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Bala na Cesta

Pós-título, dirigente não garante Americana em 2014

Fábio Balassiano

26/11/2013 11h28

molina1A conquista do quinto título paulista feminino de Americana trouxe alegria para time, cidade e comissão técnica. Mas nem tudo foram flores com o troféu levantado no domingo em São José. Presidente da Associação que dirige o basquete de Americana, Ricardo Molina conversou com o blog ontem à tarde e não se mostrou satisfeito com o tratamento dispensado pela Federação Paulista nas finais da competição. Superintendente de Marketing da Unimed, principal patrocinadora da equipe, Molina garantiu que a tradicional agremiação pode, inclusive, acabar com suas atividades no próximo ano. Veja o papo exclusivo com o dirigente que confirma, em primeira mão, que Americana jogará amistosos na Espanha neste mês de dezembro.

BALA NA CESTA: Qual é a sensação de fazer parte desta conquista? O título, desta vez, veio de forma invicta…
RICARDO MOLINA: É verdade. Estou muito feliz pelo título invicto. Sofremos com a reestruturação do elenco que fizemos no início da temporada, mas as meninas superaram tudo e buscaram o título na raça. Tivemos o começo do campeonato sem as meninas que estavam na seleção, depois tivemos o segundo momento com todas e no final a chegada do novo técnico (Vendramini). Felizmente conseguimos corrigir as necessidades durante o campeonato e tivemos tempo de nos reequilibrar e conquistar o pentacampeonato.

americana1BNC: Falando um pouco do aspecto de fora da quadra. Sei que Americana é uma das poucas equipes com gestão profissional e o campeonato teve uma repercussão muito, muito pequena. Qual a sua avaliação sobre o retorno do campeonato?
MOLINA: Olha, pergunta interessante esta. Vamos lá. Quando nós achamos que havia chegado ao limite do descaso somos surpreendidos com a falta de respeito por parte dos dirigentes do basquete. Tivemos uma reunião antes do início do campeonato na Federação Paulista de Basquete onde falou-se de multas com a falta de cumprimento de normas por parte dos clubes. Aí, mais uma vez, os clubes fizeram suas obrigações e o que tivemos? O campeonato do maior estado do pais sem nenhum jogo transmitido pela televisão. Tentei contato com a Federação, falei com o vice-presidentes de lá, porque, sim, lá são dois!, e ninguém soube dizer porque não seria transmitido um jogo sequer. Pergunto: o direito de transmissão é realmente da ESPN? Transmitir ou não, faz parte de um contrato que acredito que a FPB deva ter, mas não esclarecer para os clubes sobre a transmissão é uma falta de respeito tremenda. Poderíamos buscar outros parceiros para transmissão, outras alternativas. Não vamos compactuar mais com isso.

molina2BNC: E o que Americana pretende fazer?
MOLINA: Sobre ao Paulista, não disputaremos mais se não estiver no papel, em contrato, e soubermos sobre as transmissões e quantidades de jogos para cada time. Se os clubes se desdobram para pagarem os altos custos do campeonato, por que não temos o mesmo trabalho com relação a organização ? Se os vice-presidentes não sabem o que acontecem, imagine os clubes!

BNC: Existe alguma possibilidade de Americana deixar o basquete?
MOLINA: Sim, existe. Se temos uma gestão profissionalizada, trabalhamos em cima de investimento, resultado e desenvolvimento. Se não está havendo retorno e respeito, qual o motivo para continuar? Paixão? Não se brinca com o dinheiro de patrocinadores e da entidade que comanda o basquete da cidade (A ADCF, Associação Desportiva dos Cooperados e Funcionários da Unimed). Temos que prestar contas do que estamos fazendo e se não temos o apoio dos dirigentes que comandam o basquete do país, continuar pra quê?

molina3BNC: Desculpe te falar isso agora, mas você não diz isso de cabeça quente? Esta decisão está sendo tomada depois de as finais não terem sido transmitidas pela televisão?
MOLINA: Não. A falta de respeito com a falta de transmissões foi a gota d'água, posso te garantir. Americana não quer dar lição de moral ou dizer que é perfeita, mas temos o direito de decidir os caminhos da Associação. Infelizmente o basquete feminino virou uma brincadeira de mau gosto, feita por pessoas que não querem o desenvolvimento da modalidade.

BNC: Mudando um pouco de assunto. Não parece, mas a Liga de Basquete Feminino começa no sábado e me parece, de longe, um pouco melhor que a do ano passado. Qual sua expectativa para a 4º edição da LBF?
MOLINA: Prefiro não criar expectativas e sim fazer o nosso trabalho. Tínhamos uma programação de realizar a Copa Brasil, da CBB, em dezembro e nos programamos para isso. Aí, como você divulgou em seu blog, a competição simplesmente foi cancelada. Estamos indo neste mesmo período que seria realizada a Copa Brasil para a Espanha, onde faremos quatro jogos com equipes de ponta da Liga Espanhola. Antes disso, porém, faremos duas partidas pela LBF. Se fossemos esperar pela unificação e divulgação do calendário jogaríamos um monte de jogos em uma semana e ficaríamos 15 dias parados.

molina1BNC: Acho que você nunca falou tanto em uma entrevista…
MOLINA: Não foi um desabafo, não mesmo. É a famosa Lei de Newton. Houve uma ação, e estamos tendo a nossa reação. Temos feito o possível e o impossível para contribuir com o basquete feminino, mas chegamos ao limite, ao limite mesmo. Vamos aguardar o final da temporada 2013/2014 para decidir pelo futuro da direção da Associação que comanda o basquete de Americana. De qualquer forma antecipo: fizemos nossa parte para o desenvolvimento da modalidade.

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