Candidato na eleição da CBB dispara contra FIBA e rechaça força-tarefa: 'Iremos declinar'
Fábio Balassiano
07/02/2017 06h00
Peixoto, de pulso firme, afirma que não assinará nenhuma carta de intenções, como queria a FIBA, autorizando a criação da força-tarefa e que reforçará a sua posição nesta terça-feira, quando seu grupo de trabalho irá se encontrar com Comitê Olímpico Brasileiro e Ministério do Esporte no Rio de Janeiro. "Não concordamos com isso de forma alguma. Iremos declinar. Se a FIBA quiser ajudar a nossa gestão, estamos de braços abertos, mas o restante não podemos concordar". Confira a entrevista com Guy, que disputará a presidência da CBB contra Amarildo Rosa, da Federação Paranense, em pouco mais de 60 dias.
GUY PEIXOTO: Vamos lá. Eu esperava que na reunião me dessem oportunidade para mostrarmos propostas de solução para o basquete brasileiro, mas não foi isso que aconteceu. Os dirigentes da FIBA se resumiram a falar com o Carlos Nunes, cobrando dele ações que sabemos que ele não tomou. Eles acharam que o Nunes, depois da suspensão de novembro do ano passado, faria um plano de ação para reverter a situação, mas o presidente da CBB dizia o tempo inteiro que estava esperando as soluções da Federação Internacional. É tudo tão difícil quando o assunto é a CBB que a gente não tem conhecimento exato se a dívida é de 10, 15, 20, 30 ou 50 milhões. Ninguém sabe exatamente o tamanho do rombo, mas queria deixar claro que nós temos uma proposta para revertermos o panorama. Principalmente de dinheiro. Levamos tudo pra lá, em inglês e espanhol, mas não conseguimos apresentá-lo. Foi frustrante. Fiquei bastante chateado. Estava no Brasil, peguei um voo, levei dois companheiros de equipe para uma reunião de uma tarde e não tive oportunidade de falar sobre meu plano para reestruturar a entidade. Uma decepção imensa.
GUY: Vou ser transparente com você, Fábio. O senhor Muratore foi muito cordial, muito solícito, bem gentil mesmo, e disse que compromissos foram assumidos e não cumpridos. Disse a ele que nunca tive nada a ver com essa gestão. Ao meu ver o erro é que eles (FIBA) colocaram em um grupo só a administração atual e os querem fazer a mudança, o nosso caso. Colocou todos no mesmo lado da moeda. Chegaram a falar coisas até pesadas. Deixei claro ao senhor Muratore que são linhas diferentes. Temos propostas, ideias e apoio da comunidade do basquete.
BNC: De longe eu tinha feito uma análise que a FIBA tentou, sem sucesso, implantar a força-tarefa no Brasil, mas não deu muito certo. É por aí mesmo?
GUY: Olha, o que eu entendi ali é que o senhor Jose Luiz Saez, o enviado pela FIBA para verificar a situação da CBB recentemente, queria fazer a força-tarefa via Comitê Olímpico Brasileiro e Ministério do Esporte, tal qual aconteceu no Japão e no México. Para eles da FIBA, na minha concepção, a solução seria esta. Tanto que depois eles apresentaram um documento para garantir a força-tarefa já agora. Em minha opinião, um pouco fora de propósito.
GUY: Bala, a eleição já está marcada. Somos independentes, é algo novo no meio do basquete, mas é a nossa postura. Não vamos seguir o comboio. Mandaram documento para todos assinarem clamando por uma força-tarefa antes da eleição. Não concordamos com isso, não dava pra assinar o documento. Nesta terça-feira há uma reunião no Comitê Olímpico, nossa equipe estará presente e iremos declinar disso novamente. Força-tarefa depois da eleição a gente também não concorda. Se a FIBA quiser fazer uma parceria para nos ajudar, estamos à disposição. Mas, caso vençamos a eleição, a gestão será de todo grupo formado pela chapa Transparência. Coloco uma mesa na CBB para que eles acompanhem a nossa administração sem problema algum. Se eles quiserem acompanhar, que fiquem à vontade, mas a responsabilidade será de quem for eleito. Tão simples quanto isso. Que fique claro: COB, Ministério, Liga Nacional e todos os demais são nossos parceiros. Mas a CBB precisa sair sozinha de onde se encontra.
GUY: Você tem razão. Eu pensei muito antes de aceitar o desafio de me candidatar a presidência da CBB. Volto a falar. Não é o Guy Peixoto que vai resolver a situação da CBB. O que acontece é que nós formamos um grupo. É uma equipe. Assim se vence no basquete na quadra. Assim se vence fora dela. Nós montamos um grupo, uma equipe que vai trabalhar pelo basquete brasileiro. Eu apenas vou capitanear essa turma. É óbvio que a palavra final será minha, como funciona nas minhas empresas. Outro dia aliás eu fiz um comparativo. Hoje tenho 17, 18 unidades. É igual a Federação, não é? No final das contas a decisão é minha. Tudo o que tenho na vida veio do basquete. Aprendi muito, muito mesmo. Hierarquia, trabalho em equipe, liderança, raciocínio rápido. Hoje eu posso fazer o inverso. Transformar o basquete com o que aprendi no mundo empresarial. E de forma profissional, Bala. Tem que ser profissional. Não só dinheiro, mas qualidade, transparência, gestão.
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