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Bala na Cesta

Sub-17 está fora do Mundial Feminino e escancara problemas de base do país

Fábio Balassiano

03/07/2014 01h30

julio1Então é isso. Menos de dez dias depois do vexame da seleção masculina Sub-18 (veja mais aqui) aconteceu o que já se previa no Mundial Feminino Sub-17. E não precisa ser nenhum gênio para adivinhar o que ia rolar algo que já alertara no texto de 23 de junho.

A seleção feminina Sub-17 perdeu ontem do Canadá nas oitavas-de-final do Mundial da Categoria que está sendo disputado na República Tcheca por 52-40 e agora disputa apenas do nono ao décimo-sexto lugar da competição. Está fora, portanto, de qualquer briga por algo relevante, por medalha, por um lugar minimamente razoável no certame.

julio2Vi boa parte dos três últimos jogos da seleção de Julio Patricio (fotos) contra Itália, Espanha e Canadá, e obviamente não gostei. Contra o Canadá, no jogo da eliminação, foram assustadores 40 pontos (um por minuto, portanto), 28 erros, 25% de aproveitamento nos tiros de quadra (13/52), 19-6 no período decisivo, 3/14 nas bolas de fora e 15 rebotes ofensivos das canadenses. Não foi bom. Na verdade, a partida toda foi muito abaixo do aceitável, sendo bem sincero para vocês.

Tirando a estréia contra o inexpressivo time do Egito, a equipe brasileira não conseguiu passar dos 54 pontos em nenhuma das três partidas seguintes. Em todas elas teve 20 ou mais erros, o que denota uma incrível capacidade que o país, de uma maneira mais ampla, tem de não trabalhar direito o fundamento de sua mão de obra (algo frequente em todas as seleções brasileiras nos últimos 20 anos – da base ao adulto).

Mas as pedras não devem ser atiradas em Julio e nem nas meninas (pelo contrário: eles são muito mais vítimas de um sistema corroído, deteriorado, equivocado, do que qualquer coisa). Pode-se questionar a ausência de uma ou outra atleta, obviamente, mas é necessário (de novo, hein) ampliar o olhar, mirar no alvo certo. Esta seleção Sub-17 se apresentou para jogar um MUNDIAL no dia 6 de junho em São Bernardo do Campo. Treinou no ginásio Baetinha entre 6 e 19/6. Viajou no dia 20. Teve amistosos internacionais entre 21 e 27/6. E estreou em 28 de junho contra o Egito.

vanderleie2Perguntinhas básicas: alguém consegue fazer uma preparação adequada com menos de um mês de preparação? Lembremos: estas meninas terminaram com o terceiro lugar da Copa América em 2013 e só voltaram se reunir para treinar em junho deste ano. Sabem de quem elas perderam nas semifinais desta competição? Do Canadá (64-36) que agora eliminou o time de Julio Patricio no Mundial. As canadenses treinaram por 75 dias. As brasileiras, por 20 dias. Alguma surpresa pela derrota na República Tcheca? Não, né.

Ficam mais questionamentos: O que aconteceu de um ano pra cá com estas jogadoras e comissão técnica? Como estas meninas foram treinadas nos clubes? Quem as monitorou? Qual o plano da Confederação Brasileira para que as atletas que ainda insistem em jogar basquete neste país evoluam, vislumbrem na modalidade uma forma de serem atletas profissionais?

Será que alguém na Confederação se preocupa com o que está acontecendo com os recentes resultados das divisões de base deste país? Resultados que apenas refletem o que é feito nas categorias inferiores do Brasil, diga-se de passagem. Presidente Carlos Nunes? Diretor Vanderlei (foto à direita)? Alguém da Avenida Rio Branco acompanhou às partidas deste Mundial Sub-17?

Mas fiquemos tranqüilos. O Ministério do Esporte vai injetar uma grana fortíssima na CBB e tudo vai melhorar. Com os mesmos dirigentes, com o mesmo modelo de gestão, com o mesmo modelo mental. Vai, sim…

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