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Brasil perde hegemonia sul-americana pra Argentina no feminino; agora há o difícil Pré-Olímpico

Fábio Balassiano

05/09/2018 01h55

Terminou ontem o Sul-Americano adulto feminino. E terminou como não terminava desde 1986. Em Tunja, na Colômbia, a seleção brasileira perdeu de 65-64 da Argentina e viu a rival conquistar o título continental, algo que ficava em nosso país desde a década de 80 (16X seguidas). Com 11 pontos, a armadora Melissa Gretter foi a cestinha da final e a MVP da competição. Apesar da perda do caneco, o time do técnico Carlos Lima volta com a vaga no Pré-Olímpico de 2019 na bagagem, e é aí que acho que o esporte das meninas deve se concentrar.

Em primeiro lugar, vamos ao óbvio. Confesso a vocês que estava com um medo dos diabos desse Sul-Americano na Colômbia. Talvez porque temesse que a fratura ficasse aberta de vez em caso de uma não classificação. Estamos falando de um país que nas duas últimas Olimpíadas não passou da primeira fase, que está fora do Mundial de 2018 na Espanha e que recentemente perdeu de Ilhas Virgens, Venezuelas e afins. O título perdido não atenua e nem agrava o passado, mas talvez sirva pra colocar um ponto de reflexão importante para os próximos anos. O Brasil teve surreais 27 erros, perdeu o segundo tempo por 45-32 e sua armadora titular (Babi) teve mais desperdício de bola (6) que assistências (4). O técnico Carlos Lima, claro, merece ter seu trabalho como um todo avaliado (não por causa da derrota de ontem, mas porque todo trabalho merece ser avaliado).

É ruim perder, é péssimo perder da Argentina, é cruel perder a hegemonia sul-americana. Isso tudo é muito, muito ruim. Mas o nível do Pré-Olímpico das Américas será ainda mais forte e isso preocupa. Teremos provavelmente o Canadá pela frente e também a Argentina, rival que tem incomodado recentemente e que irá disputar o Mundial Adulto pela primeira vez em 12 anos (na Espanha, neste mês de setembro). Ainda não se sabe quantas vagas haverá em disputa, mas jogar Tóquio-2020 é a ordem do dia para o basquete feminino brasileiro. A questão é como conseguir isso de um ano pro outro em um elenco que contém lacunas – como há anos possui e quem acompanha o feminino sabe.

No Sul-Americano vimos mais uma vez um garrafão fortíssimo (com Érika e Clarissa sendo dominantes), mas muita irregularidade nas alas (com exceção de Jaqueline, todas aparecendo em algum momento mas nenhuma consistente) e Babi e Tainá pouco seguras na armação. Não entendi muito bem a pouca utilização de Raphaella Monteiro, mas talvez seja leviano cobrar sem conversar com Carlos Lima e entender os motivos dele. De todo modo, a pergunta fica: o quanto disso conseguirá ser corrigido para uma competição com nível bem mais alto, como é o Pré-Olímpico?

No momento, vale esperar. E torcer para que meninas que foram bem neste Sul-Americano (Clarissa e Jaqueline sobretudo) continuem assim. As que não foram tão bem assim, que tenham tempo de quadra na temporada que antecede o Pré-Olímpico e que a CBB continue dando confiança e os subsídios necessários para irem bem em 2019 (a preparação será mais fundamental que nunca). Jogar no Brasil a competição pode parecer muita coisa, pois há muito custo envolvido, mas seria importantíssimo para uma equipe que precisa de confiança e que entra na competição sem ser a favorita destacada pra conseguir as vagas.

A hegemonia continental está perdida. Agora é voltar à elite em 2020, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, depois de ficar fora do Mundial de 2018 na Espanha e perder um sul-americano pela primeira vez desde 1986.

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