Filho de Oscar, Felipe chegou a jogar com o pai, mas hoje faz sucesso como diretor de clipes
Fábio Balassiano
28/08/2019 05h39
Arquivo pessoal
Corria o ano de 2002 e em março uma cena chamou a atenção de quem acompanhava o Nacional de Basquete daquele ano. Aos 44 anos, Oscar Schmidt, um dos maiores nomes do esporte em todos os tempos, estava jogando junto de seu filho mais velho, Felipe, então com 16, pelo Flamengo contra Mogi.
O tempo passou, e ao contrário do que muita gente imaginava Felipe não continuou no esporte. No lugar da bola laranja, gravações de clipes. Atualmente Felipe, também conhecido como Schima no meio artístico, trabalha na Kondzilla, a maior produtora do país, e tem em seu currículo mais de 120 músicas gravadas de artistas que vão de Kevinho a Mc Menor, Junior Lorde, entre outros.
"Meu pai sempre levou muito de boa o fato de eu não seguir a carreira de atleta. Ele perguntou o que queria fazer, eu disse que queria fazer cinema e então foi isso. Aceitou na boa. Ele sempre teve a preocupação maior de como estaria no longo prazo, porque nessa área de arte não necessariamente você vai ser bem sucedido financeiramente. O que ele queria é que fosse feliz. Agora, por incrível que pareça, quem ficou mais chateada foi a minha mãe, a Cristina. Ela me via mais como filho próximo ao Oscar. Só que o esporte não é que nem uma empresa, que você passa de pai pra filho e fica tudo bem. É diferente, são caminhos diferentes. Percebi que não seria um All-Star, um craque, muito rápido e decidi tocar a minha vida. Hoje ela é minha maior fã, aceita muito bem. E eu era cabeça feita. Sempre quis trabalhar com arte, com câmeras, essas coisas", conta Felipe Schmidt em entrevista ao blog.
Para quem não conhece, a Kondzilla é a empresa de Konrad Dantas. Produtora de vídeos e primeira empresa do Brasil a chegar a 50 milhões de assinantes em seu canal no YouTube, o selo gerencia a carreira de artistas como Kevinho, Kekel, Lexa, MC Fioti, MC Lan, Dani Russo, MC Dede, MC MM , entre outros. A empresa tem como marca registrada promover artistas que vivem sob as adversidades da favela e contribui para levar o funk como forma de entretenimento para as pessoas. Além da marca de 50 milhões, a Kond é o maior canal de música do mundo, o maior canal da América Latina e possui o único vídeo brasileiro com mais de um bilhão de visualizações (MC Fioti – Bum Bum Tam Tam).
Antes de brilhar na Kondzilla, Felipe brincou atrás das câmeras. Desde cedo. E em casa. Morando na Itália, onde seu pai foi ídolo de toda uma geração (inclusive de Kobe Bryant, astro do esporte anos depois), ele pegava a câmera do pai e ficava filmando, filmando e filmando. Com seus amigos chegou a fazer uma espécie de remake de 007. Quando percebeu que não dava pra seguir jogando, seguiu seu sonho de trabalhar com câmeras. Se formou em sociologia na Florida State University, logo em seguida em cinema na Full Sail e a vida profissional começou de maneira inusitada.
"Me recomendaram ir para Los Angeles, onde teria muito mais trabalho. Só que em 2014 tive que voltar pro Brasil porque meu visto americano venceu. E aí comecei por aqui. Como sou dono de certos equipamentos de filmagem, acabei entrando em contato com a Kondzilla meio que por acaso. Isso foi em 2015, quando o canal tinha menos de 10 milhões de inscritos no YouTube. Um dia mandei mensagem para um responsável de produção e no dia seguinte estavam interessados em mim e no equipamento para fazer a gravação. Disse que faria de graça, um, dois, três para fazer as coisas e peguei amizade com o Kond, o dono".
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Konrad gostou, e há dois anos Felipe é um dos seis diretores fixos de cena da Kondzilla. O sucesso da empresa veio na mesma medida que seus clipes passaram a ser absurdamente vistos.
"Tenho um carinho enorme pelo Konrad. Ele me deu uma oportunidade quando estava precisando muito de trabalho. Ter crescido junto com ele não foi coincidência, mas consequência de todo trabalho que tivemos. Hoje somos amigos. Ele é visionário, trabalhador, empreendedor. Trabalhei de graça porque acreditei no projeto. Ele, e ninguém na real, não sabia que o canal chegaria nessa proporção. A gente sempre viu esse crescimento, esse boom de 2 anos pra cá, mas o mais lindo foi o percurso. O canal tem mais de 600 vídeos, eu fiz uma pequena parte, pouco mais de 120. Fiz, por exemplo, o Kevinho com o Leo Santana. Hoje tem 300 milhões de visualizações, é muita coisa. Envolvimento, Mc Loma. Kevinho, Facilita. Estes são os mais conhecidos, mas gosto muito de um que se chama Relógio, do Mc Menor. É em uma prisão abandonada", relembra Felipe, que além de funk ouve outros ritmos: "Gosto muito de eletrônico. Eletrônico pesado, trance, de rap, de funk. Não era muito fã de funk antes, mas ele foi crescendo dentro de mim e hoje me sinto mais confortável em ouvir".
Aos 33 anos, Felipe segue os passos como diretor mas também procura novos desafios na carreira. Atrás das câmeras devem vir novidades em sua carreira:
"Gosto muito do que faço hoje. No videoclipe a linguagem é legal. Mas gosto muito de séries e filmes. Me vejo no futuro fazendo isso. Tentando algo nas séries, no caminho do longa metragem. Estou fazendo um curso de roteiro pra me ajudar a estruturar as ideias, essas coisas. Meu sonho está sendo realizado. Quando me formei na faculdade, queria ser diretor de cena e meu sonho já se realizou. Quero continuar e quem sabe em projetos maiores".
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Como ficar longe do basquete é quase impossível para Felipe, uma ideia em relação a vida e carreira de Oscar Schmidt está sendo tirada do papel.
"Estou começando a coleta de material para fazer um filme de ficção sobre a vida do meu pai. Sem previsão nenhuma de lançamento. O Oscar apenas ficou emocionado, super contente, mas você conhece o cara e agora ele começa a cobrar datas e pressiona pra sair legal", finaliza.
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