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Bala na Cesta

Sobre os métodos generalescos de Rubén Magnano na seleção brasileira

Fábio Balassiano

14/08/2013 15h00

Rubén Magnano é um grandíssimo treinador. Disso, ninguém tem dúvida e pode falar um "a" (mentira, o "a" é a decisão de não jogar com Anderson Varejão no segundo tempo quase todo contra a Argentina nas quartas-de-final das Olimpíadas de Londres). O cara sabe de basquete, o cara entende de basquete, o cara respira basquete, o cara quer ver o basquete brasileiro de volta aos dias de glória. O ganho técnico e tático com ele é visível, e a volta às Olimpíadas foi a consequência de um trabalho brilhante que ele vem fazendo em quadra desde 2010.

Isto posto, vamos a um assunto que tem me deixado chateado desde que o argentino assumiu a seleção brasileira. Com Magnano, não pode nada. Entrevista no intervalo, antes ou depois dos jogos? Não pode. Liberar jogador pra apresentação de time? Não pode. Mesa redonda pra falar das finais da NBA com uma emissora de televisão? Não pode. Celular? Não pode. Torcida acompanhar treino? Não pode. Técnicos no treino? Não pode. Ex-jogador da seleção no treino? Não pode. Esposas no hotel? Não pode. Nada pode, nada pode (a não ser a exigência um tanto quanto contestável dele para que jogadores reconhecidamente com lesão – Anderson Varejão, por exemplo – apresentem pedidos de dispensa, algo que aumenta ainda mais o volume raivoso da opinião pública contra os atletas e cria um clima de animosidade entre torcida e atletas desnecessário). Peraí, né. Com que tipo de crianças Rubén acha que está lidando?

Já escrevi isso há um ano, e nada mudou desde então: Rubén Magnano não é o dono do basquete brasileiro (ele é apenas o técnico da seleção, e não o presidente da Confederação), a seleção precisa reaparecer para a população depois de anos de hiato e seus métodos generalescos não fazem um time vencer (o que ainda ganha jogo no basquete é técnica, fundamento e tática, e não regime de concentração até dizer chega). A grande questão é: existe alguém da Confederação Brasileira que tenha moral para contestar o cara, um dos poucos acertos da gestão Carlos Nunes (foto) e mostrar a ele que além da hierarquia existe algo que o basquete brasileiro precisa voltar a buscar – popularização e reconhcimento?

Enquanto ninguém conversar com Magnano (Vanderlei, Nunes, André Alves, qualquer um) e mostrar que o que ele faz atrapalha na popularização do basquete, que hoje é um esporte diminuto no país, este museu de atitudes retrógradas e generalescas do argentino tende a continuar, tende a aumentar, tende a chegar a níveis impossíveis (se é que já não chegou).

Insisto: não se ganha ou perde jogo por causa desta série de alucinações de Magnano. Ganha-se devido aos treinamentos dele, que, diga-se de passagem, são excelentes. Que ele concentre seus esforços justamente onde ele já é muito bom – na quadra. Fora dela o basquete brasileiro precisa aparecer, crescer, sair da ditadura e chegar à modernidade.

E aí, Carlos Nunes, vai falar com seu treinador?

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