgada pela ESPN em primeira mão que Kawhi Leonard teria pedido ao San Antonio Spurs para ser trocado.

Quem acompanha este blog e o noticiário sabe que não é algo novo, inesperado. A relação entre atleta e franquia tinha azedado desde o final da temporada (agora) retrasada, quando a lesão após o choque com Zaza Pachulia não foi totalmente (e bem) curada. Leonard procurou tratamento fora do San Antonio Spurs, sequer esteve acompanhando as partidas do time e não falou com o técnico Gregg Popovich por quase todo campeonato. Já naturalmente calado, Kawhi entrou em uma bolha, tornando qualquer tipo de diálogo entre ele, comissão técnica e demais jogadores impossível.

Pro Spurs, é um golpe duro depois de todo trabalho de desenvolvimento com um cara que foi trazido em uma das trocas mais geniais de Draft da história da NBA. De insosso décimo-quinto pick em 2011 trocado por George Hill para o Indiana Pacers até o MVP das finais de 2014, Kawhi foi trabalhado de forma meticulosa pela franquia em todos os fundamentos do jogo até se tornar um dos melhores jogadores da liga nos dois lados da quadra. Foi realmente espantoso no cara que ele se formou. E ninguém, ninguém mesmo, acreditava que ele fosse se tornar um cara tão completo assim. Sem ele, o San Antonio torna-se um time totalmente comum e bem longe de poder brigar por qualquer coisa grande na liga.

Pra azar da franquia texana, quando um jogador demanda uma troca naturalmente seu valor de mercado torna-se menor. E Kawhi ainda tem um agravante: seu contrato expira ao final do campeonato 2018/2019, ou seja, o próximo. Sem uma garantia por parte dos times de que o comprometimento do ala será de longo prazo, algo que aparentemente só o Los Angeles Lakers tem (o camisa 2 teria dito a interlocutores que deseja ir jogar com os angelinos mesmo…), o que um time que sabe que pode perder Leonard em um campeonato daria em troca? Não muita coisa, não é mesmo?

É difícil, portanto, não imaginar Kawhi Leonard ou no Los Angeles Lakers ou em um time como o Philadelphia. Ambos têm jogadores para ceder, peças jovens no elenco para fazer o Spurs dificultar menos a parada, já que partiria com algo para um time rejuvenescido, e a chance de, logo de cara, darem um salto de qualidade que fariam Kawhi mais feliz.

É bom deixar claro que no contrato de Kawhi Leonard não há nenhuma cláusula de veto à troca alguma, ou seja, o San Antonio Spurs pode trocá-lo para qualquer time da NBA. O óbvio ululante, claro, é que já sabendo que o destino preferencial de Leonard é Los Angeles (Lakers) nenhuma das outras 28 franquias vai arriscar dar muita, muita coisa para um cara que pode sair depois de um ano.

O exemplo de Paul George, que saiu de Indiana com um ano de contrato para o Oklahoma City Thunder (que arriscou tudo por sua conta e risco para tentar um título que não veio), ainda está na memória de todo mundo.

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