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Bala na Cesta

Confederação traz Copa América Sub-16 pro Brasil - agora falta um plano mais robusto pra base

Fábio Balassiano

02/04/2019 07h46

A Confederação Brasileira divulgou ontem que o Pará será a sede da próxima Copa América Sub-16 masculina (3 a 9 de junho). A competição classifica os quatro primeiros para o Mundial Sub-17 do ano seguinte, e isso é sem dúvida uma grande notícia.

Divulguei aqui há alguns anos que o país quase nunca jogava em casa, sendo nas categorias de base ou no adulto, e voltar a trazer torneios pra cá é ótimo sob todos os aspectos – criação de maior identidade, aumento da popularidade, respeito internacional, entre outras coisas. Belém é a cidade-natal do presidente Guy Peixoto, aliás.

Esse é um ponto legal, a CBB está realmente de parabéns pelo esforço, mas vou aproveitar o gancho e falar sobre um tema que tem martelado minha cabeça há tempos. Sempre digo, quando o assunto é a atual gestão da CBB, que Guy Peixoto, o presidente, e sua diretoria, têm todos os motivos do mundo para não apresentarem o melhor plano de negócios do mundo. Eles pegaram uma Confederação às traças, recheada de dívidas, com todos processando a entidade máxima e tudo mais que vocês sabem. Isso é um fato, todos estão cientes e não há um pingo a contestar por aqui.

E se sei que que o parágrafo acima tem relação com o que vou escrever agora, confesso a preocupação em não ver, ainda, sair do papel algo maior em relação a base do país – sobretudo no feminino, onde o estrago de autoria do ex-presidente Carlos Nunes foi ainda maior (8 anos no poder, vocês podem imaginar…). Qual é a diretriz que a Confederação quer seguir? Qual o planejamento estratégico? Qual o direcionamento? Sei, repito, que não se faz omelete sem ovo, que falta muito dinheiro, que os campeonatos de base envolvendo a Confederação Brasileira têm sido realizados (um avanço, claro), mas o mandato de Guy completou dois anos agora, chegando a sua metade portanto, e embora tudo dependa de grana eu acho que algumas coisas ainda não foram endereçadas.

Exemplo claro: como o país está se preparando para o futuro no basquete feminino? O Brasil foi o ÚLTIMO na Olimpíada passada, ficando sem vencer em casa e pagando um mico colossal diante de sua torcida. O que acontece anos depois? Envelhecido, o time passou a perder até em solo sul-americano, algo raríssimo nos últimos 30 anos, ficando de fora do Mundial de 2018 e com risco grande de não jogar a Olimpíada de 2020, em Tóquio. Érika, a melhor jogadora da geração, tem 37 anos. Clarissa, 31. Não dá nem pra falar "tira as mais velhas e coloca as mais novas" simplesmente porque não há… as mais novas (ou, quando há, os traços são bem pálidos até para os campeonatos internos, onde elas, e aí o erro é delas mesmo, se conformam em fazer um brilhareco). O buraco do feminino é tão mais embaixo que nem a eventual contratação de um técnico de alto nível como José Neto ajuda a dar um alento pensando nos próximos passos da modalidade.

Respeito demais o que Guy e sua diretoria estão tentando fazer, pegando um barco totalmente afundado e com dívidas de todos os lados. Certamente um dos trabalhos mais difíceis em termos de reconstrução no esporte brasileiro em todos os tempos. Do meu lado, e olhando pra sustentabilidade da modalidade e pros próximos anos do basquete, eu só fico preocupado que quase na metade de 2019 tenhamos visto pouca coisa saindo do papel quando falamos em aumento de popularidade, crescimento dos clubes formadores, capacitação de técnicos e novos atletas sendo formados.

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