O que explica a tentativa de criação de um torneio durante a temporada da NBA
Fábio Balassiano
23/12/2019 05h01
Adam Silver, comissário-geral da NBA, está empenhado em colocar em prática um de seus maiores sonhos: um torneio durante a temporada, que começaria a valer já em 2021/2022 após decisão dos 30 donos de franquias em junho de 2021 (pelo menos 20 precisam aprovar a alteração no formato). Muito dinheiro já foi colocado na mesa (premiação de US$ 1 milhão por jogador vencedores e divisão de US$ 1,5mi para a comissão técnica), mas pouca gente entendeu a ideia de Silver com esse mata-mata.
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Noves fora a questão financeira, já que o salário médio de um atleta da NBA é de US$ 9 milhões, e o fato de algumas estrelas já terem dito que não entram em quadra para um torneio em novembro / dezembro (o maior caso é James Harden, do Houston Rockets, que afirmou categoricamente que a liga norte-americana não precisa de um caça-níquel), o que motiva a NBA a mudar o regulamento é uma queda abissal de audiência na fase regular dos campeonatos nos últimos cinco anos.
De acordo com o Nielsen, que mede a audiência nos Estados Unidos, os índices ficaram 10% menores na comparação dos dois últimos campeonatos, com uma queda acentuada na comparação 2018/2019 x 2017/2018. Isso acendeu o alarme do comitê executivo da liga, que tem tentado minimamente pensar em alternativas. Em recente entrevista no México, Adam Silver explicou de onde vem a inspiração: "Os campeonatos diversos que existem no futebol geram interesse na temporada inteira, do começo ao fim, e mais do que um felizardo, como há na NBA com o seu campeão decidido em junho", afirmou.
Há um outro componente importante: como tudo que envolve a NBA, criar um torneio seria outra forma de alavancar a liga financeiramente, já que semifinais e finais seriam vendidas para uma cidade que não possui um dos times atuais do campeonato. Estudos mostraram a Silver que um campeonato assim pode gerar uma receita líquida adicional de mais de US$ 50 milhões, fora ganhos com artigos esportivos específicos, participação na renda, essas coisas.
Por isso, e em que pese o fato de a NBA ainda não ter conseguido entender os motivos (falta de atrativos técnicos, mudanças no ritmo do jogo, times "grandes" como Knicks e Bulls em baixa? Ninguém ainda sabe), a diretoria da liga começou a procurar formas para voltar a atrair seu fã mexendo em algo que existe há mais de 50 anos sem mexer (o formato da competição).
A ideia do torneio em dezembro faria com que a fase de classificação tivesse um número menor que os 82 jogos atuais e traria um outro atrativo para um certame cujas audiências começam a bombar, mesmo, ali em abril, quando começam os playoffs.
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