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Quem é o gigante que ajudou a França a eliminar os EUA no Mundial da China

Fábio Balassiano

12/09/2019 05h52

"Não há o que falar após um jogo desses. Não é sobre quem não veio, mas sim sobre caras que perderam suas férias para se preparar, se sacrificaram e deram a alma pelos Estados Unidos. Do outro lado havia uma seleção espetacular e com uma atuação magnífica de um pivô que conhecemos bem. Só tenho que dar parabéns para a França", Gregg Popovich, técnico dos EUA

"É uma das maiores vitórias da minha carreira e um dos dias mais felizes da minha vida. Este dia jamais sairá de minha memória. Mas queremos ir além. Temos fome", Rudy Gobert.

As duas declarações foram dadas ontem logo após a França ter feito 89-79 contra os Estados Unidos no Mundial de Basquete da China para cravar uma das maiores surpresas desta já surpreendente edição da Copa do Mundo. Evan Fournier foi o cestinha pelos vencedores (22 pontos), mas ninguém impressionou mais do que Rudy Gobert, gigante francês de 2,16m, 27 anos e autor de 21 pontos, 16 rebotes, 3 tocos, 2 assistências e um roubo de bola em incríveis 34 minutos de uma atuação sublime no ataque e também na defesa (36 de eficiência e +22 enquanto ele esteve em quadra).

Pra quem acompanha o basquete com mais afinco a atuação de Gobert na manhã de ontem não foi surpresa. Em 2014 ele fez parte do elenco francês que ajudou a derrubar a anfitriã Espanha no Mundial que foi praticamente todo arquitetado para colocar os ibéricos na final. Com 13 rebotes ele deu um ótimo cartão de visitas ao mundo. O restante ele foi construindo ao longo do tempo na NBA.

Gobert nasceu em 1992 em Saint-Quentin, Aisne, no norte da França. Ele é filho de Corinne Gobert e Rudy Bourgarel, ex-jogador de basquete de Guadalupe que jogou pela seleção francesa na década de 80. Criado em sua cidade natal, ele começou a jogar basquete em 2003 pelo clube JSC St-Quentin, antes de ingressar no Saint-Quentin. Em 2007, o já gigante rapaz ingressou no centro de treinamento de Cholet e, em 2010, participou do Europeu Sub-18 onde terminou como melhor marcador e rebatedor da equipe.

Sua carreira seguiu no Cholet e sua fama passou a ser conhecida ao redor do mundo. Com 2,16m, braços longos, boa desenvoltura e um jogo de ataque ainda precisando de ajustes Rudy era monitorado pelas franquias da NBA até que em 2013 ele foi selecionado na 27ª posição do Draft pelo Denver Nuggets, que imediatamente o trocou para o Utah Jazz. O começo na franquia de Salt Lake City não foi fácil.

Com menos de duas semanas de temporada Tyrone Corbin, seu técnico no ano de calouro, o despachou para a G-League, a Liga de Desenvolvimento. Disse aos jornalistas que o francês precisava entender melhor o jogo e que ele ainda não estava pronto – como se algum novato chegasse pronto à NBA. A relação nunca foi boa e pra sorte de Gobert Corbin é que acabou dispensado ao final da temporada. Com Quin Snyder, seu novo técnico e dono de mentalidade mais arejada, tudo mudaria.

Seu tempo de quadra, pontos e rebotes triplicaram de um ano pro outro e sua capacidade atlética para defender dentro do garrafão começou a ganhar fama na liga. Não eram apenas os seus 2,16m que impressionavam, mas sobretudo a forma como ele conseguia passar bem a bola, correr a quadra e fazer as coberturas defensivas praticamente dando apenas um passo (algo que seu potencial físico lhe beneficia). Do meio pro final da temporada 2014/2015 ninguém ousava mais duvidar de Gobert, titular de um ainda titubeante Utah Jazz. No ano seguinte a evolução continuava na marcação, mas faltava o ponto de exclamação no setor ofensivo.

E isso aconteceu em 2016/2017, quando Rudy, amigo íntimo do brasileiro Raulzinho, passou a trazer mais "golpes" de ataque para não só proteger a sua cesta mas para intimidar os rivais do outro lado da quadra. Com 14 pontos e 12,8 rebotes ele passaria a fazer a primeira das agora três temporadas seguidas com duplo-duplo na NBA. Sempre arremessando para mais de 55% de aproveitamento, algo incrível.

Em 2018 e 2019 vieram dois de seus principais prêmios. Foi eleito de forma com inteira justiça o melhor defensor da NBA, mas de maneira bizarra não foi votado para o All-Star Game. Caiu nas lágrimas, chorou, fez um barulho danado, mas nada que mudasse a votação e a sua ida para o jogo dos melhores da liga.

Ontem contra os Estados Unidos que só tinham um All-Star (Kemba Walker) Rudy Gobert deixou sua marca. O gigante cresceu ainda mais, jogou muito contra seu companheiro de Utah Donovan Mitchell (autor de 31 pontos pelos americanos), despachou o grande favorito ao título e deu um recado ao planeta.

Ele é, sim, um dos melhores pivôs do mundo. Só não vê quem não quer. A Argentina que se cuide na semifinal de amanhã. Se sobra técnica, não há ninguém com o potencial físico para deter Rudy Gobert.

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