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Bala na Cesta

O que eu vi da derrota do Brasil para a Argentina

Fábio Balassiano

09/08/2014 11h45

scolaO Brasil fez ontem o seu terceiro amistoso visando a Copa do Mundo da Espanha. E pela primeira vez foi derrotado. Em Buenos Aires, perdeu da Argentina por 85-80 na estreia de Luis Scola (foto à direita) pelos hermanos. Amanhã, 19h (com Sportv2), Brasil x México. Vamos a alguns pontos interessantes sobre a peleja desta sexta-feira.

1) Em primeiro lugar, é impossível não destacar a apresentação feita pela organização do evento. O Sportv abriu a transmissão (ainda bem) justamente na hora que a Argentina entraca em quadra. E eu nunca vi coisa igual na América do Sul. Luzes, projeção de imagem na quadra, som com as principais conquistas, algo realmente espetacular. Na semana passada tivemos um jogo no Maracanãzinho e não vimos 1% do que a CABB fez por lá. Vale o registro. E se alguém tiver vídeo disso avisa que coloco aqui.

trio2) Continuando o ponto acima. Em comemoração aos dez anos do ouro olímpico, a Confederação fez questão de homenagear seus campeões de Atenas-2004. Na foto ao lado estão Carlos Delfino, Fabricio Oberto e Manu Ginóbili, que conversavam animadamente durante a partida. Todos que fizeram parte do momento mais glorioso do basquete platense participaram do festejo. Rubén Magnano, técnico da seleção brasileira agora e comandante dos argentinos há uma década, também esteve presente e não poderia ser diferente (aqui mais informações). Muitos ídolos argentinos estiveram no ginásio. Na semana passada, aqui, não me lembro de ter visto Oscar, Wlamir, Marcel, Paula, Amaury etc. . Triste (de nossa parte), não?

3) Por fim, antes de entrar no jogo propriamente dito. No Maracanãzinho, 8,2 mil pessoas (68% de sua ocupação total). Em Buenos Aires, lotação máxima e 10 mil pessoas no ginásio Tecnópolis (recém-inaugurado). Quer uma explicação? Dá uma olhada nesse vídeo aqui e veja o que a Confederação Argentina fez para "mostrar" seus ídolos a população local. Aqui no Brasil, o que está sendo feito para "apresentar" Nenê, Tiago, Varejão, Leandrinho, Huertas? Nada, né? Pois é.

pablo4) Em quadra, gostei mais uma vez do jogo de pivôs do Brasil (principalmente com Tiago Splitter, autor de 16 pontos e nove rebotes), de Leandrinho (que mesmo de forma atribulada em alguns momentos foi muito bem com 18 pontos e cinco rebotes), de Rafael Luz (excelente na marcação e muito bem na condição de jogo, acredito que ele tenha garantido de vez seu lugar na Copa da Espanha) e da calmaria na linha de três pontos (apenas 14 chutes de perímetro, com 47 internos). Isso realmente funcionou, merece ser aplaudido e mostra que o padrão de jogo implantado por Rubén Magnano está claríssimo desde o começo da preparação.

5) Por outro lado, nesta sexta-feira a defesa, os lances-livres e os chutes de foram voltaram a falhar. Na linha-fatal, inconcebíveis 12/26. Até Leandrinho (0/3) e Marquinhos (0/2) estavam descalibrados. Isso obviamente precisa ser corrigido para o Mundial. Não há como uma equipe nacional adulta pensar em medalha em uma competição de elite com um aproveitamento assim. O bom é que Splitter, que tinha esse problema até pouco tempo atrás, tem ido bem neste quesito também (4/6).

ruben5.1) De fora, o Brasil realmente não se houve bem de novo. Foram dez erros em 14 tentativas, e isso tampouco é fácil de entender. O bom é que não teve insistência em algo que não estava indo bem. De todo modo, se olharmos no gráfico do site da FIBA (tiros de cancha, aqui) é possível ver que grande parte das cestas do Brasil saíram perto da cesta (pertinho, aliás). O time ainda tem enorme dificuldade em pontuar de longe (seja de dois, seja de três). Isso é grave, bem grave. Está claro como os outros times tentarão vencer o Brasil, não? Fechando o garrafão e forçando arremessos longos. Magnano e seus comandados precisarão encontrar uma fórmula para solucionar isso. Movimentar melhor o ataque, passar mais a bola e driblar mais em direção a cesta de modo a criar espaços na marcação podem ser boas alternativas para isso

5.2) Quanto a defesa, outra vez Julio Lamas foi cirúrgico. O técnico da Argentina colocou uma formação com dois armadores (entre Prigioni, Campazzo, ótimo mais uma vez, e Laprovittola, autor de 15 pontos) pois viu que a marcação em Luis Scola, sua principal estrela, estava bem vigiada (apenas 8 chutes e 9 pontos). O garrafão brasileiro fechou em Scola, o perímetro se abriu. E os tiros vieram. E os tiros caíram. Os hermanos tiveram 11/24 de fora e mostraram que as rotações brasileiras, quase sempre boas desde que Magnano assumiu, precisam de pontuais ajustes.

magnano16) Pode ser que esteja sendo calmo demais, mas insisto que se trata da fase de preparação e que alguns testes estão sendo feitos por Rubén Magnano e sua comissão técnica (Huertas, titular absoluto, veio do banco ontem…). Precisa melhorar? Sim, obviamente que sim. Mas alguns pontos que cobramos há tempos (jogo de pivôs e pouco apreço pelas bolas de fora, por exemplo) estão aparecendo de maneira bem clara e contundente. Isso é um grande mérito. Faltam 21 dias para começar o Mundial, e até lá os problemas (apontados hoje e na semana passada também – aqui e aqui) têm tempo para serem corrigidos. E, vamos combinar, até agora o saldo é positivo. Se não é nenhuma maravilha, está longe de ser uma tragédia.

Concorda comigo? O que você viu na noite desta sexta-feira em Buenos Aires? Comente!

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