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Bala na Cesta

Míope, CBB 'esconde' seleções brasileiras antes da Olimpíada do Rio

Fábio Balassiano

13/07/2016 01h00

rio2016Não sei se vocês repararam, mas em menos de 30 dias estará começando mais uma Olimpíada. A Olimpíada do Rio de Janeiro. Aquela que será a primeira na América do Sul. A primeira, obviamente, no nosso país. Uma oportunidade única para a população entrar em contato com os atletas, para os famosos esportes olímpicos popularizarem suas modalidades, mostrarem ao povo os ídolos e criarem vínculo com a galera. Faz sentido, não?

Para a Confederação Brasileira de Basketball, infelizmente a resposta é não. Seja em Campinas, onde treina a seleção feminina, seja em São Paulo, onde os rapazes de Rubén Magnano se preparam, as duas seleções brasileiras estão enclausuradas em seus hotéis e em seus ginásios sem realizar NENHUMA ação social / de popularização da modalidade. Nenhuma surpresa para quem sabe como (não) funcionam as coisas na CBB, mas é absurdamente espantoso.

cbb1Do meu canto já havia me assustado com os horários que o Brasil entrará em quadra nas Olimpíadas (sempre de tarde!). Tampouco compreendi a opção de ter os dois times nacionais treinando em São Paulo e não no Rio de Janeiro, local das competições e para entrar em contato com a população da cidade que receberá os Jogos Olímpicos. Me choquei fortemente quando notei que não houve absolutamente NADA de diferente programado pela CBB para este período pré-olímpico em nosso país. Nem um Media Day diferente, nem uma sessão de fotos, nem um lançamento de camisas, nem uma visita a escolas ou hospitais, absolutamente nada. Na boa, isso é míope demais e eu não sei nem descrever o que sinto quando penso na oportunidade que o basquete está perdendo em 2016.

Argentina100Aqui do lado vocês sabem m ideia do que está acontecendo? A Argentina anda fazendo literalmente um carnaval na preparação daquela que pode ser a despedida de sua geração dourada genial. Fez um Media Day para mais de 200 profissionais de imprensa (200 eu disse!!!!), disponibiliza um vídeo novo por dia sobre os treinamentos do time em seu canal no YouTube, realizou ação com crianças especiais e organizou um dia (o de domingo) recheado de ações para jovens no famoso bairro de Palermo (foram mais de 3 mil pessoas presentes). Não é a toa que a seleção tem o apelido de "El Alma" (A Alma). Pelas conquistas, claro, mas sobretudo pela relação, pelo vínculo, pelo carinho que a população tem por ela, equipe nacional.

oscar1Não precisa dizer mais nada, né? Vindo da CBB nada surpreende, mas que bate uma tristeza imensa por saber que uma oportunidade de proporções olímpicas como esta foi perdida, isso bate. Pergunte aí para o colega de trabalho que não é fanático pela modalidade quais são os jogadores brasileiros que ele conhece no basquete. Provavelmente ele responderá os nomes de Oscar, Marcel, Paula, Janeth e Hortência. É natural e ao mesmo tempo sintomático, porque estes foram os últimos ídolos que ultrapassaram a barreira esportiva para entrar na sociedade não-esportiva (e quando isso acontece é porque a sua modalidade está fortíssima).

Quem sabe na próxima Olimpíada os mandatários da Confederação Brasileira aproveitem a chance. Em 2016, logo a dos Jogos que serão realizados em nosso país, não foi assim. Nenê, Anderson Varejão, Raulzinho, Huertas, Alex e muitos outros seguirão sendo muito conhecidos por quem gosta, segue e acompanha o basquete. Por quem poderia passar a gostar, nada feito.

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