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Bala na Cesta

Chegou a hora de Steve Kerr mudar a estratégia de defesa contra LeBron?

Fábio Balassiano

10/06/2015 09h45

lebron2Todo mundo sabe que desde o início da final da NBA a estratégia defensiva do Golden State foi a de marcar loucamente os companheiros de LeBron James, deixando o camisa 23 no mano a mano contra Draymond Green, Andre Iguodala ou Harrison Barnes.

A ideia foi celebrada por quase todo mundo (eu mesmo achei uma maneira inteligente de começar o duelo), mas passados três jogos o que temos é o seguinte: 41 pontos de média de LeBron por partida (40,1% nos chutes, índice bem razoável para quem está arremessando mais de 35 vezes por noite), 2-1 pro Cleveland após os 96-91 de ontem à noite e domínio dos Cavs nas três pelejas. Creio ser possível, portanto, perguntar: será que não chegou a hora de Steve Kerr, técnico do Warriors, rever a forma de marcar o melhor jogador de basquete do planeta?

lebron3No meu modo de ver, sim. E se respondo afirmativamente me baseio em cinco fatores bem importantes: 1) Muita gente fala "Ah, mas o LeBron vai cansar em algum momento". Esqueçam isso. O cara é um touro de forte, colocou na cabeça que tem que ganhar mesmo sem Kyrie Irving e Kevin Love e, no final das contas, tem no máximo mais quatro jogos pela frente nesta temporada antes de meses (ou dias) de descanso. Não é normal para quase ninguém jogar 46, 50 e 46 minutos em sete dias, mas "quase ninguém" tem o potencial físico do camisa 23 do Cleveland. E se o cansaço é mental, na cuca dele nem passa perto a ideia de diminuir a intensidade ; 2) Na coletiva de ontem, o ala do Cavs deu a seguinte declaração: "Percebi que meus companheiros estão muito marcados e que tenho bons espaços para fazer infiltrações e jogadas de um-contra-um. Eles (meus companheiros) dependem de mim e no atual momento o que vejo são boas possibilidades de pontuar a cada ataque"; 3) No final do jogo de ontem Steve Kerr colocou Leandrinho ou Klay Thompson para dobrar a marcação de LeBron James. Foi um começo tímido de "dobra", mas que incomodou o LBJ, impediu infiltrações fáceis e obrigou o craque rival a passar mais a bola. A diferença não foi reduzida simplesmente porque as bolas de Steph Curry voltaram a cair, mas também porque do outro lado da quadra os Warriors não levavam pontos com facilidade; 4) A formação inicial do Cleveland tem sido com Matthew Delavedova e Iman Shumpert no perímetro. Vamos combinar que nenhum dos dois é um dínamo arremessando de fora. Dá para (como se diz no basquete) "pagar" para o arremesso dos dois sem tanto medo assim; e 5) A forma como os Warriors terminaram o jogo (36-24 no último período) dá bastante esperança que o ataque tenha, enfim, encontrado uma forma de vencer o "ferrolho" de Ohio.

kerr3Mais importante que os quatro fatores acima apresentados é um quesito que extrapola a análise tática das partidas. É o domínio psicológico que LeBron James tem tido nesta série até o momento. Pegando fogo com a possibilidade de dar o tão sonhado título ao Cleveland, o camisa 23 arremessou 34, 35 e 38 vezes. Além disso, pontuou ou criou as jogadas de 200 dos 291 pontos do Cavs no duelo da final. Será que vale a pena mesmo deixar o melhor jogador do planeta, cujo potencial técnico está potencializado pela intensidade de uma decisão da NBA que ele joga pela quinta vez seguida, tanto tempo assim com a bola nas mãos? Vale, realmente, deixar um cara deste nível ficar tão confiante assim? Dobrar (ou triplicar) a marcação em cima dele faria com que LeBron minimamente se tornasse menos vezes o único agente do ataque da franquia de Ohio, dando um pouco mais de respiro a defesa do Warriors e colocando um pouco mais de pressão nos companheiros dele que até o momento jogam tranquilos com a certeza que "se estiver dando tudo errado O cara vai ter chance de nos salvar".

delly1Um bom exemplo de como os Cavs estão confortáveis com esta situação mesmo com os desfalques de Kevin Love, Anderson Varejão e Kyrie Irving vem justamente do australiano que entrou no lugar de Irving na armação. O espírito destemido de Matthew Dellavedova explica bastante a sua fúria defensiva em cima de Steph Curry, mas não como um cara que tem 38% de aproveitamento nos arremessos em sua carreira consegue acertar 7/17 em um jogo 3 de final de NBA e terminar a partida com fundamentais 20 pontos (como foi ontem). A confiança de Delly está nas alturas sem dúvida alguma, mas deixá-lo chutar sem pressão e sabendo que LeBron James conseguirá 40 ou mais pontos a cada noite torna o jogador um cara bem perigoso ofensivamente mesmo sem ser um primor nos chutes.

kerr1Por isso tudo penso que para o jogo 4 o Golden State Warriors deve inibir ao máximo o número de ações de LeBron James no ataque. Não que a turma de Oakland vá conseguir deixar o cara com 8, 7, 12 pontos. Mas tirá-lo da casa dos 40 é algo pra lá de recomendável. E você, o que acha? Steve Kerr deve manter a estratégia de tentar conter LeBron apenas com um jogador de seu time? Ou deve alterar, exigindo dobras na marcação ao melhor jogador do planeta a partir de quinta-feira (22h) no Jogo 4? Comente!

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