No dia 26 de janeiro DeMarcus Cousins foi ao chão na vitória do New Orleans Pelicans e rompeu o tendão. Muita gente imaginou que com o pivô fora da temporada a franquia iria pro buraco e desperdiçaria mais um ano não só de Cousins mas sobretudo de Anthony Davis, a sua maior estrela. Os cinco jogos seguintes, com quatro derrotas, deram bem o tom e quase ninguém imaginava que o Pelicans reverteria o quadro de se recuperar da ausência de alguém que contribuía com 25 pontos e quase 13 rebotes por jogo.

Mas aí Anthony Davis apareceu. E apareceu com gosto. Se até janeiro ele já mantinha as suas médias em ótimos 27 pontos, em fevereiro o Monocelha está DESCOMUNAL. São 35,9 pontos, 12,9 rebotes, 2,5 tocos e 2,4 roubos de bola do ala-pivô no mês para guiar o Pelicans a seis vitórias seguidas e a terceira posição do Oeste com 34-26. Hoje o time enfrenta o San Antonio Spurs e inicia uma série de quatro partidas fora de casa pra saber em que patamar pretende ficar nestes últimos momentos de fase regular da temporada.

Sem Cousins e sabendo de sua importância redobrada pro time, Davis aumentou seus touches (são quase 8 arremessos a mais por jogo), se esforçou ainda mais na defesa (dobrou sua média de roubadas e aumentou em 12% seu número de rebotes) e até no perímetro tem sido mais eficiente (suas bolas de três saltaram de 28% de conversão em janeiro para 35% em fevereiro). Na segunda-feira, um verdadeiro recital contra o Phoenix Suns: 53 pontos, 18 rebotes, 3 assistências e 5 tocos. Números que preencheram todas as fileiras das estatísticas e que deram o triunfo para a sua equipe. Deem uma olhadinha no que ele aprontou.

Três noites antes contra o Miami, incríveis 45 pontos, 17 rebotes, 5 tocos e 5 roubos de bola. Pra se ter uma ideia de como Davis está jogando, nos últimos 17 anos houve 3 partidas com 50+ pontos e 17+ rebotes na NBA. As três dele. E nos últimos seis jogos, o rapaz de 2,11m e 24 anos tem as médias de (é sério) 41,5 pontos, 14,8 rebotes, 3,2 roubos e 3,2 tocos. Seis jogos, e obviamente seis vitórias por média de quase 10 pontos de diferença. Em fevereiro, ninguém pontuou (Davis tem 35,9 e Damian Lillard, 32 pontos por jogo no mês) mais que ele. Em fevereiro, 10 jogos e 8 duplos-duplos (quando o jogador atinge dígitos duplos em dois fundamentos diferentes).

Com suas performances assustadoras (no total da temporada ele tem 28,2 pontos, 11 rebotes e 53,8% nos arremessos, números incríveis), Davis tem colocado todo o seu arsenal à disposição da equipe para alucinar seus marcadores e deixar totalmente sem ação as defesas adversárias. E gerar vitórias com isso, o mais importante. Quem se aproxima ele corta. Quem dá espaço, ele chuta. Quando dobram a marcação, ele quica a bola, retorna pra um posicionamento diferente e mata muitas vezes no jogo de costas pra cesta (post-up).

Davis é um jogador completo e que consegue maltratar seus oponentes com as mais diferentes armas em um jogo plástico, eficiente e agressivo. O New Orleans precisa que ele carregue o time nas costas e a consequência disso são seus números. Dá gosto vê-lo atuar cada vez mais.

Até pouco tempo atrás muita gente dizia que era (e eu acho que continua sendo) um desperdício ter Anthony Davis no New Orleans Pelicans, uma franquia que tem quinta pior média de público da NBA (16,2 mil pessoas por jogo e 94% de ocupação em seu ginásio) e que é de um mercado reconhecidamente pequeno dos Estados Unidos.

Com um talento acima da média, o Monocelha merece um time melhor e capaz de fazer com que ele avance até as finais de conferência e também da NBA (algo inimaginável em Nova Orleans). Com o que tem jogado este mês a pergunta sobre quão impactante ele seria em um time que briga pelo título da liga se acentua, ganha força e faz torcedores de franquias maiores (Boston, Lakers etc.) sonharem com o cara dia sim, outro também. Isso, certamente, aumentará mais a medida em que seus números e suas performances se tornarem ainda mais completas. Hoje em dia é impossível visualizá-lo continuando a sua carreira após o encerramento de seu contrato em 2019/2020.

Por agora, por agora mesmo, dá pra dizer que em uma NBA de estrelas, grandes estrelas, como LeBron James, Steph Curry, Kevin Durant e James Harden, por exemplo, não há ninguém jogando mais bola no momento que o camisa 23 do New Orleans Pelicans. Sem seu fiel escudeiro, o Monocelha colocou seu time nas costas e vai carregando a equipe pros playoffs do Oeste.

Se isso não é motivo para minimamente colocá-lo na discussão sobre o MVP da temporada, eu não sei mais o que é preciso fazer.