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Bala na Cesta

Danny Ainge ousa no Boston Celtics e contrata técnico 'universitário' Brad Stevens, ex-Butler

Fábio Balassiano

04/07/2013 01h55

No dia 30 de junho escrevi aqui que Danny Ainge partiria para uma renovação radical e lenta no Boston Celtics. O técnico Doc Rivers foi liberado para os Clippers, Paul Pierce e Kevin Garnett serão anunciados no Brooklyn Nets em 10 de julho e Rajon Rondo tem sido sondado por outras equipes sem que Ainge descarte qualquer negociação.

Com isso tudo, previa-se o nome de um técnico diferente, mas Danny Ainge ousou demais (e eu gostei da ousadia, diga-se de passagem). Na tarde de ontem Ainge anunciou o nome de Brad Stevens, de 36 anos e que guiou a não mais que mediana Universidade de Butler a dois vice-campeonatos nacionais e a cinco Torneios da NCAA (o March Madness) em seis anos no comando da faculdade.

Para se ter uma ideia de como Stevens é novo (será o quinto mais jovem a dirigir a franquia), e também inexperiente para uma função como esta (ele será apenas o técnico da equipe mais tradicionais da NBA sem sequer ter passado por uma equipe profissional), ele é mais novo que Kevin Garnett, que poderia ser seu atleta, e não era nem vivo quando Bill Russell, lenda dos Celtics, conquistou o seu título de número 11 com os verdes em 1969.

E Brad Stevens, o primeiro técnico vindo da Universidade que treinará o Boston Celtics desde Rick Pitino em 1997, vem com um tempo de contrato (seis anos, US$ 22 milhões) que mostra bem o que Ainge (e o próprio Stevens) está pensando neste momento – trabalho de longo prazo, de construção, de garimpar e desenvolver peças no Draft e vindas da Europa e D-League. Ou seja: nem Ainge, nem Stevens e nem ninguém pode esperar qualquer tipo de exibições ou performances geniais a partir de 2013-2014.

Se tinha alguém que esperava playoff com um time que deve ter Rajon Rondo, Avery Bradley e Jeff Green (se nenhum deles for trocado antes), é melhor rever conceitos. O Boston vem para a reconstrução, para implodir o elenco quase todo até que um novo, e bom, seja moldado por Danny Ainge e agora por Brad Stevens, nerd de marca maior e um dos melhores técnicos da nova geração. É uma aposta dos Celtics, é uma aposta arriscada sem dúvida alguma, mas o técnico alucinado por estatísticas e pressão defensiva e que se notabilizou por colocar uma Universidade sem reconhecimento algum no mapa do circuito universitário norte-americano é dedicado pacas e tem ótimas chances de fazer a migração faculdade-profissional com razoável sucesso.

A grande dúvida é: terão a diretoria e a torcida de Boston paciência para uma dolorosa e demorada renovação? Caso a resposta seja afirmativa, Stevens e Ainge poderão conversar longamente sobre basquete – como fizeram antes de fecharem negócio. Do contrário, talvez nenhum dos dois dure muito tempo em solo verde.

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