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O dia que o dono da maior torcida do país jogou para 112 pagantes no NBB - como melhorar isso?

Fábio Balassiano

13/11/2019 11h40

Foi em uma terça-feira. Foi em um dia com chuva. Foi tudo o que vocês quiserem, mas ontem à noite eu pude presenciar um dia melancólico para a história do basquete nacional. Estive na Arena Carioca 2, onde o Flamengo venceu fácil o Pato Basquete por 76-59 diante de inacreditáveis 112 pagantes (346 presentes).

Antes de mais nada, eu faço um parêntese que certamente depois virará um texto sobre a situação da Arena Carioca 2. Essa foto foi tirada por mim e é isso mesmo. Pouco mais de três anos depois do Rio-2016 restou uma arquibancada de madeira para as pessoas sentarem e NADA MAIS. Tudo no entorno da quadra, do ginásio, foi desmontado. Se esse era o legado prometido…

Mas, bem, voltando. Não creio que precise me alongar muito no tema, dizendo apenas que é uma vergonha absoluta o que aconteceu nesta terça-feira, certo? Estamos falando do maior campeonato de basquete do país, do atual campeão do NBB e da maior torcida do país, o Flamengo. Há inúmeros argumentos para a não ida de muitos torcedores ao ginásio (alguns mencionados acima), mas me nego a crer que com um esforço bacana de marketing não se consiga chegar a duas mil, três mil pessoas.

Para quem não sabe ou não é do Rio de Janeiro, a Arena Carioca fica na Zona Oeste, localidade da cidade realmente afastada de Tijuca ou Maracanãzinho, ginásios de preferência da torcida, mas com fácil acesso para quem é da Barra da Tijuca, Jacarepaguá, Taquara e cercanias. Há uma estação de BRT em frente e estacionamento na Arena inclusive. Não custa lembrar, aliás, que o jogo de ontem foi o primeiro do rubro-negro diante de sua torcida no atual campeonato (os duelos contra Paulistano e São Paulo, com mando do Fla, foram em Brasília). Foi um boas-vindas frio, digamos assim.

Muita gente gosta de apontar o dedo para a Liga Nacional de Basquete, e de fato este é o maior problema disparado da LNB nos últimos anos (e falei aqui sobre isso): ver torcedores no ginásio e não só na frente da televisão e celulares já que 100% das partidas são exibidas. Mas, e não estou aqui para defender ninguém, me parece óbvio que quem deve promover o seu próprio evento é o clube mandante do jogo (como a Unifacisa tem feito em Campina Grande, Paraíba, com enorme sucesso), sabendo também deste lado que a Liga tem procurado mecanismos para que as agremiações dediquem esforços para isso.

E que fique claro. Este não é um problema exclusivo do Flamengo, já que a média de público do NBB não ultrapassa os 1.500 torcedores por partida, com taxa de ocupação de menos de 50% nos ginásios nesta temporada, mas choca bastante quando estamos falando de um time desse tamanho.

Recentemente li (aqui) que o Flamengo possui mais de 140 mil sócios-torcedores. Quantos, desta base de fãs, sabiam que havia uma partida de basquete na terça-feira? É feito algum tipo de segmentação entre os sócio-torcedores para mandar algo mais direcionado (tipo para quem mora na Barra da Tijuca e adjacências?). Por que o clube não usa as suas redes sociais de milhões de seguidores para informar sobre a partida de basquete antes dela acontecer? Atualmente o clube usa a @TimeFlamengo (237 mil seguidores no Twitter, 823 mil no Instagram e 176 mil no Facebook) para comunicar tudo sobre os esportes olímpicos, perdendo uma imensa oportunidade de usar o poder de arrastão da maior @, a do futebol (6,1MM no Twitter, 5,8 milhões no Instagram e  11 milhões), para atrair novos fãs às modalidades como vôlei, agora na Superliga, e basquete. Qual a publicidade, digital ou não, feita pela diretoria rubro-negra para abordar a partida contra o Pato Basquete? Foi feito algum famoso impulsionamento em Facebook ou Google para rubro-negros daquela região? Eu duvido!

Exemplos do que pode ser feito não faltam, de verdade. De ida de jogadores para meios de comunicação a presença deles de forma mais assertiva nas redes sociais, passando por visita a escolas e estabelecimentos comerciais da região (há aos montes!) a um projeto de marketing (algo BEM diferente de comunicação, algo que o clube faz e muito bem) para o time de basquete, me parece que há uma certa leseira e timidez em explorar algo tão bacana, tão vencedor e chamado de "Orgulho da Nação" não à toa, para a sua massa de torcedores.

Enquanto essa realidade não mudar, seguiremos vendo ginásios vazios. E de verdade esse time, que ganhou tudo nos últimos anos, não merece isso.

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