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Bala na Cesta

A mágica do basquete nas classificações olímpicas de Venezuela e Argentina

Fábio Balassiano

12/09/2015 08h58

fiba1A noite de ontem foi mágica para quem gosta de basquete. Bem mágica, aliás. Nas semifinais da Copa América, vitórias maiúsculas de Argentina e Venezuela em cima de México e Canadá, respectivamente, para garantir a vaga direta no Rio-2016 para os platenses (a quarta seguida para os hermanos) e para a seleção Vinho Tinto (a segunda vaga da história do país – a outra foi em 1992 com a geração de Carl Herrera e Victor Diaz). Mexicanos, canadenses e Porto Rico irão para o Pré-Olímpico Mundial, que por sua vez garantirá três vagas para as Olimpíadas do próximo ano.

fiba3Primeiro vale contar a história da Venezuela. E vale lembrar o que um determinado blogueiro disse aqui ontem mesmo: "Só uma catástrofe imensa faz com que o time liderado em quadra pelo excepcional Andrew Wiggins perca logo mais". Pois é. Devo ter me esquecido que o esporte apronta estas coisas mesmo. E o Canadá parece ter esquecido o basquete no hotel. Foi completamente dominado (em termos técnicos, táticos, físicos e mentais) pela Venezuela, que contou com magistral atuação do baixinho Guillent nos minutos finais (11 pontos seguidos nos últimos três minutos, inclusive) para vencer por 79-78 com um lance-livre agônico e salvador de Gregory Vargas.

fiba2Os venezuelanos jogaram muita bola, e jogaram com a alma. Foi bonito de ver a entrega dos caras. Chamou a atenção a estratégia do técnico argentino Nestor Garcia (falarei dele amanhã com mais profundidade) para travar o jogo canadense e uma frase que ele disse a seus atletas a três minutos do fim: "Lutem, porque estamos a três minutos de jogar uma Olimpíada. Três minutos". Deu tão certo, mas tão certo, que no final a declaração de Cory Joseph (armador canadense) foi a melhor de todas: "Nós, armadores e alas, não conseguimos andar em quadra. Se não fossem os 34 pontos do Kelly Olynyk teríamos levado uma surra histórica". O Canadá ainda pode garantir vaga na Olimpíada pois tem um time muito bom e ainda em formação, mas perder de uma limitadíssima Venezuela requer uma análise profunda.

fiba6No jogo, digamos, de fundo, a torcida mexicana lotou o ginásio. Eram mais de 20 mil pessoas empurrando a equipe que queria garantir vaga na Olimpíada pela primeira vez desde 1976. A equipe começou bem, foi para o intervalo vencendo por cinco, mas em nenhum momento conseguiu colocar Gustavo Ayon (oito pontos e apenas nove arremessos) em condição de dominar o garrafão (mérito do brilhante técnico argentino Sergio Hernandez!). No segundo tempo, com Luis Scola inspirado, a Argentina passou à frente do placar e não largou mais. Fez 78-70, calou o público e se classificou pras Olimpíadas pela quarta vez seguida.

fiba4Vale, sim, um texto mais profundo sobre os hermanos e o trabalho brilhante (mais um) de Sergio Hernandez com a seleção, mas creio que neste sábado é fundamental ressaltar a festa dos hermanos na quadra. Entra ano, sai ano e todo mundo diz que "após a geração dourada o basquete de lá vai acabar". E lá vão os platenses para a quarta Olimpíada seguida (um ouro, um bronze e uma semifinal). É um feito e tanto, né? Um feito e tanto e que pode ter Manu Ginóbili jogando no Rio de Janeiro em 2016. O astro maior da modalidade pegou um avião e foi até a Cidade do México torcer por seus companheiros (comportamento exemplar e que eu duvido que a gente veja aqui tão cedo…). No final, deu um abraço emocionado em Luis Scola, ser-humano que merece uma estátua por tudo o que já fez pelo esporte argentino.

fiba5Ah, tem uma final para ser disputada hoje (22h30, Sportv e ESPN) entre Argentina e Venezuela. Vale um título inédito para os venezuelanos, mas com todo respeito eu duvido que alguém da Vinho Tinto ligue para isso. O caneco, mesmo, foi conquistado ontem ao vencer o Canadá. O mesmo raciocínio vale para os hermanos. Foram dois triunfos épicos, daqueles que a gente se orgulha de ter visto e se emocionado.

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