Vencer não é o bastante - EUA levam ouro no masculino, dão show e encantam o público
Chegou ao fim a Olimpíada do Rio de Janeiro. Coloquei minhas impressões do evento no Facebook Bala na Cesta, mas aqui vocês querem saber mesmo é de basquete, né? E os Jogos acabaram com o terceiro título consecutivo para os EUA, que bateram na Arena Carioca I neste domingo a ótima seleção da Sérvia por 96-66.
Seleção Feminina dos EUA amplia hegemonia
Só que não foi "apenas" uma vitória. Os norte-americanos deram um verdadeiro espetáculo, dominando a partida completamente a partir do segundo período e vendo este fenômeno do basquete chamado Kevin Durant (foto ao lado) marcar 30 pontos em 30 minutos como se fosse a coisa mais fácil do mundo. Foi um festival de enterradas, bolas de três (10 vezes), tocos (6), defesas sufocantes e passes (24 assistências em 34 arremessos convertidos) que deixou todo mundo na Arena de boca aberta. No final, mais do que comemorar os atletas de Coach K interagiram com os torcedores, tirando fotos, acenando e saindo do Rio de Janeiro com ainda mais simpatia dos fãs do que quando chegaram.
No jogo do bronze, a Espanha venceu a Austrália por 89-88 em um final bastante polêmico. Após um primeiro tempo morno, espanhóis e australianos fizeram uma segunda etapa de excepcional nível, trocando cestas, invertendo lideranças, evitando diferenças de pontos altas e chegando aos dois minutos finais com todos na arquibancada de boca aberta sem saber o que iria acontecer. No duelo particular entre Pau Gasol (31 pontos e 11 rebotes – que craque absurdo!) e Patty Mills (30 pontos), os árbitros acabaram tendo papel fundamental no resultado final do jogo no lance abaixo quando a Espanha perdia por um ponto a 10 segundos do final e Sergio Rodriguez foi em direção a cesta:
Em primeiro lugar: este é um lance pra lá de difícil. Onde estava, na arquibancada, na hora eu disse que não foi falta. Vendo o replay, depois do jogo, fiquei na dúvida. Só em casa, revendo milhões de vezes, é que cheguei a (minha) conclusão que Patty Mills não esboça contato algum para deter Rodriguez, que se embola no pé do australiano e cai. De todo modo, é um lance bem difícil, porque há movimento de Mills (movimento de marcação, não de falta) e isso acaba confundindo tudo. No final das contas, falta marcada, dois lances-livres convertidos, erro na saída de bola da Austrália e medalha com a Espanha para coroar o trabalho de uma geração fantástica liderada por este esplêndido ala-pivô chamado Pau Gasol. Ibéricos retornam pra casa com três medalhas seguidas em Olimpíadas (2008, 2012 e 2016) e com a ciência que se tivessem jogado melhor a primeira fase poderiam muito bem ter feito nova final contra os EUA.
No jogo do ouro eu gostei muito da postura inicial da Sérvia. Protegeu bem o aro para evitar rebotes ofensivos, diminuiu a velocidade do jogo, queimou faltas para deter as transições norte-americanas e manteve Raduljica longe das faltas para ter o seu pivô mais forte o maior número de minutos possível. Isso aconteceu por 7, 8 minutos. Os sérvios venciam, até certo ponto tinham nos americanos sob controle. Dali pra frente foi o caos, foi tudo caótico para os europeus.
A marcação do time de Coach K apertou, os contra-ataques apareceram, as bolas de três de Kevin Durant apareceram (algumas do meio da quadra) e a vantagem foi aumentando de maneira incrível. No intervalo tínhamos 52-29. No final do terceiro período, vantagem americana de 36 pontos, algo absurdo para uma final olímpica mas que mostra exatamente não só o que foi o jogo mas em qual patamar os americanos estão no ranking de forças do mundo. A discrepância, quando eles jogam bem, quando eles se preparam bem, quando eles jogam focados, quando eles levam, enfim, tudo isso muito a sério é absurda, muito absurda. Com exceção da Espanha, que conseguiu equilibrar bem o jogo em alguns momentos da semifinal, tanto em quartas-de-final como em decisão não houve muito duelo, não.
Por fim, vale falar de Coach K e Carmelo Anthony. O primeiro sai de cena como técnico da seleção norte-americana (vem aí Gregg Popovich, do San Antonio Spurs) que conseguiu colocar de novo o respeito por jogar com a seleção em primeiro lugar. Para nós, brasileiros, pode parecer meio incrível que alguém do circuito universitário tenha tanta moral com estrelas da NBA. Quem ficou até o final do dia no ginásio viu como TODOS os atletas da equipe vieram abraçá-lo, agradecê-lo pela oportunidade. Mike Krzyzewski, multicampeão por Duke, é um dos melhores do planeta e ponto final.
Carmelo Anthony, por sua vez, conquistou o seu terceiro ouro olímpico, tornando-se o maior vencedor da modalidade entre os homens. Mais do que isso: no Rio de Janeiro se colocou como o maior cestinha dos EUA em Olimpíadas. Trouxe a liderança de quem está na seleção há dez anos para um elenco jovem e sem experiência olímpica (10 dos 12 conquistaram o ouro pela primeira vez) e, respeitado por todos no grupo, foi a voz de Coach K em quadra de Jerry Colangelo, presidente da USA Basketball, fora dela. Subiu de patamar, também, pelas atitudes de fora de quadra. Visitou o Morro de Dona Marta, bateu bola na quadra da comunidade, atendeu a todos da imprensa com a maior educação do mundo e tentou compreender um pouco da cultura do país. Ganhou pontos com todos, sem dúvida alguma.
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