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Bala na Cesta

O novo Bulls - repaginado e na contramão da NBA dos três pontos

Fábio Balassiano

08/07/2016 02h00

bulls1Na semana passada quando perdeu o pivô Joakim Noah no mercado de agentes-livres, viu o ala Pau Gasol avisar que não ficaria na franquia e trocou o armador Derrick Rose por Jose Calderon e Jerian Grant, muita gente pensou que o Chicago entraria fortemente em reconstrução na NBA. Na realidade, entrou. Só que a montagem de um novo, e forte elenco, saiu mais rápido do que muita gente imaginava (inclusive eu mesmo).

wade1No Draft veio o promissor Denzel Valentine, ala que foi muito bem por Michigan State. Na mesma noite, apesar dos rumores, o excepcional Jimmy Butler não foi trocado. Uma semana se passou e Rajon Rondo foi o primeiro a ser contratado (US$ 28 milhões por dois anos, segundo o segundo não garantido). Na noite de quarta-feira a franquia fechou com Dwyane Wade (US$ 47 milhões também por dois anos – o segundo é opcional por parte do atleta). Para a chegada de D-Wade, o Bulls enviou José Calderón ao Lakers (preocupa um pouco a situação de Marcelinho Huertas) e Mike Dunleavy ao Cavs.

wade2Antes de entrarmos no novo Chicago vale falar sobre Dwyane Wade, um dos melhores jogadores deste século e que sai de Miami depois de 13 anos. Em sua carta de despedida (aqui) Wade não fala em tristeza, mas a imprensa norte-americana conta que o eterno camisa 3 da Flórida ficou decepcionado com a primeira proposta de Pat Riley, o manda-chuva do Heat, para ele (em torno de US$ 10 milhões). Se não tinha a intenção de sair, a partir dos valores iniciais de Riley o ala-armador quis ouvir o que o mercado lhe diria. Foi chamado para conversar com Knicks, Bucks, Bulls e (aparentemente) Cavs, fazendo com que o Heat subisse a sua proposta para US$ 20 mi anuais por dois anos. Não convenceu muito, e Dwyane Wade decidiu encerrar a sua história de três títulos, jornadas geniais e mais de uma década acertando com a equipe da cidade onde nasceu (ele é de Chicago mesmo).

big3Sendo bem sincero, não acreditava que veria o Flash com outra camisa, mas compreendo perfeitamente o lado dele. Não foi (inicialmente) valorizado, se sentiu cortejado aos 34 anos por um punhado de times e foi ser feliz. Nada a contestar neste caso. Ao Miami, apenas lamentação. Do timaço que chegou a quatro finais seguidas com o seu famoso Big 3 restou apenas Chris Bosh, cuja condição de saúde ninguém sabe o que esperar daqui para frente. LeBron voltou pra Cleveland, Wade está em Chicago e o Heat, agora, terá que reconstruir as suas bases a partir de Goran Dragic e Hassan Whiteside. Pat Riley deve estar coçando a cabeça sem parar, não há dúvida. A gente sabe que, com ele, Riley, não tem essa de perder pensando em Draft do ano seguinte, mas sabe lá o que se passa na mente do cara em um momento tenso como este.

fred2Mas, bem, voltando ao Chicago. Uma coisa que chamou muito a atenção no primeiro ano do técnico Fred Hoiberg na temporada passada foi fazer exatamente o contrário do que a NBA "manda" hoje em dia – chutar muito pouco (veja abaixo o quadro comparativo). Foram apenas 21,4 tentativas por jogo (24ª menor marca da fase regular), apesar do bom percentual de conversão (37%) e das boas opções que o time possui (Nikola Mirotic e Doug McDermott principalmente). Esta era, aliás, uma das grandes criticas que se fazia ao trabalho de Tom Thibodeau, que no final das contas viu seu time de 2014/2015 arremessar mais de longe (22,4) do que Hoiberg em seu primeiro ano.

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bulls2Por isso me chamou a atenção as contratações de Dwyane Wade e Rajon Rondo ao mesmo tempo. Se eram as opções que estavam disponíveis no mercado para manter a franquia em alto nível de competitividade, ao mesmo tempo colocam o Chicago mais na contracorrente da NBA do que nunca. E explico de novo recorrendo aos números.

Somando os dados de Rondo, Wade e Butler na temporada 2015/2016 da NBA foram apenas 6,1 tentativas/jogo (dos jogadores de perímetro, ressalte-se). Se a quantidade é muito diferente daquilo que a liga vê hoje dos atletas que jogam longe da cesta, a qualidade tampouco é boa (28% de acerto médio entre os três). Em uma comparação boba, Klay Thompson, James Harden, JR Smith, Steph Curry e Damian Lillard, sozinhos, chutaram mais de três pontos do que a soma dos rapazes que agora darão as cartas no Bulls. Não é a toa que já surgem, como demonstra a figura ao lado, uma série de brincadeiras sobre como as defesas adversárias irão marcar o Bulls a partir do próximo campeonato (fechando o garrafão e dando espaço para os chutadores atirarem do perímetro).

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wade1Não será, obviamente, "só" por causa dos tiros de três pontos que o Chicago Bulls será forte na próxima temporada. Ao que tudo indica, a franquia, que certamente terá condições de brigar lá em cima em 2016/2017 (ficar fora do playoff novamente seria catastrófico), está muito bem servida longe da cesta com boas opções, experiência e ótima leitura de jogo, sobretudo com Rajon Rondo (tomara que ele não arrume problemas em Illinois…), mas não tão pesada assim com os nomes que lá estão no garrafão (Robin Lopez, Taj Gibson, Bobby Portis, Nikola Mirotic e o brasileiro Cristiano Felício, que foi entrevistado aqui ontem).

De todo modo, em uma NBA que chuta cada vez mais de longe estou curioso para saber como o técnico Fred Hoiberg irá armar seu time. Tentará mudar um pouco os estilos principalmente de Wade e Butler, pedindo a eles que arrisquem mais de longe, ou permanecerá tudo como está, com ambos e também Rondo indo bem em infiltrações e chutes de média distância?

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