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Bala na Cesta

A corajosa renovação de contrato de Russell Westbrook com o Thunder na NBA

Fábio Balassiano

12/09/2016 01h00

west3Acabou que durante as Olimpíadas rolou uma das notícias mais surpreendentes e também legais na NBA: Russell Westbrook renegociou o seu contrato com o Oklahoma City Thunder, que terminaria ao final de 2016/2017, renovou com a franquia até 2018/2019 por US$ 85 milhões até lá (nesta última temporada aparentemente o jogador tem a opção de pedir rescisão – o famoso player-option) e deixou a torcida local totalmente enlouquecida.

Foi um recado rápido, da equipe e do atleta, à saída de Kevin Durant, que pouco antes anunciara a sua ida para o Golden State Warriors.

westA atitude de Westbrook foi elogiada por gente como Michael Jordan, que viu no camisa 0 do Oklahoma um cara tão faminto, tão obstinado, tão "cabeça-dura" quanto ele, Jordan, foi em sua carreira. Mais do que isso, mostra bastante como pensa, age e joga o mais do que nunca dono da franquia Thunder.

Westbrook tem um jeito meio intempestivo, explosivo, meio fora dos padrões dos armadores que a galera da década de 80/90 viu e que ainda gostaria de ver (embora, perdão que eu diga isso, não verá mais com tanta frequência…), mas é admirável a sua coragem e parece muito claro que ele deseja ganhar do seu jeito, da sua maneira, nos seus termos. Ele tem uma rota, uma maneira de ver as coisas e aparentemente não irá mudar assim tão rápido.

westbrookNão foi a intenção dele, e na verdade nem é mesmo pois na prática ele pode se tornar agente-livre ao final da temporada 2017/2018, ficando em Oklahoma apenas por um ano a mais do que o seu contrato anterior previa, mas a sua renovação e o voto de confiança para a direção do Thunder acabaram mostrando bem as diferenças de pensamento dele e de Kevin Durant (notem que não há crítica aqui, mas sim uma óbvia forma diferente de encarar as suas carreiras).

west11É muito improvável que Westbrook, o rei dos triplos-duplos da NBA nas últimas temporadas (ao lado o crescimento de suas médias na carreira), ganhe um anel de campeão rapidamente (algo que pode, sim, acontecer com Durant em junho de 2017), mas ele aceitou aceitou jogar em um elenco claramente menos forte com a saída de Durant. A propósito: se muita gente achava que seus 18 arremessos/jogo eram muita coisa em 2015/2016, podem ficar tranquilos que este índice deverá subir horrores em 2016/2017, pois as decisões serão quase todas com ele mesmo. Russ aceitou colocar o seu prestígio em jogo para atuar em um time que pode ser que nem playoff pegue no final da fase regular de 2016/2017. Aceitou, aos 27 anos, dar no mínimo mais dois campeonatos para a diretoria voltar a colocar um time forte a seu redor. Aceitou, no final das contas, ser a única face de uma franquia que parecia perder a sua identidade.

O Oklahoma City Thundwest10er não ganhou o sonhado troféu de campeão da NBA em 2016. Ficou, logo depois, sem Kevin Durant, estrela da equipe por uma década. Parecia ver o mundo desmoronar. Não é que o cenário agora seja maravilhoso, lindo, perfeito. Não é. Mas ao menos existe uma pedra fundamental chamada Russell Westbrook para a franquia planejar os seus próximos passos.

Ao seu lado estarão na missão de colocar o Thunder nos trilhos Victor Oladipo, Enes Kanter, Steven Adams, Domantas Sabonis, Andre Roberson, Ersan Ilyasova, Alex Abrines, Kyle Singler, Anthony Morrow e Nick Collison. Que eles saibam, desde já, que a liderança de Russ é beeeeem diferente da de Kevin Durant, mais amistosa, mais tranquila, menos "cobradora".

west8Russell Westbrook está mais para Kobe Bryant que LeBron James ou Kevin Durant neste sentido de liderança. Se antes ele já demandava trabalho pesado de seus companheiros, não aceitando menos horas de ginásio do que a que ele aplica a si mesmo (totalmente "Kobe Bryant" isso), agora mais do que nunca isso estará na ordem do dia. É algo, aliás, que Sam Presti, gerente-geral do Thunder, disse que conta desde o início da pré-temporada.

O camisa 0 do Oklahoma não será apenas o melhor jogador e a cara da franquia nas ações de marketing pela cidade. Todos na diretoria esperam, mesmo, que ele dite o ritmo, em termos de comportamento e atitudes, dentro e fora do vestiário. Sem o menor medo, Russ aceitou a missão. Em tempos cada vez mais politicamente corretos, é legal ver a coragem de Westbrook para nadar contra a corrente de aceitar o mais fácil (que seria pegar a sua mala em 2017 e ir para um time mais perto de ser campeão).

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