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Bala na Cesta

Impacto pós-olímpico: Liga de Desenvolvimento de 2016 terá apenas 11 clubes

Fábio Balassiano

25/08/2016 14h00

ldb1Começou o período difícil do esporte brasileiro depois do derramamento de dinheiro visando a Olimpíada de 2016. O UOL fez matéria a respeito disso aliás. Com a economia em frangalhos e a troca no Ministério do Esporte (chegou recentemente Leonardo Picciani), projetos/atletas que tinham como principal patrocinador o Governo Federal perderão bastante força.

No basquete, o primeiro impacto disso vem justamente de onde a gente menos queria ver. Será na Liga de Desenvolvimento, principal campeonato Sub-22 do país e que estava com o aporte financeiro federal praticamente aprovado quando estourou a crise política que mexeu com a estrutura inteira da pasta agora liderada por Picciani (antes era chefiada por Ricardo Leyser). Organizada pela Liga Nacional de Basquete, a LDB contou com aporte do Ministério do Esporte em suas primeiras cinco edições. Na deste ano, nada feito.

lnb1O resultado? Ao invés dos 24 clubes de 2014 e de 2015, a edição de 2016 que começa na próxima segunda-feira terá apenas 11 agremiações. Outro impacto? Para serem campeões, Basquete Cearense (2014) e Pinheiros (2015) precisaram fazer 28 jogos. Neste ano, o campeão disputará apenas 10 partidas. Impacto final? De todos os participantes, só Flamengo, Franca e Minas disputam o NBB e estarão nesta edição da LDB. Equipes tradicionais como Paulistano, Bauru, Basquete Cearense e Pinheiros (estes os dois últimos campeões), optaram por não jogar nesta edição. Alguns leitores me alertaram sobre um possível aumento no valor da inscrição como sendo causador das desistências, mas apurei que, na verdade mesmo, o acréscimo foi de apenas R$ 8 mil, saltando de R$ 22 mil em 2015 para R$ 30 mil em 2016 para cobrir todos os custos (passagem, hotel, transporte interno, alimentação etc.). Nada tão assustador assim, vamos combinar. Mais informações sobre o regulamento, sobre as duas chaves e detalhes do campeonato você encontra aqui.

ldb1Não resta dúvida que esta é uma notícia pouco animadora para começar este novo ciclo olímpico, principalmente pelo fato de termos um Mundial Sub-19 pela proa. E explico Em 2015 a Liga Nacional abriu as portas para a seleção masculina Sub-17 fazer jogos na Liga de Desenvolvimento para se preparar para o Sul-Americano (certamente já sabia do planejamento que a CBB não teria para preparar os meninos). Neste ano de 2016 houve a Copa América Sub-18 em que a equipe nacional foi representada basicamente pelo Pinheiros e se classificou para o Mundial Sub-17 que será jogado no próximo ano.

treino_ECPCom a LDB esperava-se mais uma vez que houvesse a seleção se preparando para o Mundial de 2017, mas não será possível. Que fique claro: treinar uma seleção nacional não é responsabilidade da Liga Nacional, mas obviamente a ausência de verbas federais traz este impacta também. Outra coisa que é importante esclarecer desde já: o que está acontecendo agora NÃO é reflexo da campanha pífia da seleção brasileira na Olimpíada, mas sim de uma mudança na forma de patrocinar o esporte por parte do Ministério do Esporte, que está revendo todos os projetos desde a chegada de Picciano.

ldb3De todo modo, é importante dizer que ter uma LDB pequena é melhor do que não tê-la. Tenho absoluta certeza da frustração do pessoal da Liga Nacional em não ter conseguido viabilizar um torneio de jovens tão bom ou melhor que nos anos anteriores (os números estão claros no texto e negar o óbvio é uma loucura que ninguém pode cometer).

Tenho, também, total segurança que a força de vontade da entidade que organiza a LDB foi fundamental para ter conseguido, mesmo a duras penas e com as dificuldades financeiras apresentadas, viabilizar uma competição que não poderia, de forma alguma morrer, sair de cena.

lnbTorço sinceramente para que a Liga Nacional encontre forças (e ideias) para desde já planejar a edição de 2017 com a força dos anos anteriores.

Torço, sobretudo, para que a LNB, entidade séria e voltada para o desenvolvimento do esporte, tenha sucesso ao buscar investidores não apenas federais para todas as suas esferas. Tendo em vista o atual cenário e a imprevisibilidade política e financeira do país, quanto menos depender do aporte do Ministério do Esporte, menos risco teremos para o futuro tanto de NBB quanto de LBF e LDB.

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