Quarto lugar na Copa América Sub18 expõe fase ruim do basquete feminino
Terminou neste domingo em Colorado Springs a Copa América Sub18 Feminina. E não terminou bem para a seleção brasileira apesar da vaga no Mundial Sub19 de 2015 ter sido conquistada. Ontem à noite Brasil foi derrotado pela Argentina por 69-67, ficou com a quarta posição e acabou expondo grande parte das deficiências da modalidade nesta competição.
Consegui ver todos os jogos do time do técnico Guilherme Vos (foto), que conseguiu em menos de um mês de treinos ao menos alcançar o objetivo final que era a vaga no Mundial (aqui mais do que escrevi a respeito). Mas de verdade não dá pra ficar feliz, não. Uma catástrofe maior só não foi vista, aliás, porque o triunfo na segunda rodada contra as hermanas argentinas veio naquele sufocante 61-56 graças aos 19-8 no último período. Do contrário, o trauma seria ainda maior (e pior). A campanha, de duas vitórias (Argentina e Chile) e três derrotas (Argentina, Porto Rico e Canadá) diz muita coisa. Mas não tudo.
O Brasil tem um time com estatura baixíssima, fundamentos abaixo da crítica e pouca mão de obra para pensar que o futuro pode ser bom. Dono de hegemonia continental (Estados Unidos fora disso obviamente) nos últimos anos, já é possível ver times femininos sendo derrotados por Canadá e Argentina (e nesta Copa América até Porto Rico tirou uma lasca, o que é uma tragédia). E os motivos são claros, óbvios e todos conhecem. São pouquíssimos clubes que ainda fazem basquete feminino no país. São menos ainda aqueles que fazem basquete feminino de base. São exceções aqueles que fazem basquete feminino de base com qualidade. E aí, obviamente, não dá para esperar nada diferente nem dos campeonatos continentais/mundiais de base e nem dos principais torneios adultos que temos visto nos últimos anos.
Não há quantidade para se extrair qualidade, e não há bons trabalhos de base para, mesmo com uma quantidade reduzida de atletas praticando a modalidade, conseguir formar times de base com um mínimo de capacidade atlética, técnica e tática. O que se viu nessa Copa América (como um todo) foi apenas um microcosmo do que é o basquete feminino deste país. Pobre em leitura de jogo, terrível em fundamentos (o Brasil desperdiçou uma bola a cada 2,6 ataques, um absurdo), pouco criativo no ataque e sem nenhuma vantagem naquilo que foi uma qualidade em termos recentes entre as meninas, o potencial físico. Onde estão as meninas de mais de 1,90m deste país? Em outro esporte, aquele que teve três dias segudidos de jogos do Grand Prix na TV Globo, certo? Pois é.
Aí você fica pensando: o que será que a Confederação Brasileira de Basketball está pensando em relação a isso? O que será que a turma da Avenida Rio Branco achou da Copa América Sub-18? Quais os planos para melhorar o nível técnico dos times de base? Qual a estratégia para fazer mais meninas jogarem basquete? Qual é a ideia para atrair mais clubes para a modalidade?
Bem, quem acompanha este espaço já sabe quais são as respostas (ou as não respostas) da turma da CBB. Nada está sendo feito e absolutamente nada será feito. O basquete masculino ainda consegue se sustentar no país muito por conta da Liga Nacional, que conseguiu dar um ótimo levante à modalidade dos rapazes nos últimos tempos. O feminino, por sua vez, definha. A LBF trouxe evoluções, mas ainda pequenas.
Algumas coisas deveriam ser feitas de forma urgente. A CBB poderia fazer uma parceria com duas cidades e colocar dois times de base (um Sub-21 e outro Sub-19, que irá jogar o Mundial em 2015) para jogar a próxima Liga de Basquete Feminino para as jovens ganharem experiência. Trazer algumas figuras importantes da modalidade para ajudar na formação de novos técnicos/técnicas é imperativo. Que tal ligar para Maria Helena Cardoso e ao menos ouvir o que ela tem a dizer? Garimpar talentos (e talentos altos preferencialmente) por este Brasil me parece urgente para minimamente aumentar a mão de obra do país. Que tal colocar alguém com boa visão para rodar o país procurando estas meninas que certamente há por aqui? Onde estão os grandes ídolos do país na modalidade? Será que Janeth e Paula (principalmente) não têm nada a contribuir em nada neste momento tão difícil? Por que a Confederação Brasileira não chama elas para uma conversa?
Ideias, como se vê, não faltam. Vontade de querer ver o basquete feminino voltar a brilhar, sim. É só ver o tratamento que é dado às meninas que irão disputar o Mundial na Turquia e tudo o que está sendo feito para os rapazes de Rubén Magnano que temos uma medida de quão inclinada para apenas um lado está a CBB (o que é deprimente, desculpem dizer).
O basquete Feminino, só lembrando, é o responsável pelas últimas glórias do país em âmbito internacional. Pelo visto o passado de glórias continuará sendo apenas o passado. Com o presente estagnado, o futuro é muito sombrio para o basquete feminino. E isso é uma lástima.
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