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Bala na Cesta

Muitas lições na vitória do Brasil contra a Argentina

Fábio Balassiano

02/08/2014 12h17

tiagoO Brasil acaba de vencer a Argentina por 68-59 no Maracanãzinho em amistoso preparatório para a Copa do Mundo da Espanha (começa em 30 de agosto). Muitas lições podem ser tiradas da partida. Vamos lá:

1) Antes do jogo, um pito necessário em quem merece. Se dentro de quadra Rubén Magnano e os atletas têm feito de tudo para colocar a seleção no rumo (com erros e acertos, mas trabalhando muito), fora de quadra não dá para dizer o mesmo. É inadmissível que um jogo como o de hoje, o primeiro no ginásio com a seleção (e seleção completa) em muito tempo, não tivesse sua lotação total. Deve ter chegado a 10 mil pessoas, mas não encheu. E não encheu simplesmente porque não houve ação/divulgação/comunicação alguma sobre a partida pela entidade máxima do basquete brasileiro. CBB esta que, aliás, durante o jogo não colocou NADA sobre o Brasil x Argentina, mas TUDO sobre os Brasileiros Sub-15 de seleções estaduais. Lamentável.

anderson2) Em quadra, a superioridade física do Brasil deu o tom da partida. Tiago Splitter (15+12), Anderson Varejão (7+12) e Nenê (10+7) aniquilaram a Argentina perto da cesta. É algo que todo mundo que gosta de basquete pedia há tempos (jogo interno com força por parte do Brasil) e que acabou acontecendo neste sábado. Por aí passa o sucesso da equipe na Copa da Espanha, não resta dúvida. Do outro lado não havia Luis Scola, sabemos, mas 32 dos 68 pontos do time (quase a metade portanto) saíram do trio de ferro que atua no garrafão. A diferença é tão absurda que Tiago + Varejão + Nenê tiveram, só eles, 11 rebotes ofensivos. Os hermanos, como um todo, apenas cinco. A diferença de potencial físico entre um time e outro é assustadora mesmo.

3) Por outro lado, essa superioridade toda acabou gerando alguns problemas (e isso foi muito bem detectado por Magnano em entrevista ao Sportv no final do jogo). Julio Lamas, sábio e bom leitor do jogo, fechou o garrafão na medida do (seu) possível. Com o elenco que tinha (algumas vezes o ala Leo Gutierrez tenta desesperadamente conter Nenê, vejam vocês), tentou concentrar três, quatro jogadores perto da cesta para evitar arremessos com alto índice de conversão para Splitter-Nenê-Varejão. E aí os espaços abriram para os chutes de fora (mesmo com o Brasil por vezes não "abrindo" tanto a quadra, diga-se). Foi onde o Brasil pecou demais. O time teve 37% nos arremessos de quadra, 3/18 de fora (Marcelinho Machado saiu-se com 0/6, e Marquinhos, com 0/4) e isso fez com que os platenses, mesmo em deficiência técnica (sem Scola) e física (sem um "cincão" para bater de frente), conseguissem manter a peleja quase que em igualdade até o começo do quarto período. Ali Andres Nocioni reclamou da arbitragem, inúmeras faltas técnicas foram marcadas, os lances-livres vieram e a vantagem brasileira veio. Os arremessos de média e longa distância precisarão ser corrigidos pela seleção brasileira no Mundial, isso é um fato. Encontrar o equilíbrio entre o (já ótimo) sistema de garrafão e o de perímetro é fundamental para ir longe.

huertas4) Falei do ataque, mas é preciso elogiar BASTANTE a defesa brasileira. Foi contra um time argentino desfalcado de Scola, e sabemos bem da diferença que o camisa 4 faz (veja mais aqui), mas o Brasil marcou demais neste sábado. Hermanos tiveram 3/21 de fora, erraram 14 vezes e tiveram inúmeras dificuldades para atacar a cesta do Brasil (exceção ao ótimo Campazzo, que conseguiu sair bem da marcação brasileira). Foi ótimo, de verdade mesmo.

5) Único ponto da rotação que não gostei foi quando Magnano colocou, ao mesmo tempo, Marcelinho Machado, Larry Taylor e Leandrinho. Fica um time baixíssimo, sem NENHUM potencial defensivo e com armação confusa. Foi com este núcleo que, no segundo período, a Argentina chegou a virar o jogo em menos de cinco minutos. Em um Mundial isso pode ser trágico e representar uma eliminação. É jogo-treino, todos precisam atuar, todos precisam de minutos, mas é bom ficar atento a que tipo de grupo de cinco jogadores estará, junto, em quadra. Esta específica combinação não me agradou.

mark6) No geral, e isso com menos de 15 dias de treino é bom se dizer, gostei da seleção brasileira. Ainda se enrola um pouco na hora de definir a melhor situação de ataque (principalmente Leandrinho, que teima em abaixar a cabeça para enfrentar defesas no um-contra-um), mas defensivamente mostrou-se muito forte e bastante organizado para chamar o jogo ofensivo dentro do garrafão. É mandatório que tenhamos Nenê, Splitter e Varejão municiados em quase todas as jogadas de ataque mesmo. Não que o trio tenha que ir para a cesta em todas elas, mas para gerar o necessário desequilíbrio defensivo nos adversários.

Viu o jogo? Gostou? Brasil indo bem para a Copa da Espanha? Comente!

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