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Bala na Cesta

O futuro do Celtics passa por Danny Ainge - é arriscado, mas não dá pra criticar agora

Fábio Balassiano

30/06/2013 10h19

Danny Ainge jogou no Boston Celtics entre 1981 e 1989. Foi campeão duas vezes (84 e 86) e sabe muito bem como as coisas (leia-se pressão) funcionam em solo verde. Alçado a função de gerente-geral em 2003, promoveu limpa no elenco trocando de cara Antoine Walker, ídolo de uma torcida que ficaria irada com a carta de apresentação de Ainge como chefe (meses depois ele trocou o técnico Jim O'Brien por Doc Rivers também).

Isso, porém, não seria o pior. As temporadas 2005-2006 e 2006-2007 foram terríveis (57 vitórias AO TODO e o segundo pior retrospecto na história do time), e no final de 2007 o astro do time, cansado de apanhar, bateu na mesa de Ainge e pediu para ser trocado. Era Paul Pierce, que dizia estar precisando de um time capaz de brigar por títulos – e não um saco de pancada.

Danny Ainge pediu paciência, disse que iria agir – e agiu. No mesmo verão buscou Ray Allen e Kevin Garnett com uma série de trocas e o restante da história todo mundo sabe. O Boston foi campeão em 2008, chegou na final em 2010 (perdeu o jogo 7 pro Lakers em Los Angeles), no ano passado bateu na trave de eliminar o Miami no jogo 6 em casa (perdeu e foi eliminado no sétimo, na Flórida) e neste ano perdeu do New York Knicks por 4-2.

Pode ser que muita gente não tenha entendido, mas o recado que Ainge deu ao deixar Doc Rivers ir embora (aliás, vamos combinar, o ótimo treinador todo verão americano dizia estar na dúvida se viraria comentarista, cuidaria da família, permaneceria em Boston ou tiraria um ano sabático – o que para um empregador é péssimo) e ao trocar Paul Pierce e Kevin Garnett nesta semana para o Brooklyn Nets é bem claro: "Caros amigos, o ciclo destes gênios do basquete terminou em termos de títulos. Temos um time voando em termos físicos aqui no Leste e precisamos começar uma nova Era para derrotá-los em alguns anos".

Na boa, o torcedor mais apaixonado pode chorar um pouco, pensar quão triste é mandar embora Pierce, que tem uma vida com o Boston, mas não dá pra criticar Danny Ainge por simplesmente querer tentar uma reconstrução. Todo grande time passa por isso, todo time passará por isso se quiser voltar a ser grande, e Ainge vai tentar conseguir o maior números de picks para o Draft de 2014 (que promete ser um dos melhores dos últimos tempos) visando a formação de um novo timaço em Boston. Do meu canto, só fico preocupado pelo seguinte: com os jogadores que virão do Nets (e não vou escrever todos porque parece que pode mudar um bocado – quando confirmar eu coloco aqui, prometo) a folha salarial continuará alta (anistiar ou não Gerald Wallace?) e o time nem será tão terrível assim no Leste. Ou seja: vão pagar caro por um time que, sendo mais ou menos, pode não ser agraciado com escolhas altas no próximo Draft. É algo a se pensar, e certamente Danny Ainge terá meses de muito trabalho pela frente.

Ontem, aliás, surgiu um rumor que ele, Ainge, estaria também interessado em trocar Rajon Rondo para o Dallas (pelos contratos expirantes de Shawn Marion e Vince Carter). O armador tem 28 anos e um dos temperamentos mais explosivos da NBA – para um elenco que precisará ser forjado com muito treinamento, derrotas e paciência parece pouco recomendado mesmo. Ao que parece, portanto, a renovação dos quadros verdes não terminou – e não nos espantemos se Jeff Green também estiver envolvido nisso (ele tem salário garantido até, no mínimo, 2014-2015)

A única coisa que Ainge espera, neste momento, é um pouco de compreensão de uma torcida que ele conhece bem – é exigente e não esperar muito, muito não. E que a camisa usada pela torcida do Detroit Pistons nos playoffs de 1987 (veja na foto à direita) continue guardada nos armários.

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