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Bala na Cesta

Com problemas financeiros, CBB faz times da Supercopa Brasil pagarem suas passagens

Fábio Balassiano

04/05/2013 14h07

Como diz aquele famoso personagem, 'é grave a crise'. Na única competição adulta ainda organizada por ela, a Confederação Brasileira de Basketball "inovou" na Supercopa Brasil que acontece na próxima semana em Macaé (Rio de Janeiro).

Os oito clubes que participarão da competição que classifica os dois primeiros para o triangular de acesso ao NBB6 (o Tijuca será o outro time) serão obrigados a pagar suas passagens para chegar ao interior do Rio de Janeiro. Se isso não fosse o bastante, nem os custos envolvidos com a competição saíram da CBB, mas sim da Prefeitura de Macaé – provavelmente dinheiro público, aliás. Uma tragédia, não? E o motivo é bem simples: a CBB está sem grana, absolutamente sem grana, como ela mesma aponta em sua nota oficial divulgada no site (veja mais no documento oficial aqui):

"O planejamento das atividades de 2013 previa o suporte dos custos do torneio Super Copa através das  verbas do Contrato de Patrocínio Eletrobras. Apesar de todos os esforços de nossa parte, a Eletrobras ainda  não efetivou a renovação daquele contrato nem tampouco restituiu a verba retida do contrato anterior, o que  obrigou a busca de um sediante para a competição que arcasse com os custos envolvidos. O Município de  Macaé assumiu esse encargo e responsabilidade, à exceção das despesas com passagens aéreas, inclusive  as passagens para as equipes competidoras. Neste contexto a CBB, pelas razões descritas e que  evidenciam a sua total ausência de culpa por circunstâncias invencíveis e de difícil previsibilidade, precisa que as equipes assumam essa despesa para que a competição possa ser realizada".

Parece piada, mas não é. Nos próximos dias divulgarei aqui o balanço financeiro da entidade máxima referente ao ano de 2012. O resultado é absurdamente chocante, posso garantir pra vocês (já vi, revi, olhei, analisei e a situação é caótica). A CBB teve mais de R$ 25 milhões de receita no ano passado, conseguiu fechar no vermelho e ainda aumentou suas dívidas, que eram de 7,5 e passaram para R$ 8,8 milhões em 12 meses (com direito a juros e empréstimos bancários, além de outras atrocidades).

Esta é a entidade que "comanda" o basquete brasileiro, pessoal. O que eles estão fazendo com a modalidade é um escárnio, um absurdo e essa questão das passagens da Supercopa Brasil apenas evidencia isso. Tenho tentado evitar falar na CBB, porque é um assunto chato, sem chance de melhora e quase que uma briga solitária minha, mas dessa vez não deu pra me calar, não. Carlos Nunes é um péssimo gestor – seja em termos financeiros, técnicos, administrativos ou de marketing/comunicação. Seu primeiro mandato, que recebeu o aval de quase todos os presidentes de Federação na eleição de quase dois meses atrás, é bom dizer, é uma tragédia, um verdadeiro acinte. Ah, aqui vale o recado: alô, presidentes de federação, meus parabéns também, pois vocês corroboram com isso e são co-responsáveis pelo atraso da modalidade!

Como quem fiscaliza (o Ministério dos Esportes) nada faz e por incrível que pareça ainda injeta mais e mais dinheiro público em uma entidade que, reconhecidamente, não sabe usá-lo (leia mais aqui e aqui), como os atletas se calam, os clubes se omitem e as Federações se aliam com medo de perderem suas bocadas e mesadas não há muito com o que fazer. Que pena, não? Todo mundo "cordeiramente" aceita, acata, se conforma com o estado medíocre, catatônico que se encontra o basquete.

Se quem deveria se indignar, se revoltar, articular formas de protesto ou mudança não faz, qual é o futuro da modalidade? Aliás, deixo aqui outra pergunta: se nem pra organizar a Supercopa Brasil a CBB serve, visto que nem fornecer as passagens ela consegue,   será que não chegou a hora de passar mais essa competição adiante (leia-se Liga Nacional de Basquete)? A falta de competência dela (Confederação) me parece bem clara, não?

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